Cap 2. Sobre como amar e odiar o colégio ao mesmo tempo.

30 2 0
                                    

   Quase todas as manhãs quando levantava-se, Júlia perguntava se estava feliz por seu ultimo ano no colegial esta acabando, ou se estava triste por isso. Tomou seu banho, tomou o café da manhã nas pressas e foi para o ponto de ônibus para chegar ao colégio. Chegando ao colégio, encontrou Malu e Vivan conversando com o restante das meninas em circulo dentro do colégio.

- Bom dia gente. – Disse Júlia e poucas responderam como era de costume.

- Júlia, nós estamos organizando uma festinha surpresa amanhã para a Paula, você vem¿- Roberta era uma garota que Júlia não suportava, por ser muito popular e falar com todos, aspirava um pouco de falsidade, depois que a conheceu, tornou-se uma de suas amigas. Quase sempre isso acontecia: de primeira vista ela não gostava de alguém, depois esta mesma se tornava alguém bem próximo.

- Amanhã é sábado, acho que não vai ter problema.

- Mas você não sabe quem estará lá.- uma interrogação formou-se na cabeça de Júlia- Prepare-se porque o Daniel vai marcar presença. –Disse Roberta, em um tom mais baixo que o normal.

   Ops! Daniel não era uma das pessoas que Júlia gostava de encontrar por ai, uma vez que eles tiveram um namoro rápido e tudo acabou em decepção. Apesar de não confessar, Júlia ainda não o tinha superado.

   O sinal para os alunos irem para as salas atrapalhou a conversa das meninas, e logo elas foram para a sala. Por azar e infelicidade de Júlia, Daniel era da mesma sala e isso nada ajudava ela esquecer o que houve ano passado. “Por que fiz a besteira de ter ficado com alguém do colégio e ainda por cima da mesma sala?”. Sentando-se em uma cadeira estratégica para que Daniel não ficasse visível, começou a imaginar como seria encontrar com ele na festa de amanhã. Seus pensamentos foram interrompidos quando o professor de história entrou na sala.

   A aula passava devagar, as coisas que o professor explicava sobre o assunto pareciam palavras em grego na cabeça de Júlia, até que alguém na cadeira de trás cutucou-a com um pedacinho de papel. Era um bilhetinho.

   Tudo bem se você não for amanhã, mas vai perder uma festa legal e vai dar chance para o pessoal falar. Você sabe como certas pessoas são. Vivian

   Como todo mundo, Júlia tinha inimiga, então como todo bom inimigo faz, espalhavam fofocas e besteiras que faziam outras pessoas bobas acreditarem. O fato de falarem de Júlia nunca a incomodou, mais o fato de Daniel achar que ela ainda não o tinha esquecido era revoltante. Júlia fazia o possível para deixar bem claro o quanto ele era nada pra ela.

Não perco essa festa por nada.
 xx

   Júlia passou o bilhetinho de volta e aproveitou a virada para trás para dar uma checada no Daniel, e ele estava exatamente como ela imaginava: olhando para ela. Daniel nunca tinha mudado com a Júlia, sempre a tratava bem e quase sempre estava olhando para ela, mas também nunca a procurava para algo mais que uma amizade, o que a deixava irritada, talvez se ele nem olhasse mais para a cara dela seria mais fácil esquece-lo. As aulas passaram rápidas e chegou o intervalo.

   Quando ela olhava para as pessoas do colégio, encontrava os motivos de está feliz em o ultimo ano está acabando, muitas ali eram falsas e outras que há alguns anos Júlia tinha altas conversas, hoje já nem olham mais pra ela. Mas, quando olhava através disso, viu as garotas conversando e dando risadas do outro lado do pátio, e ali encontrava os motivos de está triste em ser seu ultimo ano do colegial, mesmo ela tendo conhecido pessoas desagradáveis, Júlia também tinha conhecido pessoas que iriam ficar registradas pra sempre na sua vida. A rotina do colégio também iria fazer muita falta, a risada das garotas quando estavam fofocando, as festas mal planejadas, mas que davam certo e outras coisas. Em fim, o colégio iria dar mais saudade do que alívio.

   De longe, Júlia viu Daniel vindo em sua direção para dar bom-dia, como ele sempre fazia, por sorte foi salva pelo seu melhor amigo, Diogo, que chegou mais rápido até ela.

- Bom dia Jú. – Disse Diogo com o seu lindo sorriso e o mais lindo na opinião de Júlia.

- Bom dia Diogo, obrigada por me salvar, olha quem vinha vindo falar comigo- Júlia apontou com a cabeça para Daniel, o que fez Diogo suspirar em uma risada.

- Ele é gente boa, quase nunca vejo você reclamando quando ele tá vindo falar com você.

- Não estou nos meus melhores dias e nem sempre estou a fim de ser simpática, então, para não causar conflito com o pessoal, vou passar a manhã com você. –Júlia mostrou um sorriso irônico e Diogo levantou as sobrancelhas expressando que tinha sobrado pra ele aguentar o mau humor de Júlia.

   Mesmo os motivos sendo grande para Júlia estar de mau humor, ela não conseguia tratar Diogo com grosseria ou brigar com ele, a conversa entre eles eram sempre cheias de risadas, assuntos que nunca acabavam e que deixavam um gostinho de quero mais. Mesmo Diogo conseguindo fazer ela se sentir bem como ninguém mais fazia, ele era um ótimo amigo, e entre eles existia o que mais deixava Júlia confortável: não existia nenhuma faísca de paixão entre eles. Apesar de ela não acreditam muito em amizade entre o homem e mulher, Diogo era o seu único amigo que ela não conseguia imaginar nada a mais que um amigo para a vida toda.

   Após o intervalo, Diogo e Júlia se separaram, cada um foi para a sua sala, e o resto da manhã passou muito rápido. Quando o sinal da saída soou, Malu foi falar com Júlia.

- Juli! Fale com a sua mãe hoje sobre o show, ele vai acontecer daqui a um mês e temos que fazer nossas malas o quanto antes. –Era incrível o quando Malu acreditava que íamos à um show que era em uma cidade na qual nunca tínhamos pisado, e para completar a fantasia, Vivian era superconfiante que iria dar tudo certo. Sim, eu me achava a mais racional e chata entre nós.

- Vou deixar pra depois Malu, já vai ter a festa de amanhã, não vai dar certo se eu conversar com ela hoje, e serão duas etapas de conversa: primeiro com minha mãe e depois com o meu pai.

- Do jeito que eu conheço você vai ficar adiando isso até onde puder. –Disse Vivian

- Não faça isso amiga, temos que saber da resposta quanto antes. –implorou Malu

- Tá certo, relaxe. Deem-me um tempo até domingo, certo? ai eu terei a resposta. Agora eu tenho que ir se não perco o ônibus, beijo.

   Quando Júlia saiu do colégio, iria direto falar com Roberta sobre a ligação para confirmar a presença dela na festa, mas como não a achou optou pela mensagem. Tirou o celular da bolsa e se concentrou no teclado qwert, que não estava muito acostumada, e começou a digitar quando alguém parou na sua frente cobrindo o sol que estava atrapalhando o visor do celular, dando pra ver apenas os pés. Quando levantou a vista, era Daniel, com a sua pele branca, cabelo pretos e olhos azuis, que ficavam ainda mais chamativos naquele sol escaldante.

- Oi Júlia. – o rapaz abriu aquele sorriso que um dia já fez Júlia suspirar.

- Oi Daniel.

- Não nos falamos hoje, vi você aqui parada e percebi que faltava alguma coisa nessa manhã. – Júlia apenas soltou uma risada por mais que não quisesse ser legal com ele naquele dia, era quase que uma obrigação não ser a ex-namorada chata.

- Uma pena a gente não poder ficar conversando agora, já estava indo embora.

- Tudo bem, sem problemas. – Júlia torceu para que ele não perguntasse sobre a festa de amanhã. – Você para a festa da Paula amanhã¿

   Droga.

- Claro que sim, você estará lá? - Lógico que estaria, mas ela tinha que se fazer de desentendida.

- Sim. Então tá certo, a gente se fala amanhã. Não falte! –E ele foi afastando-se de volta para os amigos dele

   O que ele queria dizer com ‘’não falte’’? Júlia digitou a mensagem e guardou o celular na bolsa.

3 smilers e 1 sonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora