Capítulo 3 ❁ Há Uma Luz que Nunca Se Apaga

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Capítulo revisado em 19/03/2024.

#BlueDay 💙

☾ Me leve para sair esta noite, porque eu quero ver pessoas e eu quero ver luzes sendo levado no seu carro. Oh, por favor, não me deixe em casa. Porque não é a minha casa, é a casa deles, e eu não sou mais bem-vindo. ☽

― "There Is A Light That Never Goes Out", The Smiths

Há inúmeras maneiras de tornar-se solitário neste mundo; na maioria delas, você nem precisa se esforçar muito, o Universo faz todo o trabalho por você, mas não deixa de ser desagradável.

Uma dessas maneiras é se manter isolado e escolher não ter amigos, uma escolha corajosa na visão de alguns, covarde na de outros. Eu, particularmente, não sabia qual dos dois era já que, num passado bem distante, acreditava não ser capaz de fazer amigos e também quase escolhi não o fazer.

Mas Kim Namjoon quando eu ainda era uma criança insuportável, hiperativa e que não conseguia calar a boca um só segundo. Ele era três anos mais velho do que eu, já estava terminando o Ensino Fundamental, era extremamente inteligente ― o mais inteligente de sua classe ― e só andava com os alunos mais legais, inclusive com alguns do Ensino Médio.

Não entendi muito bem quando ele se aproximou de mim, um dia antes das férias de verão, e disse:

― Olá!

Ele tinha um sorriso com covinhas profundas e, mesmo que eu fosse muito chato e quisesse ignorá-lo, aquela sua característica peculiar me chamou a atenção. Namjoon parecia alguém morno, convidativo e a pessoa certa para se procurar caso quisesse se sentir reconfortado por alguma coisa boba que o chateou.

― Oi ― foi tudo o que eu consegui dizer de volta.

― Não sei se você percebeu, ― continuou, semicerrando os olhos fortemente, enquanto continuava a sorrir e coçou sua nuca, num gesto tímido ― mas somos vizinhos.

― É ― respondi, franzindo as sobrancelhas em desconfiança ― A gente vem para a escola praticamente juntos.

Talvez eu não fosse muito receptivo com as pessoas, mas Joonie realmente agiu estranho na primeira vez em que nos falamos, já que íamos para a escola todos os dias no mesmo horário, a pé, com o único detalhe de que cada um ficava num lado diferente da calçada e, ainda por cima, nunca havíamos morado em outro lugar.

Éramos vizinhos até mesmo antes de eu nascer.

Mas, de qualquer modo, aquele foi o primeiro passo que decidi tomar para não me tornar solitário, ou não deixar que o Universo o fizesse, porque os dias vazios que eu passava em minha própria casa me assustavam demais e eu não queria continuar com aquela rotina. Os meninos da minha idade, que brincavam comigo de vez em quando, eram pessoas vagas demais e eu já tinha me auto-alertado de que eles não estariam sempre ao meu lado quando precisasse.

Eu sentia a necessidade de ter alguém.

E Namjoon aceitou ser essa pessoa.

Por um ano inteiro, fomos só eu e ele. Todos os dias, depois da aula, eu almoçava rapidamente sem me preocupar muito em comer coisas saudáveis e mastigar devagar para não dificultar a digestão, porque logo corria para sua casa ― a residência ao lado direito da minha ― para passar mais uma tarde acompanhado por ele, jogando seus jogos de vídeo game, enquanto ele estudava e me deixava à vontade.

Dezessete Mil Sentidos para Park Jimin [jikook]Onde histórias criam vida. Descubra agora