Capítulo 3

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          Quem ele pensava que era para falar com ela daquele jeito? "Sua última chance", ora, ela preferia muito bem estar solteira do que se casar com ele. Melissa agora estava em seu quarto, enquanto sua criada soltava os muitos grampos em seu cabelo.
— Acredita que ele realmente disse isso? Como se eu fosse uma, uma... — A raiva dela havia chegado a um ponto que não podia ser expressada em palavras.
— Uma desesperada qualquer? — Charlotte sugeriu. Trabalhava como criada de Melissa há tempo suficiente para conhecer um pouco a patroa.
— Exatamente! Consegue imaginar isso? Eu, Melissa Josephine Bourne, filha do Duque de Briston, recebendo uma oferta de casamento ridícula como esta! Ele não teve nem a decência de fingir se interessar de verdade em mim antes de fazer o pedido. — Ela fechou a cara, cruzando os braços e encarando seu reflexo no espelho.
— Mas não seria pior se a senhorita descobrisse depois de casados que tudo não passava de uma farsa? Não teria mais como voltar atrás. — A criada começou a pentear os cabelos dela, os cachos cor de caramelo se espalhando por suas costas.
— Sim, talvez tenha sido melhor desse jeito. Me livrei de um problema maior. — Então por que ainda se sentia mal pelo ocorrido? — Pode ir, Lottie. Obrigada.
A criada fez uma mesura e saiu, deixando Melissa sozinha no quarto. Ela pegou a escova e começou a passar distraidamente pelos fios, com a mente se distanciando do reflexo no espelho. Não conseguia tirar da cabeça duas imagens distintas: o desconhecido que a beijou com tanta paixão naquele jardim, e o Duque arrogante que lhe fez a mais ridícula das propostas, apenas algumas horas atrás. Se não fosse a voz tão inconfundível e aqueles olhos castanhos, ela não acreditaria que realmente eram a mesma pessoa. Como poderia ser? Enquanto um lado dele a seduziu no escuro, sem nomes nem apresentações, o outro lado não se prestou nem a ser canalha e a seduzir na luz. Simplesmente jogou as cartas na mesa.
E aquela proposta rondava em sua mente. Não parou de pensar nela enquanto saía andando no baile, nem quando dançou com Sandsore, nem na carruagem para casa. Tampouco parou de pensar naquilo enquanto se banhava, ou agora, se preparando para dormir. A verdade é que no fundo Melissa sabia que ele não estava totalmente errado.
A irmã mais nova se casaria antes deste ano acabar, deixando ainda mais evidenciado o estado de solteirona que Melissa carregava. A irmã um ano mais velha, Emilly, já era casada e tinha uma porção de filhos. Só restavam Melissa e Oliver solteiros, mas, aparentemente para um homem, era mais do que aceitável não ter se casado aos trinta. Mas uma mulher solteira aos vinte e seis? Pior abominação de Londres.
Se casar era, realmente, uma opção a ser considerada. Poderia ter filhos, um futuro, sua própria casa e criados, um grau um pouco maior de independência. Sim, haviam lados positivos em aceitar a proposta de Hampton. Então por que não o fazia? Melissa não queria admitir nem para si mesma, mas sabia a resposta. Se ela aceitasse se casar com ele apenas por conveniência, estaria abrindo mão de sua chance de vir a se apaixonar, encontrar alguém que a amasse e que ela amasse também. Estaria abandonando o sonho que viveu por duas curtas semanas antes de seu pai enxotar o Barão de Baylard. Sim, ela futuramente teria a companhia e amor dos filhos, mas seria isso suficiente? E se no dia seguinte ao casamento ela conhecesse sua alma gêmea e fosse tarde demais?
Era essa pergunta que não a deixava em paz.

Um Duque Arranjado (Degustação)Where stories live. Discover now