Redémarrer

Parfum

— Baek! Baek, acorda! —  senti uma mão sacudir meu braço, mas apenas murmurei alguma coisa que nem eu mesmo pude entender — Baek, eles vão perder o trem! Já são 15 horas! —  as palavras me fizeram despertar imediatamente, encontrando os olhos de Jun ao abrir os meus — Acorda os meninos! Eu e Xing vamos levar vocês! — concordei coçando meus olhos e me sentando na cama.

Assim que meu primo fechou a porta, pensei no momento da despedida. Foi a primeira vez que pensei nisso em todo o final de semana. Parecia o paraíso tê-los por perto novamente. Sem conflitos ou problemas, compartilhando nosso dia-a-dia de novo. Mas agora eles iriam embora.

Meu corpo voltou a esticar-se no colchão ao passo que meus olhos tornavam-se úmidos — Dae — falei manhoso enquanto acariciava seus cabelos — Dae, acorda — aumentei o tom para acordá-lo de vez, ainda fazendo carinho.

— Que foi? —  ele disse grogue, virando seu rosto para mim. — Que foi, Baek? —  uma lágrima desceu atingindo o travesseiro embaixo de mim.

— Vocês têm que se arrumar pra ir embora! — sequei meu rosto e levantei da cama com pressa, vendo o outro fazer o mesmo. Eu não queria chorar agora.

— Kyung, levantaaa. — o abracei forte, impulsionando meu corpo contra suas costas.

— Sai de cima de mim. — seu tom autoritário me fez rir, mas eu não o larguei — Vou sentir falta dessa grosseria. Mas agora você precisa levantar, se não vai perder o trem. — ele se virou devagar no meio dos meus braços e me abraçou de volta.

— Passou rápido... Vou sentir sua falta também.

Todo mundo se arrumou depressa naquele dia. Ou só pareceu mais rápido na minha cabeça.

Enquanto Xing colocava a mala de Jongdae dentro do carro, o último chorava como uma criança perdida. Apesar dos exageros dele de sempre, ninguém fez pouco caso daquele momento. Não estávamos acostumados a nos despedir e como toda mudança, doía de verdade.

— Dae, a gente vai se ver logo. — meus braços contornavam seu tronco enquanto ele se aninhava em mim, recostando a cabeça no meu peito — Vocês podem vir sempre que quiserem, sabem disso.

— E a gente vai vir, Dae. — Kyung arrastava as mãos nas costas do outro, mas seu rosto também estava inundado.

Nós três nos apertamos no banco traseiro do carro, e passamos o caminho inteiro escutando Jongdae falar em meio aos soluços causados pelo seu choro compulsivo. Dessa vez eu não reclamei da sua voz aguda e nem pedi para ficar quieto, porque a medida que ele se acalmava, eu ficava mais triste. Estávamos chegando na estação e logo eles iriam embora de verdade. Eu já sentia saudade.

— Você vai visitar a gente, né, Baek? — Soo perguntou olhando para os trilhos quando esperávamos o trem.

Eu engoli um seco sem me virar para ele — Ah, eu acho melhor vocês virem. — de lado, vi sua cabeça balançar de leve para cima e para baixo, concordando comigo — Pelo menos por enquanto. Acho que ainda não tô preparado pra encontrar qualquer pessoa daquele colégio, ainda mais o Yifan.

— Baek, você acha que encontrar o Yifan mexeria com você de outro jeito? — o trem chegou abafando a voz de Jongdae, mas eu havia entendido sua pergunta, só não tinha pensado nisso ainda, porém, queria muito acreditar na minha resposta — Claro que não! O que ele fez me fez só ter ódio dele... Mas isso não importa agora.

Eu abracei os dois ao mesmo tempo, apertando-os em meus braços e sentindo as lágrimas escorrerem. — Eu n-não que-quero que v-vocês vão embora... — falei soluçando e chorando mais que em todos esses meses longe, e fazendo Dae soluçar também enquanto murmurava alguma coisa incompreensível.