04. Red

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"Não preciso copiar ninguém, diferente de muitos eu prefiro ser uma ninguém do que ser uma cópia barata." 

|HARRY POV|

        O meu olhar observador reduzia a intensidade das nuvens por cima de nós. Autumn e eu observávamos as formas das nuvens que o vento engolia, enquanto os nossos corpos estavam juntos, deitados sobre a relva verde, por entre árvores e flores. Nunca entendi e também nunca percebi como é que as nuvens formam aqueles desenhos que nunca, mas mesmo nunca fizessem aparecer no céu, tão inacreditávelmente reais, como se estive a observar algo em terceira dimensão. O mundo ainda terá muitas respostas para dar, o meu interior fala. 

     Permaneço quieto na minha alma, como se qualquer movimento alterasse o meu estado de espírito, como se fosse quebrado qualquer conexão entre mim e o espaço em que me encontrava junta da rapariga vestida de preto de olhos azuis e cabelos ruivos. 

"Este lugar é. . ." — Começo a falar depois de alguns minutos fechados no silêncio, quando a ruiva me interrompe. 

"Autêntico? " — Ela acaba, formando um sorriso no meu rosto, fazendo o meu olhar cair no seu corpo e deixar o céu por uns breves segundos, que parecem minutos. 

"Sim." —  Concluo, levantando-me da relva, para que me possa sentar e olhar para o rosto dela. Fiquei perdido dentro de mim mesmo. . .não querendo nada, não pedindo nada. . . apenas observando-a, com o vento que me beijava os cabelos. —  "Sinto-me tão autêntico como este lugar."  — Não sei como explicar a desconectividade e a intenção, apenas recantos de mim mesmo transmitem-me paz, como as minhas mãos exercendo força na relva. — "Como descobriste este lugar?" — Questiono, quando ela se senta virada para mim. 

"Não me sinto à vontade em contar. . . " —  Porque não? Não entendo, o que haveria de mal? Será que ela encontrou este lugar porque estava a sentir-se mal? Como por exemplo, quando a minha mãe me disse que iamos viver noutro lugar, e eu saí disparado de casa sem a avisar se voltava e por onde ia? Provavelmente. 

"Tudo bem." — Apenas falo, esquecendo o seu motivo, suspirando.— "Ainda me doem os tomates." —  Na verdade não doía, mas não tinha mais nada para dizer, então só me veio isso à mente. A ruiva, logo se riu e admito que é uma gargalhada que podia ouvir horas, como o som do piano da minha avó. 

"És engraçado, até." —  Elogia-me. 

"E tu és diferente." —  Totalmente diferente, mas é isso que me cativou nela, os seus olhos azuis e o seu cabelo ruivo, e a sua forma de vestir, tal como a seua personalidade logo no momento em que me agrediu. 

"Não preciso copiar ninguém, diferente de muitos eu prefiro ser uma ninguém do que ser uma cópia barata."  — Ora aí está algo que eu nunca pensei ouvir. Ela sabe sempre o que me responder, e não se importa com os que outros pensam dela. Parece que o meu indesejado sentimento de querer voltar para casa, foi fechado em copas quando as nossas mãos se juntaram e nos levaram para este belo jardim. Acho que ser amigo de alguém diferente vai ser agradável ; pelo o menos eu acho que sim, espero não estar enganado novamente, como sempre estou. 

        O telefone toca, quando eu ia a falar e quebra-se a magia. Dentro de mim nada voltará a recuperar aquela tranquilidade perdida, encontrada numa dimensão temporal que o relógio não cronometra . . .foi apenas um nada no tempo, mas uma imortalidade na minha alma. Sou até capaz de conseguir retomar a linha de pensamento que estava a ter, mas é como uma ligação sem rede. . .  quebrada ou perdida por entre os olhos azuis pintados de roxo, quando vi que era a minha mãe que me chamava. 

Now is Good || h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora