Capítulo 7

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Após um momento de verdadeiro pânico, levantou-se e abriu a gaveta que a mãe de Alex indicou.
Com gestos automáticos, tirou o vestido e começou a prender a alça do sutiã a do vestido, como alguns pontos.
Pelo menos a tarefa lhe deu tempo para pensar na desagradável coincidência que acabou de descobrir.
Nunca imaginou que algum dia acabaria conhecendo a família de Diana, a mulher com quem seu pai pretendia se casar. Não sabia que o sobrenome dela era Simons.
Dali em diante, não lhe restar ia mesmo nenhuma esperança de se tornar algo além de uma mera vizinha temporária para Alex. Imaginou se deveria contar algo a ele, mas logo descartou ideia.
Não conseguia imaginar a reação que ele teria se ouvisse dizer algo do tipo:

Rebecca: A propósito, sou a mesma pessoa que arrasou a vida amorosa de sua meia-irmã, há 7 anos. Eu era apenas um adolescente e imatura, mas sabia o que estava fazendo.
Peço desculpas e espero que sua irmã não tenha ficado muito magoada...

Não adiantaria tentar se explicar. Felizmente, Diana não costumava visitá-los com frequência. Seria melhor deixar tudo como estava.

Ao voltar para a sala, Rebecca foi logo abordada por Thiago Ford, que ele sorriu com ar de apreciação e confidenciou:

Thiago: Fiquei feliz em conhecê-la! A maioria dos vizinhos de Alex são velhos demais para que eu consiga manter um diálogo interessante com eles.
É de admirar que Alex consiga manter tanta influência em Auckland e em Wellington, com tantas amizades esquisitas.

Rebecca ficou logo entediada com a demonstração de esnobismo do rapaz.

Rebecca: As pessoas do interior são conservadores por natureza!
Elas têm de pensar em termos de anos e de geração, e não de dias ou semanas. Mas a maioria delas são inteligentes e gosta de progresso.

Thiago: Podem até ser tudo isso, mas não são lá muito boas para se conversar. Talvez possamos nos encontrar novamente enquanto eu estiver em Parahai.

Rebecca: Você está de férias ?

Thiago: Não exatamente! Quando meus pais decidiram fazer um safári no Quênia, Anna quis passar as férias aqui.
Como você deve ter notado, ela tem mais do que uma simples admiração por Alex!
Tive que fazer um certo esforço para poder acompanha-la porque minhas aulas ainda não haviam terminado completamente.

Rebecca: O que você está estudando?

Thiago: Administração! Pretendo seguir carreira na empresa do meu pai.

Thiago a olhou de soslaio, como que tentando sugerir a Rebecca quanto era preciso estudar duro para se formar em administração.
Fazendo questão de ignorar tal detalhe, ela perguntou:

Rebecca: Quando você vai se formar?

Thiago: No próximo ano !

Thiago sorriu com um ar confiante, porém Rebecca notou uma certa insegurança por trás da atitude dele.
Ao perceber a aproximação de Anna, deduziu que a presença da irmã tivesse algo a ver com a apreensão de Thiago.
Observando-a com evidente ressentimento, Anna falou:

Anna: Pelo visto, você mudou bastante as coisas aqui pela vizinhança!
Espero que seu cão não acabe levando um tiro.

Rebecca: Ele não é meu! Jason pertence a uma senhora que ficaria bastante ressentida se ele ferisse alguma ovelha.

Anna deu de ombros.

Anna: Garanto que ela não ficaria tão ressentida quanto o dono da ovelha...

O modo como a moça olhou para alguém que se aproximava fez Rebecca deduzir de imediato que se tratava de Alex.

Anna: Eu estava dizendo a Rebecca que cães podem fazer muitos estragos a um rebanho!

Anna disse a ele.

Anna: Mas tenho certeza de que Rebecca acha que estamos exagerando.

Acrescentou ela, apoiando-se no braço de Alex.

Rebecca enrijeceu o maxilar.

Rebecca: Não é bem assim!
Já vi ovelhas serem mortas por cães.

Alex franziu o cenho.

Alex: E como isso aconteceu?

Ao falar, ele deu um passo adiante, desvencilhando-se do contato com Anna. Rebecca não conseguiu deixar de sentir uma breve onda de satisfação ao notar o detalhe.
Porém, disse a si mesma que aquilo não era ciúmes. Como poderia sentir ciúmes de uma adolescente?

Rebecca: Quando eu estava saindo de casa para o trabalho certa manhã, fiquei sabendo que cerca de trinta ovelhas haviam sido atacadas por cães!
Tive que ajudar o dono dos animais a sacrificar aquelas que haviam ficado feridas demais, e quando meu chefe chegou tive que ajuda-lo a tratar das que tinham chance de sobreviver. Não quero ver aquilo acontecer novamente.

Thiago: Parece bastante jovem para ser uma veterinária!

Observou Thiago.

Rebecca: Trabalhei apenas como enfermeira em uma clínica veterinária!

Anna estremeceu.

Anna: Eu nunca conseguiria fazer algo assim! Sei que pode parecer idiotice, mas não consigo me imaginar matando um animal.

Rebecca: Espero que nunca tenha que fazer!

Falou Rebecca, evitando olhar para Alex.

Anna: Fala como se isso não a houvesse afetado nem um pouco!

Apesar de sua impaciência com a arrogância dos dois irmãos, Rebecca forçou um sorriso.

Rebecca: Passei mal depois, portanto aquilo deve ter me afetado de alguma maneira. Mas as vezes temos de encarar a realidade é fazer o que é preciso ser feito. Aposto que você teria feito o mesmo se houvesse estado no meu lugar. Acho que faz parte da natureza humana ter o impulso de ajudar alguém que está sofrendo.

Anna: Sim, claro!

Confirmou Anna, sem muita convicção.

Alex: Rebecca!
A Senhora Jackson e o marido dela querem falar com você a respeito do passeio que os dois estão querendo fazer até Taupo. Importa-se de falar um pouco da cidade para eles?

Rebecca: Não, claro que não!

Respondeu ela de pronto, com um sorriso prestativo.
Dando graças por sair de perto dos dois irmãos, acompanhou Alex até o outro lado da sala. No caminho, ele disse:

Alex: Se Thiago a aborrecer, fale comigo.

Rebecca respirou fundo.

Rebecca: Obrigada, mas sei me cuidar sozinha!

Alex: Esses dois não passam de uma dupla de mimados...

Desabafou Alex

Alex: Sempre tiveram tudo que quiseram, sem nunca ter que cumprir nenhuma obrigação.

Rebecca: Thiago disse que está cursando a faculdade de administração.

Alex: Deveria estar...

Corrigiu ele.

Alex: Conseguiu começar o curso, mas não sei se vai terminá-lo algum dia!

Após um breve instante, Rebecca falou:

Rebecca: Não se preocupe comigo, Alex. Sei que pareço ingênua, mas não sou.
Apesar de me sentir agradecida por esta sua postura de irmão mais velho, realmente não preciso dela.

Rebecca não imaginava o quanto Alex a desejava, o quanto ele queria tirar aquele vestido de Seda e encher seu corpo de beijos, fazendo ela se sentir mulher.

A essa altura, quase já haviam alcançado o casal de idosos que os aguardava a um canto do sofá. A maneira como Alex sorriu para ela fez Rebecca conter o fôlego.

Alex: Pode me considerar como qualquer coisa, Rebecca, menos como seu irmão mais velho.

O brilho nos olhos dele era de puro desafio. Pelo visto, a senhora Jackson não deixou de notar o charme de Alex, pelo modo como sorriu para ele.

A adorável babáOnde histórias criam vida. Descubra agora