A adorável babá

Capítulo 6

A sala da mansão era bastante ampla, decorada com sofás e cadeiras confortáveis, além de ter uma luxuosa mobília.
Ao seguir Alex e Michelle até lá, Rebecca foi apresentada a um rapaz que parecia ter mais ou menos sua idade e a irmã dele, que aparentava ter 17 ou 18 anos.

Michelle: Estes são Thiago e Anna Ford! São primos de Alex, e costumam passar as férias conosco.

Thiago lançou um olhar de interesse para Rebecca, mas a irmã dele só parecia ter olhos para Alex. Rebecca sentiu-se solidária com ela.

Sorrindo para Alex com ar sonhador Anna fez questão de dizer:

Anna: Somos primos bem distantes! Alex, se alguém não cavalgar em Morgana logo ela acabará tendo problemas. Posso fazer um passeio com ela, se quiser.

Alex: Obrigado, mas não será necessário, Rebecca já concordou em exercitá-la para mim!

Anna fuzilou Rebecca com o olhar. Porém, a moça abaixou a vista logo em seguida.

Anna: É mesmo?

Disse ela, voltando a olhar para Rebecca.

Anna: Espero que seja uma boa amazonas, Morgana costuma ser um pouco temperamental!

Rebecca: Consigo montar razoavelmente bem!

Admitiu Rebecca notando que Michelle havia franzindo o cenho.

Michelle: Foi você quem se ofereceu para cavalga-la?

Alex: Não! Fui eu quem convidou.

Alex respondeu por Rebecca.

O poder da personalidade de Alex era tão intenso que ninguém se atreveu a contestá-lo.
Felizmente, a campainha tocou nesse momento, anunciando a chegada de outros vizinhos.
Durante o jantar, Rebecca sentou-se ao lado de Alex.
Em qualquer outra ocasião, ela adoraria chance de sentar-se próxima de um homem tão atraente quanto ele, mas como olhar de Anna fuzilando-a a todo instante a oportunidade não pareceu muito agradável.
Conversaram sobre os últimos eventos ocorridos na cidade, políticas, livros, filmes, e sobre alguns outros assuntos interessantes.
Entretanto, pior do que a fúria de Anna era flagrar Alex a observá-la sempre que seus olhares se encontravam.
O brilho daqueles olhos castanhos sugeria um ar de novidade, Como se a presença dela parecesse haver mudado a rotina dele de alguma maneira. Rebecca sabia que Alex deveria estar acostumado a lidar com mulheres mais sofisticadas do que ela, por isso aquela expressão a deixou intrigada.
Ao término do jantar, Michelle chamou a governanta e a cozinheira e fez vários elogios as duas. A mãe de Alex era uma excelente anfitriã, sempre providenciando para que todos ficassem satisfeitos e à vontade.
Todavia, Rebecca também não deixou de notar que toda aquela amabilidade inicial que Michelle teve com ela havia desaparecido por algum motivo.
Enquanto todos estavam tomando café, na sala, um dos convidados dirigiu-se a Rebecca.

Desconhecido: Espero que tenha aquele rottweiler da senhora Firths sob controle!

Ciente do olhar de Alex sobre si, ela respondeu:

Rebecca: Sempre que eu sair com ele, usarei a coleira para mante-lo próximo.
E à noite, ele dorme dentro da garagem.

Desconhecido: De qualquer maneira, mantenha-o longe das minhas ovelhas.

Avisou o homem de meia-idade.

Rebecca: Não se preocupe!

Garantiu a Rebecca.

Rebecca: Ele é obediente.

Sentada no braço da poltrona do irmão, para ter a chance de mostrar as pernas, Anna interveio:

Anna: Por acaso vocês leram no jornal, ha alguns dias, que os rottweiler são os cães mais perigosos do mundo?

Rebecca: Para os veterinários! Seguidos de perto pelos border collie e pelos chihuahua que parecia muito dócil. Mas Jason é inteligente e não traiçoeiro.

Falaram sobre cães durante mais alguns minutos e a conversa acabou se desviando para preocupação com os rebanhos de ovelhas. Rebecca ouviu em silêncio, entendendo o receio dos criadores.
Um outro vizinho falou:

Desconhecido 2: A melhor maneira de manter um cão longe das ovelhas é treiná-lo como pastor!

Ele olhou para Rebecca.

Desconhecido 2: Talvez devesse fazer isso com rottweiler.

Rebecca: Eles são criados como cães de guarda!

Lembrou ela.

Rebecca: Não acho que...

Alex: Você disse que ele é inteligente!

Afirmou Alex em tom casual.

Rebecca: Sim! Talvez eu consiga algo...

Michelle sorriu.

Michelle: Espero que dê tudo certo.

Ao se levantar do sofá para colocar a xícara sobre uma mesinha, Rebecca deu-se conta de que o alfinete que estava prendendo o seu sutiã a alça do vestido, para que ele não aparecesse havia se desprendido de alguma maneira.
Embaraçada esperou até que a anfitriã  estivesse em um local mais reservado e explicou o problema.

Michelle: Oh, querida, que desagradável!

Lamentou Michelle.

Michelle: Há um quarto de vestir no final do corredor. Venha, vou lhe mostrar onde fica.

Apesar de pequeno, o aposento era bastante aconchegante. Rebecca se surpreendeu ao ver foto da família pendurada em murais presos à parede.
Havia fotos de Alex em vários estágios: criança, ao lado de um cachorro grande, adolescente, disputando uma partida de beisebol, e já rapaz, montado em um cavalo.
Devagar, Rebecca passou a observar as fotos dos outros membros da família. A visão de algumas delas, porém, atingiu-a como um balde de água fria.
Mostrava uma garota com brilhantes olhos negros e um rosto inconfundível.
Nos estágios seguintes, ela parecia como uma adolescente e por fim como uma mulher adulta.
Rebecca nunca esqueceria aquele rosto, que possui uma leve semelhança com o de Alex.

Michelle: Está e minha enteada, meia-irmã de Alex!
A mãe de Diana morreu quando ela era muito jovem, por isso quando me casei com o pai dela deduzir que Diana não fosse me aceitar.
Só que eu também era muito jovem e não fazia ideia de como uma criança poderia reagir a presença de uma Madrasta. Diana revelou ser tão dócil quanto bonita, e me aceitou sem protestos.
Quando Alex nasceu, um ano depois, ela se apaixonou por ele de imediato, sem demonstrar o mínimo sinal de ciúmes.

Rebecca: Que maravilhoso!

Disse Rebecca, sem muita convicção.

Na verdade, ela já conhecia aquela história.
Milla Francis, a jardineira da senhora Firths, sabia praticamente tudo sobre a vizinhança e não fazia questão de esconder.
Havia contado para Rebecca que Michelle Simons era muito mais nova do que seu marido, e que os dois haviam se separado quando Alex tinha cerca de 5 anos.
Rebecca tentou dizer algo informal, para disfarçar sua tensão, mas o nome Diana continuou ecoando em sua mente, sem lhe dar chance de pensar com clareza.

Michelle: Ela é 10 anos mais velha do que Alex, mas os dois sempre foram muito unidos!
Eu costumava dizer que Diana era a segunda mãe dele.
Os dois ainda se gostam muito.
Sempre que Alex vai para Londres, fica hospedado na casa dela.

Rebecca se esforçou para recuperar um pouco do equilíbrio ao dizer:

Rebecca: Oh, que ótimo! Vou prender a alça novamente.

Michelle olhou através do espelho por um momento, antes de avisar:

Michelle: Há uma caixinha de costura na segunda gaveta da cômoda.

Aflita para ficar sozinha, Rebecca forçou um sorriso ao agradecer, dando graças quando Michelle finalmente se retirou.
Sentando-se na cadeira mais próxima, respirou fundo.
"Oh Deus"...