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Min Yoongi

— Ele disse que meu cabelo parecia um porco espinho! — Continuo contando a história em meio a risadas, vindas de mim e dele que parecia muito interessado em tudo que eu tinha pra falar.

— Aposto que parecia mesmo. — Hoseok tenta dar uma pausa na risada para beber mais um gole do seu... Seja lá o que tem naquele copo.

— Não parecia nada! Meu cabelo era lindo. Só não era tão penteado.

— Vocês são doidos.— murmura enquanto balança a cabeça negativamente, como se estivesse me reprovando.

Enquanto isso eu viro o copo de uma vez, sentindo o líquido passar pela minha garganta, queimando de um jeito prazeroso e logo depois a sensação de dormência e alívio. Volto a olhar pra ele tendo uma visão um pouco distorcida do mesmo e suspiro.

— Nós somos ?

— Com toda certeza.

—Ah... Cala a boca! — Volto a dar uma risada alta e me levanto.

— Porco espinho.

— Falou o cara que ficou trancado no banheiro da escola...— Não consigo terminar de falar deixando a risada me interromper — Pensando que tinha uma loira do lado de fora.

— Eu era um adolescente que não sabia como os fantasmas funcionavam!— Ele sorri se levantando também.

— Os fantasmas funcionam ?

— Provavelmente sim. — Riu abraçando meus ombros — Agora vamos pra casa?

— Agora? Eu preferia ficar aqui e beber mais um pouco.

— E ter uma overdose ? Não obrigado.

— Hoseok... Faz tempo que eu não me divirto assim.

— Você precisa estar vivo pra ter mais dias assim, sabia ?— Diz me levando até o carro.

Assinto enquanto ele abre a porta de trás, me enfiando lá dentro. E a única coisa que eu posso fazer e me deitar encolhido no banco de trás.

— Sim, mas dias assim não valem a pena quando todos os outros estão te matando.

— Você costuma virar filósofo quando bebe?— Sua voz está baixa e o carro já está se movendo, mesmo que eu não tenha visto o momento que ele entrou.

— Eu costumo beber sozinho.

— Por que eu não estou surpreso?

— Por que você não me deixa dormir?— Minha voz saiu mais amena do que eu planejava, mesmo assim ele riu e foi a última coisa que eu consegui ouvir antes de praticamente desmaiar.

***

Acordo em minha própria cama, sem minha camisa, e enrolado em um edredom fofo e confortável que estava me convidando a ficar deitado ali pra sempre.

Tirando a dor de cabeça que parece ficar pior a cada minuto, estou sozinho e minhas calças estão intactas, então está tudo certo.

Me enrolo no edredom afim de continuar ali mas me levanto indo até a sala como se tivesse em um casulo.

Meu celular continua em cima da mesinha como de costume, sem nenhuma mensagem ou ligação perdida.

Era ele quem se preocupava em me dar bom dia ou se certificar de que eu estava comendo bem. Era ele que me mandava mil e quinhentas mensagens até três horas da manhã, só porque passamos o dia todo sem nos ver.

Basicamente, Jin é a única coisa que me mantém vivo.

Meus pensamentos são interrompidos pelo som da porta se abrindo e batendo logo em seguida, com um Hoseok entrando na minha cozinha com algumas sacolas na mão e um sorriso no rosto.

— Bom dia!

— O que tem ai ? — Aponto pra sacola e puxo uma cadeira, me jogando sobre ela.

— Remédio... Comida. Algumas coisas que eu acho que você precisa. — Respondeu me estendendo apenas uma.

— Eu vou tomar um banho... E você me leva pro hospital.— Digo me levantando e retirando o remédio da sacola, quase suspirando de alívio ao ver minha salvação momentânea.

— Yoongi... Nós precisamos conversar.

Uma onda de preocupação percorre meu corpo assim que ouço essas palavras.

— Comece...

— Você tem que parar com isso. Sua vida está resumida no Jin, e isso não é saudável.

— Minha vida não é resumida a ele...

— Eu não terminei. Você fala sobre ele quase o tempo todo, você vive no hospital. Você não tem amigos, não sai, não se diverte... Fica apenas aqui se preocupando e se preocupando. Sua aparência está péssima, parece doente. E eu duvido que esteja se cuidando do mesmo jeito que cuida dele.

— Hoseok...

— Está destruindo sua vida. E quando ele estiver melhor não vai gostar de te ver assim.

— Vocês conversaram não é ?— Pergunto sem conseguir olhar pra ele. O que eu estava fazendo? Eu não vou aceitar conselhos de alguém que acabou de entrar na minha vida.

— Sim... Quase o tempo todo.— Respondeu, se aproximando de mim

— O que ele disse?

— Disse que estava preocupado.— Aquela declaração não me surpreendeu mas serviu pra substituir o sentimento de preocupação por raiva. Não estava com raiva do Jin, mas sim da intromissão de Hoseok.

— É mesmo ? Pois eu não estou doente. — Continuei com um pouco mais de ironia na voz.

— Diga isso a ele. Você ama mesmo aquele homem? Porque parece que não dá a mínima para o que ele acha.

— EU NÃO SOU IMPORTANTE AGORA!

— Vai ser importante quando estiver morto? Ou deprimido ?

— Eu estou bem... É só que... Eu conheço aquele homem desde que eu era um adolescente. Não consigo imaginar minha vida sem ele. Não consigo ver ele desse jeito sabendo que não posso fazer nada. Eu me sinto culpado, e um completo inútil por não poder fazer nem metade do que ele já fez pra mim. Então sim... Estar desesperado é uma maneira de me recompensar.

— Você só está se esquecendo de uma coisa. Ele ainda não morreu, e nem vai morrer. Então pare de agir como se isso já tivesse acontecido.

—Mas parece que está acontecendo aos poucos. De repente ele não podia mais andar ou enxergar direito. Não sentia meus toques, estava sempre cansado. Não falava coisa com coisa e nem conseguia comer direito.

— E quando você viu ele reclamar ?

Aquilo me fez parar por um tempo, pensando bem no meu próximo ato ou frase que ia sair da minha boca. Quando ele reclamou?

— Me leva pro hospital?— Suspiro irritado comigo mesmo e com o rumo daquela conversa. Talvez se preocupar comigo não fizesse tão bem ao Jin.

— Não... Ainda não. Toma o remédio e vai tomar seu banho. Você vai comer alguma coisa antes de ir.

meus 10 motivos [yoon.jin]Onde histórias criam vida. Descubra agora