Capítulo 13 ❁ Paciência

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Capítulo revisado em 23/09/2024.

#BlueDay 💙

❁  

☾ Derramei uma lágrima, porque sinto sua falta, ainda me sinto bem o suficiente para sorrir. Eu penso em você todo dia agora. Houve um tempo em que eu não tinha certeza, mas você acalmou a minha mente. Não há dúvida de que você está no meu coração agora. [...] Tudo que precisamos é apenas de um pouco de paciência. ☽

— "Patience", Guns N' Roses

Eu gosto muito de observar o céu.

Minha mãe sempre dizia que era uma coisa que nunca parei de fazer mesmo quando me tornei uma criança grandinha, mas ela também não sabia o motivo. Ela nunca esqueceu dele, depois que contei: eu amava as mudanças de cores do céu, eram sempre agradáveis para os meus olhos, não eram fortes e ele nunca ficava vermelho.

Vermelho não era uma cor agradável, porque eu nunca o tinha visto em acontecimentos que me fizessem sorrir, nem mesmo na escola. Até mesmo nas ruas, ele sempre aparecia como um sinal claro de que uma pessoa deveria parar imediatamente, funcionava como um sinal de alerta ou de perigo também. Nenhuma dessas coisas eram boas.

Além disso, vermelho era forte demais, sempre me dava dor de cabeça, e nada ficava divertido e calmo quando eu tinha dor de cabeça. Dores de cabeça me deixavam de mau humor e irritado, quieto a ponto de minha mãe ficar impaciente comigo e me deixar ainda pior por saber que eu era o motivo de sua impaciência. Não era minha intenção deixá-la impaciente e eu sabia que também não era intenção dela ficar assim, mas acontecia, porque nossos sentimentos estão fora do nosso controle às vezes. Sohyun havia me explicado isso uma vez.

Mas não era só a cor vermelha que me deixava mal humorado, haviam várias outras coisas que tinham o mesmo efeito, como música alta tocando quando eu só queria o silêncio, ou o silêncio me perturbando quando eu estava precisando muito de música. As cores fortes da TV depois de muito tempo assistindo alguma coisa. Em alguns dias, tudo parecia demais para mim, até mesmo o simples barulho de algo batendo no vidro era o suficiente para me fazer gritar, caso estivesse sobrecarregado por estresse por muitos dias seguidos.

— Tudo bem, olhe aqui para mim — mamãe dizia, chacoalhando as mãos rapidamente para grudar minha atenção nela, segurando o Livro de Reações em sua mãos e o erguendo. — Eu vou virando as páginas e você me pede para parar quando chegar na que você se identifica agora, como ensinei quando você era pequeno, pode ser?

Isso foi em um dos dias em que meu estresse estava bem aparente, mas minha mãe nunca soube como lidar com eles. Eu não culpava ela, sentia pena muitas vezes, porque deveria ser bem horrível ter que lidar com alguém estranho como eu.

— M-Mãe, eu não te-tenho mais cinco a-anos... — Resmunguei — Já te-tenho quin-ze.

Eu a frustrava muito e me sentia mal por isso, mas não era culpa minha também.

— Você precisa me ajudar a te ajudar, Jimin — ela disse, suspirando e deixando o livro de lado. — Eu não sei o que você espera de mim. Estou tentando, de verdade.

Quando eu tinha sete anos de idade, foi quando descobri que eu era diferente. Meus colegas de classe da escola antiga não gostavam de mim por alguma razão, mas eu nunca perguntei para eles o motivo, não acho que teriam me dito. Para falar a verdade, eu não ligava muito para eles, mas ficou impossível de ignorá-los depois que me empurraram durante o intervalo e eu cortei minha mão quando apoiei no chão antes de cair, doeu muito. Sentir dor não é bom, arde muito, como se fosse fogo em contato com a pele — e, antes que pergunte, sim, eu já me queimei uma vez para afirmar essa comparação; eu estava tentando fazer macarrão instantâneo, em um dia que passei sozinho em casa — e foi quando eu tive uma das primeiras crises mais assustadoras de todas.

Dezessete Mil Sentidos para Park Jimin [jikook]Onde histórias criam vida. Descubra agora