Asfixia

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Falta pouco para o intercâmbio acabar e eu voltar para o Brasil. No tempo que eu passei (e ainda passo) nesse país, eu conversei muito pouco, e eu sinto falta disso. Eu sinto falta de pessoas, do toque, das conversas, do se importar... As pessoas aqui são frias e realmente não se importam com você. Não fazem a mínima questão de saber quem é você ou de te enturmar. Sou uma pessoa muito sociável e comunicativa, e a falta de contato humano tem me deprimido muito desde que eu cheguei aqui.

Eu costumo passar o dia no quarto, acessando a internet. O que tem me ajudado são meus amigos virtuais, que eu converso por voz quase o dia todo. Tem sido esse contato sintético que têm me mantido são, pois se não fosse por isso eu teria tido outra crise depressiva profunda, como já tive em diversas ocasiões, como  a morte do meu avô em 2016. Conheci um rapaz aqui e ele falou que, por mais que seja nativo daqui, sente que as pessoas são muito frias, o que também o coloca para baixo.

Aqui eu me sinto como se estivesse sem ar a todo momento, não sei explicar a sensação ao certo. Eu percebi que tenho estado mais triste e calado. Estou desde fevereiro sem conversas como as que eu possuo com meus amigos. Sim, eu conheci outros brasileiros aqui, inclusive moro com dois e fiz duas amigas da universidade, mas ainda assim sinto que não somos tão próximos. Eu sinto falta de ficar deitado na rede, enquanto converso com meus amigos sobre os mais variados assuntos. 

Um amigo meu do Brasil mudou-se para cá e veio me visitar. Quando ele me abraçou, desabei de chorar no ombro dele. Ele nada falou, apenas me abraçou mais até eu parar de chorar. Acho que minha carência afetiva estava tão explícita que nem precisei falar nada para ele entender o que estava acontecendo.

DesilusãoOnde histórias criam vida. Descubra agora