05. Changes

811 126 35
                                    

" Nem tudo o que enfrentamos pode ser mudado, mas  nada pode ser mudado enquanto não for enfrentado."

|HARRY POV|

        O nervosismo insistia em apuderar-se dentro do meu corpo enquanto dava os restantes passos até ouvir um sermão da minha mãe. Eu não sei se ela já sabe que fui suspenso, mas de qualquer maneira mais tarde ou mais cedo ela saberá. Por mim não sabia, mas de um director com bigode de Hitler talvez saiba. 

        Odeio aquele homem desde a primeira vez que me falou. Oh espera, isso foi quando ? Hoje ? Não sei o que fazer à minha vida, se é que tenho uma desde que cheguei cá. Para mim, isto chama-se sobreviver, não viver uma vida. 

"Boa tarde mãezinha." — Tento abraça-la quando chego à sua beira no nosso jardim, mas acontece que foi uma ação falhada. Especificamente, ela bateu-me no braço e não digo que doeu porque não doeu, já estou habituado a levar da minha querida irmãzinha. — "O que se passa mãe?" — Pergunto parecendo não saber do que se trata. 

"Ainda tens a lata de perguntar o que é que se passa?" — Okay, ou eu vou-me tornar num bife ou então num peixe, o que para mim a segunda opção parece-me mais adequada e credivél, visto que, não quero ser comido por um dinaussauro, ou um lobo ou simplesmente um cão. 

"Pronto, já sei o que se passa, estás com a menopausa?" — Eu acho melhor é calar-me, porque estou a piorar a situação. No entando, isto até me faz rir. 

"Harry." — Ela grita bruscamente o que me faz rir imenso.

"Oh é isso não é mãe? Tens vários sintomas disso. Primeiro a mudança de humor. Segundo, ontem estavas a queixar-te de estar calor. Terceiro já tens mais de 40 anos mãe." — Falo, rindo-me no interior, recebendo um puxão de orelhas da minha mãe. — "Estás-me a aleijar mãe, mãe." — PORRA PORQUE É QUE EU NÃO ME CALEI SIMPLESMENTE E NÃO OUVI O QUE ELA TINHA PARA DIZER. PORRA HARRY. — "Help meeee" — Grito por socorro não sei porquê. Quem é que me quer ajudar? Não tenho ninguém aqui nesta cidade de merda .O melhor que tenho a fazer é calar-me e sofrer com a dor. 

"Vais contar-me agora o que é que aconteceu na escola para teres sido expulso das aulas, o porquê de só chegares agora, e o porquê de ires fazer serviço comunitário durante uma semana a servir comida na cantina." — Eu sinceramente não faço ideia do que aconteceu à horas atrás. Eu acho que fiquei com amenésia depois de ficar sem orelhas e ser atirado para o meio do sofá da sala. 

"Mãe, eu não sei o que aconteceu. Não me lembro de nada." 

        Não me lembro mesmo de nada. Não me lembro de quando fui feliz, nem me lembro de quando tive um amigo pela primeira vez. Isto não é fácil. Muitos adolescentes da minha idade adoram mudar para outra cidade, ou mudar de país, mas eu definitivamente não adoro mudanças. Dizem sempre que temos de nos tornar na mudança que temos de ver, mas eu não sei o que raio isso quer dizer. Será que isso quer dizer que nem tudo o que enfrentamos pode ser mudado, mas  nada pode ser mudado enquanto não for enfrentado? Não sei porque me veio à mente esta merda de assunto. 

        Sempre pensei que fosse forte e sempre pensei que ia ultrapassar esta minha nova vida, longe daqueles que amo, mas eu não sei se sou forte o suficiente para continuar este percurso indesejado. Não me atormentando mais com estes pensamentos, lágrimas de sofrimento percorrem o meu rosto. 

"Eu quero voltar! Eu não pertenço aqui, e por mais que tentes-me pôr de castigo não vai mudar a minha forma de ser para contigo e com todo o mundo." — Sem mais demoras, limpo o meu rosto com a ponta da minha manga e olho para os olhos da minha mãe revestidos por lágrimas salgadas. Por mais que a queira abraçar, não é isso que faço. Apenas levanto-me e esqueço que este momento aconteceu, conduzindo-me para o quarto. 

Now is Good || h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora