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Antes, o plano do dia dos namorados parecia bom demais para ser verdade. Agora, não dava para acreditar o quão ruim estava. Não tinha como, gente.

O trânsito na avenida principal não se movia um centímetro e o engarrafamento era tão quilométrico que Téo apostava que estava rolando Premonição 2 mais à frente. A bunda dele já doía de tanto esperar nos bancos daquele fusca roxo. O fusca era de Melodee, sua melhor amiga ao volante. O carro era todo hipsterzinho, tinha certo estilo com aquele tom de roxo e chamava atenção por onde passava. Um ícone da cidade. Mas andava feito uma lesma com bursite, não tinha ar-condicionado e era apertado demais para quatro pessoas.

— Será que não é mais rápido se a gente descer do fusca e ir a pé? — disse Arthur.

Era a quinta vez que ele perguntava e, quanto mais Arthur era ignorado pelos outros três, mais agoniado ficava.

— Eu sou a favor de você descer e voltar pra casa — Victória disse, já bufando no banco de trás, olhando os demais carros travados na pista.

— Ai, para, eu tô tentando muito ficar quieto aqui — ele se defendeu.

— Não tá conseguindo — Téo respondeu, também emburrado, sentado ao lado de Vic.

— Nossa, eu tô atrapalhando a viagem das madames?

Sim — Os três disseram em uníssono, inclusive Melodee, que não havia dito um a desde que entraram nesse engarrafamento que já durava 84 anos.

Arthur, no banco da frente ao lado do volante, cruzou os braços e fechou a cara.

Incrível como eles saíram de casa cheios de esperança no coração e chegaram nesse estado de mau humor tão rápido. O engarrafamento sugava as energias deles como um dementador, e as crianças interiores de cada um já eram idosas àquela altura do campeonato.

Os quatro e o fuscaOnde histórias criam vida. Descubra agora