Um dia para contar

1.2K 161 40
                                    

  Qua. 06 de abril

   Passei a noite em claro pensando no que fazer, o que é terrível pois o casamento é daqui a três dias e tudo que ele não precisa é de uma madrinha zumbi
   Eu fiz uma promessa, não posso trair minha amiga, tenho que me convencer disso antes que eu enlouqueça de vez.

Essa seria uma oportunidade tão boa...

Mas é errado.

Os fins justificam os meios...

   Sei o certo a se fazer, tenho que contar ao Alex, se fosse comigo eu gostaria de saber se a minha noiva anda beijando outros caras... ok esse agumento é péssimo mas, eu prometi não contar ao Alex diretamente, não seria minha culpa se ele soubesse por outra pessoa...
   Está decidido, não vou acobertar um erro que não foi meu, Savanah que lide com as consequências, não vou deixar o homem que eu amo ser enganado dessa forma
   Cada degrau que subo é uma vitória, porque o Alex tinha que trabalhar no oitavo andar!? essa escadaria é um castigo tortuoso, eu não deveria ser tão sedentária, estou realmente fora de forma, ainda por cima não comi nada aos sair, aquelas panquecas com calda pareciam ótimas... estou salivando, ainda falta um andar
    Chego praticamente desfalecida a sala de Alex, meu vestido esta todo amarrotado e empapado de suor, eu deveria ter avisado que vinha, considero voltar mas no estado que estou não consigo dar mais um passo
   - Evie!!! - sinto meu corpo ser esmagado entre dois braços cobertos pelo terno caro - porque não avisou que vinha, maninha - recebo um beijo na bochecha e novamente estou sendo espremida
   - Alex eu preciso respirar
  Ele finalmente me larga, dando um sorriso largo, o do tipo que me fazem suspirar
   - o que veio fazer aqui?
   - eu queria te ver, sabe, antes do grande dia, sem toda bagunça...
   - não acredito que você subiu oito andares de escada só pra me ver, nunca apareceu aqui antes, nem quando eu fui promovido - ele me olha desconfiado, para depois arregalar os olhos com um brilho de esperança - veio finalmente aceitar a minha proposta de emprego? por favor diga que sim
   - meu Deus garoto, eu só queria te ver, não têm outro motivo, você sabe que eu odeio elevadores, morreria se entrasse em um - digo impaciente me sentando em uma das cadeiras - e quanto a sua proposta senhor West, a resposta ainda é não
   Ele revira os olhos copiosamente, se sentando logo em seguida, já devo ter recusado esse emprego umas cem vezes, não quero conquistar nada sem merecer, o fato de que o Alex é o editor chefe, não muda nada, se eu for publicar minha obra será por mérito próprio, não porque era amiga de alguém...
    - deveria me deixar te ajudar as vezes evie
    - mais do que já me ajuda!? minha mãe nunca teria aquele ateliê se não fosse por você, eu nunca teria me formado sem seus métodos de estudo... - pisco divertida, que retribui com um sorriso - pela primeira vez eu quero fazer isso sozinha, ser reconhecida pelo meu trabalho
    - você vai ser reconhecida por mérito próprio... é só um empurrãozinho, não pode esperar ser lançada no mercado sem ajuda
    - sua teimosia é irritante
    - digo o mesmo
    A porta se abre bruscamente me fazendo saltar na cadeira com o susto, quase caindo
    - eu sei que estou estou atrapalhando mas não me importo...- um rapaz que nunca vi na vida invade a sala e para olhando para mim com o cenho franzido -...mas essa não me parece ser a sua noivinha - ele volta o olhar para Alex com uma sombrancelha arqueada e um sorriso de longe nada inocente; percebo o que ele aparenta insinuar, e trato de me apresentar antes que eu exploda de vergonha
    - sou Evangeline, amiga do Alex, é um prazer...
    - minha melhor amiga, quase uma irmã, e madrinha do meu casamento - Alex completa fazendo meu coração se quebrar mais um pouco
    - é realmente um prazer conhece-la Evangeline - o rapaz de nome ainda desconhecido estende a mão em cumprimento e me surpreende ao dar um beijo no dorso da minha - mas preciso mesmo que seu amigo não se atrase para essa reunião extremamente importante
    - ah, eu tinha me esquecido, me desculpe Evie, mas eu tenho que ir, conversamos depois - Alex levanta alarmado alinhando o terno, pega sua pasta e dá um beijo em minha testa se virando para o homem em seguida
  - Theo você a acompanha até o térreo? Evie tem medo de elevadores - ele diz, me fazendo corar, não tinha necessidade nenhuma dele contar isso
  - é claro, afinal sou pago para acompanhar moças loiras até suas casas - o homem que agora sei se chamar Theo responde dando novamente aquele sorriso com algo que indentifico como malícia
   - sem graçinhas seu idiota - Alex avisa dando um tapa na nuca de Theo e saindo em seguida, me deixando desconfortávelmente sozinha com um completo desconhecido
   - então...Evangeline - ele diz meu nome lentamente, como se testasse a sonoridade dele - pretende ir embora agora ou me daria a honra de sua companhia para um café?
   - acho que vou ter que adiar o convite, preciso ir buscar meu vestido de madrinha do outro lado da cidade - digo-lhe meia verdade, afinal o minha casa fica mesmo no extremo oposto da editora, mas como o ateliê é da minha mãe eu não teria problemas em pegar minha roupa a qualquer hora
    Por mais que o Theo me pareça ser um cara legal, apesar da visível indecência, ele não é o meu Alex, não é o cara por quem estou perdidamente apaixonada, e até que ele esteja definitivamente casado não vou perder as esperanças
    - tudo bem, então, vamos? - ele abre a porta para mim e até faz uma mesura quando passo
    - não precisa me acompanhar, posso ir pelas escadas...
    - espera, você subiu oito andares de escada?
    - sim...
    - já tentou se suicidar de uma forma menos sofrida? Ataque cardíaco não é uma boa, ainda mais nesse prédio, levariamos a culpa por sua morte
    Dou uma breve risada, até me lembrar de que não contei nada a Alex, nem pedi a ninguém para contar... como fui me esquecer disso!?

Margarida & LilásOnde histórias criam vida. Descubra agora