Inevitável

V - Sua Volta

Chanyeol respirou fundo e bateu na porta do apartamento de Baekhyun. Havia voltado para Seul fazia apenas alguns dias, precisou do tempo que passou em Ilsan para pensar, com certeza já não era a mesma pessoa de um ano atrás que saiu de Seul. Mas apesar de tudo, não conseguia esconder a saudade que estava, por isso assim que chegou pediu o endereço de Baekhyun para Kyungsoo, já que o porteiro do prédio de seu irmão disse que Sehun não morava mais lá.

O restante dos dias que passou na cidade, tendo o endereço em mãos, e não chegou a ir até a casa do melhor amigo, foram os dias que precisou de coragem. Dizem que amizades verdadeiras nunca são abaladas pela distância e o tempo que os indivíduos não conversaram, mas aquilo valia para eles que haviam transado antes do casamento do Byun com seu irmão mais novo?

Chanyeol quase esqueceu como se respirava quando a porta foi aberta por um Byun completamente descabelado e ainda bocejando, estava no meio da tarde, ele não estava mais trabalhando ou fazendo faculdade?

— Oi. — o Park cumprimentou sem jeito, coçando a nuca.

— C-Chanyeol... — a surpresa estava estampada em olhos arregalados e a boca entreaberta — Quando você chegou?

— Faz alguns dias, eu estava morrendo de saudade de você. — não esperou que o pequeno tivesse uma reação para abraçar o corpo miúdo e dar vários beijinhos nas bochechas rosadas, já não tão cheinhas como antigamente. — Você está tão diferente...

— Claro, e-eu também estava, só não estava esperando ver você. — sorriu — entra... Bom, muitas coisas aconteceram desde que você se foi...

Chanyeol entrou no pequeno apartamento, olhando tudo em volta sem entender porque ele morava em um apartamento tão pequeno agora que estava casado, não fazia sentido algum.

— Por que vocês se mudaram para um apartamento tão pequeno depois de casados? Isso não faz muito sentido. — sorriu.

— Pelo jeito você não conversou nem com o Sehun durante esse tempo. Nós não nos casamos, Chanyeol.

Antes que o Park pudesse perguntar o porquê, um chorinho alto foi ouvido, Baekhyun fez uma leve careta antes de seguir até o quarto, pegando o bebê no colo e o balançando um pouco para que ficasse mais calmo.

— Chanyeol, este é o Jiwon. — disse dando beijinhos no pequeno garoto — você está com fome, filho? — perguntou retoricamente para o bebê, sentando na pequena poltrona que havia no quarto e afastando a blusa para que o bebê encontrasse seu mamilo.

E o bebê logo o fez, colocando a mãozinha fofa no peito do pai e sugando com força, o pequeno já tinha três meses e mesmo assim Baekhyun adorava ficar olhando para aquela cena e morrendo de fofura.

— Não sabia que eu era tio, acho que fiz mal em não ter avisado que estava com outro número... — disse sem jeito, não tinha muito o que comentar naquele momento.

— Você não é, Channie. É por causa do Jiwon que eu não casei com o Sehun.

O clima ficou estranho naquele quarto, eram ouvidas apenas as respirações altas e as sugadas de Jiwon no peito do Byun mais velho.

Realmente, nada parecia ter mudado entre eles, mas os dois haviam mudado. Baekhyun agora era um pai responsável, tinha sua vida pessoal e não agia feito criança como antes. Chanyeol parecia fofo ainda, mas a jaqueta de couro e a tatuagem em seu dedo, mostrando que ele não era mais aquele mesmo menino.

— Mas então... — Chanyeol começou a falar, mas logo foi interrompido.

— Quem é o bebê do tio? — Luhan gritou da sala, indo cheio de sacolas até o único quarto da casa, vendo Chanyeol e Baekhyun ali — Não sabia que o Yoda tinha voltado para cidade. — falou com indiferença — Agora que toda a merda aconteceu você resolve dar as caras? Muito gentil da sua parte.

— Luhan, o Chanyeol não sabia sobre o casamento e não sabe nada do que aconteceu nesse último ano.

— Nada? — Luhan perguntou fazendo uma careta e suspirou. — Que merda hein, Yoda. Deixa eu conversar com meu filho, depois você volta. — disse empurrando Chanyeol para fora do quarto.

Baekhyun suspirou, trocando o bebê de peito e fazendo carinho nas bochechas fofas.

— Porra, Baekhyun, ele vem até aqui e você não conta que ele tem um filho? — xingou baixinho.

— Primeiro que ele acabou de chegar e segundo; que diferença ia fazer na vida dele? Chanyeol passou um ano fora, fazendo sei lá o que. Acha que ele vai se sentir bem se eu disser "olha Chan, eu te liguei quinhentas vezes pra saber se você queria o nosso filho, gostaria de ir nas consultas do pré-natal e tudo mais, você não retornou, mas toma aqui um bebê..." fala sério Luhan, ele não está nem aí para esse bebê. Eu estou e prefiro ficar em silêncio, fiz com o dedo e pronto.

— Até parece que ele não ia reconhecer o tamanho das orelhas dessa criança. Se eu soubesse que ia vir ficar assistindo essa palhaçada eu tinha saído com o Lay e o Kris que ganhava mais.

— Vai lá, Luhan, qualquer coisa eu te chamo. — disse levantando da poltrona e trocando a fralda do bebê.

— Quer saber? Eu vou mesmo. Qualquer coisa me liga. Eu trouxe comida, não esquece de comer. — disse dando um beijo na testa do Byun e saindo.

Quando Baekhyun saiu do quarto, Chanyeol estava na sacada do apartamento, tragando seu cigarro lentamente.

— Não sabia que fumava. — o Byun disse, sentando no sofá com seu bebê no colo.

— Comecei em Ilsan, foi mais forte que eu, precisa descontar minhas frustrações em alguma coisa.

— Entendo, eu teria feito isso com a bebida, porém, outra pessoa se machucaria com isso. — disse dando vários beijinhos no neném.

— Você o ama tanto. — sorriu — Quem é o pai dele, Baekhyun?

— Eu! — disse como se fosse óbvio.

— Você entendeu o que eu quis dizer, se não é o Sehun, quem é?

— Eu não quero falar disso, foi algo que me deixou triste por muito tempo e sinceramente eu não quero tocar no assunto, eu passei por tudo sozinho, senti tudo sozinho, então eu vou criar ele sozinho. — disse sentindo os olhos marejados, Chanyeol sempre foi seu porto seguro, um lugar bom para desabar e seu corpo parecia saber bem disso quando sentia a necessidade de se livrar de toda aquela dor acumulada.

— Mas agora eu estou aqui, Baekkie. — disse largando o cigarro e indo em direção ao sofá, sentando ao lado do Byun — Você não precisa fazer nada sozinho.

— Não é tão simples Chanyeol, é uma outra pessoa. Você não precisa fazer isso por mim, eu já estraguei nossa amizade demais.

— É meu dever fazer isso por ele. — disse fazendo carinho nas orelhas do bebê, fazendo uma lágrima escorrer dos olhos de Baekhyun, que apenas concordou com a cabeça.

{...}

Já eram quase nove horas quando Sehun chegou à casa de Kyungsoo, tirando o paletó e o jogando sobre o sofá, indo direto para a cozinha, de onde vinha um cheiro gostoso.

— Hm, está fazendo minha comida favorita. — disse abraçando o melhor amigo por trás, fazendo Kyungsoo sorrir.

— Estou sim, eu sempre faço tudo por você, mas hoje tem um motivo... você sabe que seu irmão está de volta? Ele vai visitar o Baekhyun e eles tem um filho, Sehun, não quero que fique chateado se...

— Eu ver eles juntos agora?

— Isso. — disse desligando o fogo — o Jantar está pronto, Hunnie, vamos comer.

Kyungsoo tentou se desvencilhar do abraço empurrando Sehun com a bunda, fazendo o mais alto sorrir e virou entre os braços forte, abraçando o corpo do Oh.

Sehun passou as mãos pela cintura do baixinho em uma leve carícia, fazia algumas semanas que o Oh havia notado os sentimentos de Kyungsoo e já fazia um ano que eles estava praticamente vivendo juntos, as mãos do mais novo desceram lentamente, fazendo Kyungsoo o olhar nos olhos e entreabrir os lábios.

Aquele tipo de abraço sempre foi normal entre os dois, mas não aqueles toques, parecia que algo não estava normal naquele dia, não quando os lábios chegaram mais perto e finalmente se tocaram, dando forma a um beijo que começou com selos e seguiu com uma paixão escondida, sendo longo e apaixonado, fazendo os dois se perderem naquele sentimento.