9. Na Escola

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Na segunda-feira, o assunto é o churrasco.

Felipe sente um pouco de inveja, mas se dá conta que em poucos dias aquela experiência seria esquecida e que seu aprendizado tem valor eterno. Em silêncio, agradece a Deus por tudo que tem aprendido.

A semana é de muito estudo, é final de semestre, e a semana seguinte é de provas. Felipe dorme menos para dar conta de estudar tudo. E ansioso, come muito... Fica preocupado se isso não atrapalhará sua preparação para o curso do fim de semana.

Na quarta-feira, em seu Evangelho no Lar, pede ajuda aos bons espíritos, precisa preparar-se para as provas, mas não quer se desarmonizar e perder o curso.

Depois da prece, vê a senhora Mediunidade sorrindo ao seu lado.

— Que surpresa maravilhosa a Senhora aqui! Diz Felipe, falando alto.

— Por que a surpresa? Pergunta a Mediunidade.

— Com uma semana tão atarefada, achei que não teria condições de vê-la. Explica Felipe.

— Estou sempre por perto. O problema não é ser muito atarefado. Problema é quando as intenções envolvidas em uma ocupação são inferiores.

— Não entendi, diz Felipe.

— Quando a pessoa trabalha 6 ou 8 horas por dia por ganância, simplesmente para ter mais, isso irá desequilibrá-la. Se ela trabalha 16 horas por dia para ajudar quem sofre, isso irá espiritualizá-la e será fonte de paz e alegria interior, entendeu?

— Mas é possível alguém trabalhar 16 horas por dia!? Comenta Felipe assustado.

— Sim. Sem problemas. O médium deve ter seus afazeres materiais e espirituais, ambos devem ser direcionados para a sua espiritualização. O médico ou o professor que, mesmo recebendo remuneração, prioriza, emocionalmente, o bem-estar daqueles que assiste, está espiritualizando-se. O médium não pode receber remuneração, jamais, nem ter nenhum tipo de vantagem indireta de seu trabalho, mas também deve priorizar servir sem exigir. Cada atividade tem suas regras que devem ser obedecidas. Ambas devem ajudar na evolução espiritual.

— Só não entendi essa coisa de vantagem indireta... Fala Felipe.

— Por exemplo, o médium ajuda na orientação de uma pessoa. Ela, por gratidão, ajuda-o a ser promovido em seu emprego ou evita que ele pegue uma fila de atendimento em um serviço público. É uma vantagem pessoal obtida por causa do trabalho mediúnico realizado pelos espíritos e não pelo médium. Muitas vezes, isso acontece de forma sutil, mas uma coisa é certa, se isso é constante, os espíritos superiores se afastam.

— Entendi. Isso é muito sério. Diz Felipe.

— É sim, confirma a Mediunidade e acrescenta.

— Tenho que ir, meu amigo, mas tenho um recado de seu guia espiritual.

— Qual? Pergunta Felipe, pensando se seria uma dica para as provas.

— Ele orienta que você estude mais uma hora por dia, as duas matérias que você tem mais dificuldade. Explica a Mediunidade.

— Ah... Sei... Felipe está decepcionado.

— Felipe, diz a Mediunidade olhando-o nos olhos, só os tolos tentam a vitória por meios fáceis e apenas conseguem decepções e desgraças.

— Ainda bem que tenho um bom espírito amigo! Diga-lhe que seguirei o conselho. Afinal, não tem jeito... Diz Felipe, agora, sorrindo.

A Mediunidade emociona-se. Felipe é a prova que existem jovens que não querem o caminho das facilidades ilusórias.

— Você não se arrependerá. Diz a Mediunidade ao se despedir. Felipe finaliza seu Evangelho no Lar e vai estudar.

Sexta-feira, dia de ir a barzinhos e a festas. Felipe fica em casa lendo e escutando música, apesar dos convites dos amigos. Sabia que acabaria sendo chamado de esquisito! Não era normal que ele não saísse no fim de semana para se divertir... Lê o livro Memórias de um Suicida, da médium Yvonne do Amaral Pereira. Uma experiência mais forte e mais radical do que seus amigos poderiam imaginar.

No sábado, dorme até tarde. Ajuda em algumas coisas em casa, estuda e vai jogar bola. No fim do dia, está exausto. Mais uma vez recusa ir a uma festa na casa de um amigo, sabe como seria... Opta por cultivar a paz em seu coração.

Iniciação - Se a Mediunidade Falasse 1Where stories live. Discover now