5. Na Casa de Felipe

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Felipe faz o Culto do Evangelho no Lar quando a Mediunidade aparece.

— Oi Felipe, vim lhe fazer uma visitinha.

— Mas... A Senhora pode nos visitar em casa?! Pergunta Felipe.

— Claro, meu amigo, principalmente, quando tem equilíbrio e oração sincera. Vejo que você faz seu Culto do Evangelho no Lar sozinho e vim lhe dar um incentivo.

A Mediunidade coloca a mão na testa de Felipe e ele vê alguns jovens de sua idade que acompanham a leitura do Evangelho. Felipe fica exultante.

— Que legal, quer dizer que não estou só!

— Exatamente. Multiplico o trabalho e os amigos.

— A Senhora pode ficar um pouco para conversarmos?

— Sim, vim para isso.

— Eu tava pensando nas histórias que a Senhora me contou. De Joana D'Arc, de Francisco de Assis e de Antônio de Pádua... Diz Felipe um tanto constrangido.

— Diga amigo, estou aqui para conversarmos, é sempre melhor expor o que se pensa do que viver na dúvida ou no erro. Estimula a Mediunidade.

— Eu sei que sou médium e espírita, então quer dizer que tenho uma grande missão, que ficarei famoso, esse é o meu caminho?

— É pensando assim que você vai se dar mal. O caminho da fama mediúnica é o caminho da desgraça! Diz um dos jovens desencarnados que acompanha o diálogo.

Felipe se espanta.

— Calma, amigo. Diz a Mediunidade. Eu explico. Sei que você quer aprender. Eu não sou perigosa, mas quando alguém me coloca junto com vaidade ou ambição é desgraça na certa. Pouquíssimos médiuns devem ser famosos: um em muitos milhões. Esses vão ficar famosos mesmo sem querer e vão sofrer muito com isso. A fama neste planeta é provação duríssima que eu não desejo para ninguém.

Após uma pausa, a senhora Mediunidade continua.

— É dever de todo médium não aparecer, não chamar atenção para si. É obrigação moral ocultar-se e servir em silêncio. Você entende? Os bons espíritos, que conheço muito bem, se afastam quando o médium quer aparecer. Eu vou ler uma mensagem que o Espírito da Verdade escreveu para os médiuns, é uma mensagem muito séria e sábia. Se eu pudesse a transformaria na Oração dos Médiuns, tira do bolso um belo exemplar do O Livro dos Médiuns e lê.

Todos os médiuns são chamados a servir a causa do Espiritismo na medida de suas faculdades; mas poucos escapam da malícia do amor- próprio. Entre centenas de médiuns, dificilmente é encontrado um, que, no início de sua mediunidade, não acreditou estar destinado à realização de uma grande missão.

Aqueles que caem na armadilha dessa vaidosa crença – e são muitos – tornam-se presas dos espíritos obsessores, que os subjugam alimentando o seu orgulho; e quanto maior é sua ambição mais miserável será sua queda.

As grandes missões são confiadas apenas a escolhidos que são guiados pela Providência - e não por sua vontade - para uma posição na qual suas ações serão mais eficazes.

Médiuns iniciantes devem ser extremamente críticos com espíritos que os elogiam e que exaltam a importância de suas tarefas, porque, se eles levarem a sério esses elogios, colherão decepções tanto no mundo físico como no espiritual.

Alertem-se aos médiuns que eles podem realizar um bom trabalho, mesmo nos lugares mais obscuros e nos grupos mais modestos, ajudando a convencer os incrédulos ou consolando os aflitos.

Caso a missão do médium seja além de sua limitada esfera de ação mediúnica, ele será guiado de onde estiver a uma esfera mais ampla, por mãos invisíveis, que irão abrir-lhe o caminho e impulsioná-lo adiante, como se diz, apesar dele mesmo. Alerte-se a todos que sigam essas palavras: Aquele que s e exalta será humilhado; e aquele que s e humilha será exaltado.

O Espírito da Verdade.

— Que chocante! Eu conheço tanto médium que vive se promovendo e promovendo os livros que psicografa! Diz Felipe.

— Pois é... Responde desolada a Mediunidade.

— Mas eles não fazem isso orientados pelos seus guias espirituais? Pergunta Felipe.

— Pelos guias que escolheram sim, pelos espíritos superiores, não! Afirma enfática a Mediunidade.

— Como a senhora tem tanta certeza? Questiona Felipe.

— Nenhum espírito superior irá contra as orientações do Espírito da Verdade.

Posso garantir.

— Mas quem é o Espírito da Verdade?! Pergunta Felipe um tanto frustrado. Ele já tinha imaginado sua carreira de médium famoso, de autoridade em assuntos espíritas... Palestras, conselhos, aplausos... Contaria centenas de vezes seus testemunhos... Seria adulado, bajulado...

— Meu amigo. O Espírito da Verdade é o próprio Cristo. Não te iludas, se queres a mediunidade como trampolim para fama lembra-te: colherás decepções neste mundo e um severo castigo no outro. É o Cristo quem te avisa! A explicação não deixa dúvida quanto à seriedade do assunto.

Felipe chocado enche os olhos de lágrimas... Quantos sonhos de fama mediúnica tinha acalentado...

— Teu guia quer falar-te. Eleva teu pensamento e escuta querido amigo. Afirma a Mediunidade.

Felipe respira fundo, ora e consegue ouvi-lo.

Querido filho, é o amor que nos une! Não estou aqui para te condenar nem para te julgar. Escuta-me com o coração: a mediunidade é concessão sagrada de Deus, e como muito desejo a tua felicidade, quero que te torne digno dela. Aprende a servir em silêncio.

Para que a fama, se o próprio Criador sustenta o universo sem se autopromover? Usa tuas faculdades para amenizar o sofrimento e a dor; para receber mensagens elevadas e para distribuí-las aos que querem se elevar, mas, para que colocar o teu nome em capas de livros que não são teus? Adota o anonimato, filho. Foge da loucura humana que busca a fama vazia e torpe.

Aprende com Jesus a servir em silêncio e acenderás uma luz imortal em teu coração. Estaremos juntos em todos os momentos e terás verdadeiros amigos que a busca do orgulho afastariam de ti.

É momento de decisão, peço-te, escolhe a mediunidade orientada pelo Cristo. Lamenta e ora, em silêncio, pelos que desmoralizam a mediunidade ao utilizá-la para a fama, uma terrível justiça os aguarda. Cumpre teu papel de médium anônimo e dedicado e estaremos juntos para sempre.

Chamo-me pai Joaquim.

Felipe chora de tanta emoção.

Graças a Deus entendeu a tempo o caminho que devia seguir. Olha para a Mediunidade com profunda gratidão.

Ela sorri e diz.

— Foi um excelente dia de aprendizado. Vou indo amigo. Despedem-se.

Felipe foi pesquisar a mensagem de O Livro dos Médiuns. Encontrou-a no capítulo XXXI, item XV. Imprime-a e prega perto de sua cama.

Vou ler essa mensagem todos os dias, não quero me afastar do Cristo. Pensa Felipe.

É uma decisão inabalável.

Seu guia, que o observa em silêncio, chora emocionado.

Iniciação - Se a Mediunidade Falasse 1Where stories live. Discover now