MEU MUNDO

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Era suposto ser o meu refúgio, um lugar onde pudesse descansar do mundo lá fora, onde pudesse esquecer sobre os diversos percalços e dissabores mundanos existentes para além da porta.
Criei o meu próprio mundo dentro dessas quatro paredes, uma janela e uma porta. Um mundo no qual eu traçava as diretrizes para evitar ser engolido com os tubarões que coincidentemente são chamados de pessoas. Mas esse desejo e a estrategia criada para dar vida e sentido a esse desejo tornaram-se surpreendentemente utópicos e praticamente inexequível de realizar.
Tornei-me prisioneiro dessas paredes que na escuridão da noite consomem os meus pensamentos, sim os meus pensamentos que eram suposto ser o meu protector contra o mundo. Mas é aquilo que denotei como escudo contra o que podia me fazer mal, que acabou virando a arma letal que me destrói silenciosamente mas com muita força.

Queria eu controlar isso mas não há uma forma falível de o fazer, pois é impossível parar de pensar e difícil ainda é deixar de pensar sobre aquilo que não queremos.
O irônico é que a nossa mente nos leva a pensar sobre as coisas que não queríamos pensar. É caso para dizer que o indesejável é o inevitável.
O lugar que era pra ser o porto seguro, acabou virando inóspito, não por ser fedorento mas como disse outrora, o que me vai a cabeça destruiu as espectativas de criar um abrigo para me socorrer de tudo que está para além daquela porta velha de madeira.

Eu poderia abrir a porta e fugir mas não o farei, pois este é o meu canto. Por mais que eu fuja, terei que voltar para passar as noites, noites essas que deveriam ser curtas mas são longas.
As noites que passo neste canto que chamam de quarto mas eu entendo como labirinto, são longas .
O dia por norma devia ser mais longo que a noite mas neste labirinto inóspito, a noite é longa e solitária.

DEZ PENSAMENTOSOnde histórias criam vida. Descubra agora