IV - Planejamento

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Baekhyun estava sentado no sofá, acariciando a barriga de sete meses enquanto Luhan fazia uma vistoria nos pintores do quarto.

— Aquele cara é muito gostoso, peguei o número dele. — disse rindo e sentando ao lado do amigo.

— Quando você não pega o número de alguém, Hannie? Nunca né. Até do Sehun você já deu em cima.

— Ele é gostoso, vamos ser sinceros. Mas ele sempre foi apaixonadinho por você, tanto quanto Chanyeol... Falando nisso, já conseguiu falar com ele?

— Não, nem tento mais. Eu já disse pra você que Jiwon é meu filho. Está tudo bem. Eu consegui adiantar as provas da faculdade, não vou poder participar da cerimônia de graduação, mas vou me formar e isso é o que importa.

— Você. Tem razão. O importante é dar boas condições pra esse bebê, que sem emprego agora vai ser difícil né...

— Eu tenho aquele dinheiro guardado e você vai me ajudar. — sorriu fofamente.

— Vai nessa... agora mudando de pau pra cacete. Você já conversou com o Kyungsoo? Ele anda meio afastado de todos nós.

— Todos não. Ele está com o Sehun.

— Está... tipo namorado?

— Não, acho que namorando não, mas ele bem que gostaria, acho que Kyungsoo sempre gostou do Sehun, mas me dói mesmo é ele não estar falando com a gente para ficar com o Sehun, me importo mais com isso do que ele namorar o meu ex-noivo.

— É foda né. Mas as coisas vão se ajeitando.

— Espero que sim.

Os dois ficaram um tempo em silêncio, Baekhyun apenas continuou as carícias na própria barriga, sentindo Jiwon mexer lá dentro.

— O quarto está pronto. — disse o rapaz alto, saindo com a sua mala de ferramentas.

— Obrigado, senhor gostoso. Eu vou te ligar, hein. — Luhan disse rindo, fazendo Baekhyun abaixar a cabeça e negar com o constrangimento do pintor.

— Você não tem limites.

{•••}

Depois que Luhan foi embora e todo o barulho na pequena casa parou, Baekhyun foi até a geladeira, vendo uma das cervejas do melhor amigo e pensando em pegar uma, uma só, não parecia fazer mal algum ao bebê em sua barriga.

Mas suspirou e pegando um apenas um pouco de suco, sentando no sofá e olhando para o teto.

Tinha planejado tudo, toda a sua vida. E claro, envolvia ter filhos algum dia, mas não naquele momento, não daquela forma.

E se, por alguma casualidade, namorasse e engravidasse de Chanyeol, imaginava os dois deitados juntos, com o grandão acariciando a sua barriga e fazendo brincadeiras de como o bebê teria orelhas grandes e lábios desenhados e rosados.

Se imaginou escolhendo o nome do bebê com ele e fazendo planos para uma casa e um cachorro talvez, mas nada o preparava para isso, estar sozinho em uma casa minúscula e fria, deixando tudo de lado para esperar aquele bebê.

Aquela era uma prova que a vida nunca aceita ser planejada.

O pequeno pegou o celular e digitou o número tão conhecido por si, que ao contrário do que disse a Luhan, ligava todos os dias.

— Deixe sua mensagem após o sinal...

— Oi, Channie... eu acho que você já mudou de número, mas eu simplesmente não tenho com quem conversar... eu sinto sua falta. O Jiwon cresce a cada dia mais e eu estou ficando com medo. Enquanto ele está na minha barriga parece que tudo vai ficar bem, mas eu não sei se vai ficar, você sabe que minha mãe não vai me ajudar, na verdade, eu nem procurei por ela, mas de qualquer forma, eu não sei como as coisas vão ser e eu não queria que você tivesse ido embora... Te amo, beijos.

Baekhyun desligou o celular e foi para seu próprio quarto, que ainda tinha um leve cheiro de tinta fresca. Queria ter a chance de dar algo melhor para seu filho, mas aquilo não seria possível.

{•••}

— Luhan... eu acho que ele já vai nascer. — disse Baekhyun, acariciando a sua barriga e sentindo que já estava mais rígida, indicando o parto próximo.

— Já quer nascer? O tio vai te ensinar tanta coisa ruim. — disse dando uns beijos na barriga de Baekhyun — Eu espero que não nasça fim de semana e atrapalhe a curtição do titio, nasce na manhã de segunda para eu não ir para o trabalho. — disse fazendo Baekhyun rir.

— O Kyungsoo veio me ver... mas eu acho que ele não está pronto...

— Pronto para o quê, Baekhyun? Ele que quer ficar com o seu marido depois de um casamento cancelado, que deixou de ser nosso amigo por essa besteira e ele que não está preparado? Eu não sei como consegue ser tão paciente.

— É complicado, Luhan, eu disse que ele já amava o Sehun.

— Eu não tenho paciência para isso, vou sair com aquele gato que conheci na semana passada, qualquer coisa me chama, eu te amo. — Luhan deu um beijo na testa do melhor amigo e saiu da casa deste.

{•••}

Baekhyun acordou no meio daquela madrugada quente, sentindo as dores fortes do parto. A primeira coisa que passou foi ligar para Luhan desesperadamente e depois de cinco ligações perdidas finalmente desistiu e ligou para a ambulância, que não demorou a chegar em sua casa, graças ao plano de saúde caro que resolveu manter.

Ver o nascimento de Jiwon foi a coisa mais linda de toda a sua existência, poderia dizer.

O chorinho fino e os braços e pernas se movendo de um lado para o outro depois que recebeu o tapinha em sua bunda.

Esta era, com toda a certeza, a coisa mais linda do mundo.

Depois de estar no quarto, olhar o sol começar a nascer pela janela e ver seu bebê dormindo em seu colo, Baekhyun se permitiu chorar, estava sozinho ali. Não tinha ninguém que compartilhasse a alegria consigo, não tinha ninguém que cuidasse de si e lhe ajudasse com o bebê, mesmo que Luhan cuidasse de si às vezes e tentasse estar sempre presente, ele ainda tinha uma vida e o Byun não tinha o direito de atrapalhar como fez com a própria.

Estava sozinho. 

InevitávelOnde histórias criam vida. Descubra agora