Encore

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—  Ele passou a semana toda me pressionando pra saber onde você tá. — virei meu rosto para cima a fim de encará-lo — Mas é óbvio que eu não falei nada.

— Porque ele quer saber onde eu tô? — me sentei, revoltado com esse garoto tentando me perseguir.

— Ele diz que quer conversar com você, Baek, esclarecer as coisas, sei lá. — Jongdae disse jogando a cabeça no travesseiro.

— Sobre o que? Esclarecer o que? Eu não consigo pensar em um motivo pra ele querer falar comigo.

— Não sei... Talvez sobre a-

— A merda que ele fez? Eu não consigo acreditar nisso. Sério, esse garoto é um idiota!

— Eu sempre te falei que ele era mesmo. — a voz séria de Kyungsoo me fez rir, mas, aos poucos, senti as lágrimas pesarem em minhas pálpebras.

— Ei... Baek, não chora... — conforme Dae se aproximava, meu esforço para segurar o choro se esvaia. Ele chegou mais perto afagando meus cabelos e eu desisti de tentar, apenas senti meu rosto molhando aos poucos.

— Vocês não entendem... Ele me fez mudar de cidade, largar minha mãe e vocês, largar tudo o que eu tinha em Seul. Ninguém culpou ele por nada, só olharam pra mim, como se só eu fosse o ruim da situação. E agora, quando eu consigo me recuperar, confiar nas pessoas de novo, ele volta! — minha voz embargada saía alta entre meus soluços, e as feições assustadas a minha frente foram substituídas por pura compreensão — E  eu sou um idiota por deixar ele me afetar.

— Você não é idiota, Baek. — Kyung secava meu rosto tentando me acalmar — É normal se sentir afetado por isso. Ele foi seu primeiro namorado, e vocês ficaram juntos por um bom tempo.

— Eu tô cansado de tudo isso. Toda vez que acho que tá tudo bem, acontece alguma coisa que me faz lembrar dele e de tudo o que aconteceu e eu fico mal de novo.

— Você sabe que pode ligar pra gente sempre que estiver mal, não sabe? A gente tá sempre aqui pra você.

— Não é a mesma coisa! Ligar não é a mesma coisa... — lembrar da angustia de querer tê-los por perto e não poder fez as lágrimas voltarem a correr — Eu só queria não ter deixado a minha vida de Seul.

— Baek, você tá bem aqui, fez novos amigos, se dá super bem com todo mundo da sua casa, e ainda conheceu o Jongin.

— Quem me garante que não vai ser a mesma coisa? Com o Yifan era tudo lindo no início também.

— Ah! Para com isso, Baekhyun. — a voz de Kyungsoo já não era calma e tinha o volume alto demais — Yifan sempre foi um idiota com você, desde o começo. Só você que não via. Quantas vezes ele te deixou esperando pra almoçarem juntos no refeitório e no final não apareceu e você ficou sem comer? Quantas vezes ele marcou de sair com você e depois você apareceu na minha casa chorando porque ele não tinha ido? Sem contar as desculpas ridículas que ele dava depois!

— Soo... — Jongdae segurou a mão do outro e o olhou com repreensão para impedir que ele continuasse. Meus olhos ardiam e eu não conseguia mais parar o soluço.

— Ah... Me desculpa, Baekkie. Eu não queria falar essas coisas assim pra você. Mas ver você sofrendo desse jeito por um babaca que ta seguindo a vida como se nada tivesse acontecido, me deixa muito puto.

— Tá tudo bem...

— Não, olha, eu não quero que você pense que todo mundo vai fazer o que o Yifan fez. O Jongin, pelo que você fala, me parece ser uma pessoa ótima. E você sabe que eu nunca erro nos meus julgamentos. O pouco que eu pude ver hoje, já deu pra perceber que ele te olha com carinho.

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