by taylor

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uma vez atiraram contra a mim a semelhança ao meu pai. de caráter.
foi como tirar de mim as lutas que nomeei maiores. tiraram de mim as causas que valeriam a minha experiência de vida inteira.
quem sabe eu ainda lembre, embora faça tanto tempo... eu o vi já faz alguns dias. cada vez que vejo a arrogância em forma de gente, sinto acender em mim demônios. queima o peito, queima e dói. mas não vou chorar.
ele não sabe quem eu me tornei, o que eu fui de início, minha formação nunca estará ao seu alcance. mas os próximos me conhecem e reconhecem a maldita herança. eu jamais me reconheci boa pessoa porque pensei que assim seria possível me acharem boa... e humilde. não me reconheci, nunca fui e eles estão certos. senti os ossos quebrarem, porém apertei as mãos e fechei os olhos. não chorei. não podia.
esse final de semana fui bombardeada pela desumanidade. no fundo quis que fosse mentira, embora eu já soubesse que a maldade é apegada ao homem a partir do momento abre a janela da alma para o mundo. fiquei com medo e senti vontade de correr à procura de colo. mas não me movi e muito menos chorei. eu não podia.
meu futuro entrego a quem o quiser, pouco me importa. restam dos meus sonhos falhos suspiros e pouco a pouco vão se despedindo de mim. luta pelos direitos das mulheres, das crianças, dos animais... o que poderia eu fazer?
é soco no estômago olhar um pouco mais adiante e ver que apesar de sermos irmãos, agimos como inimigos. meu peito dói. mas não choro. não posso. é incomum se sensibilizar quando você se parece a alguém causador de ódio e dor. farei jus aos dizeres. assim, ele poderá se orgulhar de algo que fez questão de esquecer. mas eu não darei a mínima, já que me pareço tanto com ele.

alma expostaWhere stories live. Discover now