Capítulo 23

47 1 0
                                    

Nenhuma saudação, nenhuma despedida, nem mesmo um beijo.
Rebecca franziu o cenho. O que aconteceu afinal?
Porque Alex estava agindo daquela maneira depois de tudo que haviam compartilhado?
Estaria ele com receio de que ela quisesse se casar?
Os lábios dela se curvaram em um sorriso amargo. Ela teria de ser muito idiota para cair em tal armadilha.
Afinal, em momento algum Alex falou sobre amor.
Ao se lembrar da maneira ardente como se entregou a ele, senti uma desagradável onda de humilhação.
Jason se aproximou devagar e encostou a cabeça em sua mão, querendo que ela lhe desse atenção.
Enquanto o acariciava, Rebecca lamentou a crueldade de Thiago, em pensar em rouba-lo para vender a um treinador de cães de briga.
Se aquilo acontecesse, Jason provavelmente acabaria se brutalizando ou mesmo morrendo.
Rebecca balançou a cabeça, como que querendo apagar a imagem terrível que lhe surgiu na mente.
Absorta em pensamentos, se sobressaltou quando o telefone começou a tocar de repente.
Talvez fosse a Sra Firths, que prometeu ligar pela manhã, pensou.
Porém, um sexto sentido avisou que não era ela. E a intuição assim que Rebecca reconheceu a voz do outro lado da linha.

Alex: Já se levantou?

Rebecca: Sim, claro.
Acordei faz meia hora.

Alex: Então pode vir até aqui?

Rebecca: Está bem!

Ela respondeu e já desligou.

Alex parecia aborrecido por algum motivo.
Talvez já tivesse daquela conversa desagradável com Thiago, pensou Rebecca.
Levou 15 minutos para tomar um banho e se arrumar.
Vesti uma calça jeans e um suéter leve, de um belo tom de rosa claro.
Com cuidado, escovou os cabelos e afastou-os do rosto, tentando parecer mais velha.
Porém, logo as mechas sedosas teimaram em voltar ao lugar de sempre, deixando com aquela aparência de jovem sonhadora que ela tanto queria disfarçar no momento.

Rebecca: Droga!

Ela praguejou baixinho, antes de aplicar uma leve camada de batom.

Na noite anterior...
Não, não queria lembrar da noite anterior.
Pensativa, colocou os cães no banco de trás do carro e partiu em direção à fazenda.
Quando estacionou o veículo diante da casa, notou que estava com as mãos trêmulas.
Deduzindo que não iria demorar, deixou os vidros entreabertos e trancou a porta, mantendo Jason e Mel no banco de trás.
A governanta atendeu a porta.

Governanta: Olá! Entre, estão todos na sala.

Disse a simpática senhora, como sorriso amistoso.

Ao chegar na sala, Rebecca conteve o fôlego.
Alex se encontrava diante da janela, parecendo estranhamente compenetrado.
Michelle estava de pé no meio da sala, ao lado de outra mulher.
De imediato, Rebecca notou a leve semelhança entre a desconhecida e Alex.
Então aquele foi o motivo da impressão de reconhecimento que Alex lhe causou na primeira vez em que haviam se encontrado.
Os detalhes do rosto que nele se tornavam másculos, no semblante da meia-irmã adquiriam um aspecto suave, muito feminino.

Diana: Olá, Rebecca!
Sempre me perguntei como você estaria, mas vejo que não mudou muito.

Bastou um olhar para Rebecca perceber que foi Michelle quem providenciou o encontro.
Isso significava que ela sabia sobre o que aconteceu 7 anos antes.

Rebecca: Olá, Diana!

Diana: Seu pai está morto?

Rebecca: Sim!

Diana fechou os olhos por um instante. Evitando olhar para Alex, Rebecca respirou fundo.

Rebecca: Sei que é tarde para isso, mas eu gostaria de me desculpar pelo modo que agir naquela época.

Diana: Tem razão, é tarde demais!
Quantas outras mulheres você afugentou antes dele morrer?

Falou rancorosa.

Alex acabou intervindo.

Alex: Chega as duas!

Rebecca sentiu uma onda de náusea. Esperava ter que enfrentar o rancor de Diana algum dia, mas não imaginou que ela houvesse realmente amado seu pai.

Rebecca: Não ouvir mais ninguém!

Disse para a irmã de Alex.
Hesitante, por saber quanto aquilo iria magoar ela acrescentou:

Rebecca: Papai amou apenas você!

Diana: Sei que ele me amou, mas isso não ajuda muito. Sabe quanto tempo esperei para me casar com ele? 3 anos! Quando disse que não podia abandonar sua mãe, compreende a situação.
Por isso, resolvi esperar enquanto tentava me contentar com pouco tempo que temos para ficarmos juntos.
Só que quando ela morreu, você decidiu nos atrapalhar, então notei que toda minha espera havia sido por nada!

Rebecca percebeu o semblante angustiado de Michelle e expressão indefinível de Alex.
Pelo visto, eles não sabiam que Diana havia sido amante de seu pai, antes da morte de sua mãe.
Se esforçando para manter um tom de voz calmo, falou:

Rebecca: Sei que fiz o possível para me livrar de você, mas nunca lhe ocorreu que dormir com meu pai enquanto minha mãe estava na cama, a beira a da morte, não foi uma boa maneira de me conquistar?

Diana cerrou os punhos, dando um passo à frente.

Diana: Ela não sabia!

Rebecca: Sabia sim, acho que tive as minhas razões para detestá-la desde o início, mas isso não me dava o direito de mentir e de arruinar a vida de vocês. Peço desculpa pelo sofrimento que lhe causei.

Diana: Para que me segue seu pedido de desculpas agora?
Seu pai está morto, e se não fosse por sua causa eu teria me casado e ficado mais tempo com ele!
Você arruinou minha felicidade, Rebecca!
Nunca perdoarei por isso!

Alex: Diana, já chega!

Alex interveio novamente, em um tom de voz surpreendentemente controlado.

Diana: Não me diga que vai ficar do lado dela?!
Ela sabia todo tempo que eu era sua irmã.
Não está vendo Alex?
Ela quer nos colocar um contra o outro, como fez comigo e com o pai dela no passado!
Se você se casar com ela, vai me perder!
Nunca mais colocarei os pés na fazenda!

Alex olhou para Rebecca e disse:

Alex: Ela era uma criança!

Diana: Ela tinha 17 anos!
planejou tudo com frieza e não se importou em arruinar minha vida e do pai dela.
O pai dela prometeu que voltaria a entrar em contato comigo quando resolver esse problema com ela!
Mas nunca mais eu vi o grande amor da minha vida!

Rebecca: Ele morreu menos de um ano depois que você partiu!

Diana: E Por que não me avisou?

Olhando para Alex, com ar de apelo, Diana acrescentou:

Diana: Ela sempre soube muito bem o que estava fazendo.

Rebecca: Meu pai morreu de infarto quando estava andando na rua, eu não sabia que ele havia lhe feito uma promessa.

Alex abraçou a irmã quando ela começou a chorar.
Olhando para Rebecca, com uma expressão muito séria, ele perguntou:

Alex: Você sabia que Diana era minha irmã?

Rebecca assentiu, sem conseguir falar.

Alex: É melhor você ir embora!

Rebecca sentiu um aperto no peito.
Em silêncio, saiu da casa, mas ciente do que nunca de que seus erros do passado haviam acabado de lhe trazer a mais dolorosa das consequências.

A adorável babáOnde histórias criam vida. Descubra agora