Capítulo 04

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Acordo com o Sol queimando o meu rosto, minha cabeça doe, abro os olhos lembrando-me de tudo que havia acontecido ontem, como eu queria que tudo fosse apenas um pesadelo. Um pesadelo horrível.

Vou até meu apartamento e por sorte não há ninguém, pego uma bolsa com o essencial e saio. Começo a andar e a observar tudo atentamente, pessoas gritando umas com as outras, carros fazendo guerras com suas buzinas, pessoas implorando por ajuda. Mas claro que elas se tornavam invisíveis, afinal só entendemos que alguém precisa de ajuda ou está sofrendo quando já é tarde de mais, estamos muito preocupados em sermos perfeitos em esconder nossas dores e nossos próprios problemas para sequer reparar que alguém está se matando por dentro. Nós já estamos mortos antes mesmo do nosso cérebro parar de funcionar ou nosso coração parar de bater, afinal nós já estamos vazios antes de pensarmos em dar um último suspiro.

Tenho costume de fazer listas na minha cabeça, como o que eu quero comprar esse mês ou o que eu quero fazer antes do meu aniversario, observando tudo ao meu redor acho que fiz a lista mais obvia de todas, uma que vai te tornar vazio e postiçamente feliz mais rápido:

1 - Você tem a necessidade de agradar aos outros (mais especificamente a todos);

2 - Você tem a obrigação de ter medo do fracasso (por isso não se arrisque);

3 - Sempre tente impressionar todos (isso vai te fazer agradar a todos mais facilmente);

4 - Sempre viva sua vida através das expectativas de outras pessoas (entenda se você quer ser supostamente feliz diante da sociedade você não pode ter uma vida inteiramente sua).

Sabe o que é totalmente idiota?

As pessoas te dizem que para ser feliz você tem que seguir essa lista ao contrario, mas na verdade as pessoas esperam que você faça tudo exatamente da forma que eu acabei de dizer. A verdade é que elas não se importam com nada que não seja elas mesmas.

Meus pensamentos foram interrompidos por um garoto que estava me olhando assustado.

- O que foi? - Pergunto.

- Porque você está chorando? - Ele pergunta olhando no fundo dos meus olhos procurando um motivo.

- Eu não estou chorando. - Digo sorrindo.

- Então por que tem lagrimas nos seus olhos? - Ele pergunta sorrindo.

- Digamos que eu posso estar chorando e não percebi. - Eu digo sorrindo.

- Isso é estranho, mas ok. - Ele diz me dando as costas.

- Ei, quer dar uma volta? - Pergunto sem nem entender o porquê, acho que precisava de companhia.

- Não estou fazendo nada mesmo. - Ele diz voltando - se para mim.

- Vamos?! - Eu pergunto.

- Vamos! - Ele responde e pega a minha mão, eu me afasto rápido e solto sua mão.

Ele apenas olha para as nossas mãos, mas não diz nada.

Andamos por ai sem rumo em um silencio agradável até que ele resolve conversar:

- Por que não estamos conversando? - Ele pergunta ainda andando.

- Porque eu gosto do silencio. - Eu digo.

- O silencio atrai as pessoas que sofrem muito. - Ele fala me olhando.

- Como você sabe disso? - Pergunto um pouco assustada.

- Porque eu também gosto do silencio. - Ele diz parando de andar.

- A gente está caminhando juntos, mas eu nem sei o seu nome. - Eu digo também parando.

I am Fine (revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora