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— Puta merda — Victória disse no banco de trás — Desculpa.

Ela ainda tentava maneirar nos palavrões. Estava voltando para a igreja aos pouquinhos e queria evitar. Não que achasse algo demais, alguns palavrões eram até necessários, mas estava numa fase de evitar conflitos também. Agora mesmo queria enforcar Mel por arrastar o grupo até aquele lugar de sofrimento. Faria isso? Não faria. Também queria dar uns tapas em Arthur por não saber calar a boca. Isso talvez ela faria se ele abusasse demais. Até Téo, seu namorado, estava deixando Victória meio irritada, sendo que ele só estava respirando. Mas, ai, gente, respirando muito alto. Estava abafado, caramba. Aí essa chuva agora.

— Ei — Téo disse ao lado dela.

Ele segurou a mão dela e a olhou nos olhos.

— Eu te amo — Ele disse.

— Ai, Téo, que mão suada — Ela respondeu e soltou a mão — Eu também te amo, mas chega pra lá. Gente, que calor. Por que você tá respirando tanto?

***

É... Téo sabia que Victória não funcionava do mesmo jeito que Mel e Arthur. Estavam espremidos nos bancos pequenos, fazia calor, chovia lá fora e nada do carro andar, era óbvio que a namorada estaria putaça. Ele quis imitar o casal da frente, mas deu de cara na porta. Ainda assim, ficou olhando para Vic. Ela nem era gente, era anjo. Hoje ela estava especialmente linda para a noite que tinha planejado, mas Téo sabia que não adiantava nada elogiar. Ela rebatia tudo. Ia dizer que o cabelo era o de sempre, que comprou o vestido numa liquidação, que não deu tempo de fazer a make que queria e sei lá mais o quê. Mesmo assim, estava linda. Se não adiantava ele falar, pelo menos podia pensar. Era uma lindeza que tinha que ser notada e registrada.

— Você quer que eu pare de respirar? — Ele perguntou.

— Quero — Vic disse na lata, sem nem olhar pra ele.

Téo inspirou fundo e segurou o ar. Ficou dez segundos prendendo a respiração de boas, mas quando passou disso começou a bater na mão dela.

— Jesus, Téo, você está mesmo sem respirar??? — Ela revirou os olhos — Pode respirar, desgraça.

— Ufa — Ele disse soltando o ar, aliviado.

— Você é tão idiota — Ela disse, mas estava rindo — Eu te amo, mesmo desse jeito — E segurou a mão suada dele.

Os quatro e o fuscaOnde histórias criam vida. Descubra agora