Cap.10 || Problemas

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[4 p.m.]

Eu nunca fui a um funeral, e lidar com a preparação de um tão perto de mim, é assustador e estranho, especialmente quando ela é uma rapariga muito nova e que deixa para traz uma família e um grupo de amigos despedaçados. E a minha cabeça confusa.

Eu estou na cama com Louis. Ele está a dormir, eu estou a ver um episódio de Game of Thrones. Ele esta a dormir desde as duas da tarde, mas faz-lhe bem descansar e eu assim posso ver esta série sem ter o Louis a pedir para mudar de canal, uma vez que ele odeia isto… e a pergunta é, como é possível?

Sinto falta da minha cama e da minha casa, sinto falta das minhas coisas, sinto falta de me sentir em casa. Eu gosto de estar aqui com o Louis, mas… falta a minha casa, percebem?

Eu pensei em levar o Louis comigo, e estou a pensar nisso na verdade. Ele está aqui porque o quiseram meter aqui, porque não queriam mais ninguém para estorvar lá em casa… E com as coisas que já aprendi aqui nestes 16 dias eu poderia ajudar Louis caso ele se sentisse mal e eu tenho dinheiro suficiente para cuidar dele…

Preciso falar com ele…

- Hazz? - Louis fala contra o meu abdómen e eu olho para ele. – Mais baixinho, por favor. – Ele tropeça nas palavras por causa do sono.

- Okay. – Baixo o volume da televisão, reparo nas horas, daqui a alguns minutos algum enfermeiro deverá trazer os medicamentos e o lanche da tarde. – Não vale a pena dormires mais… já passa das quatro.

- Mas eu estou cansado…

- Podes descansar de olhos abertos…

- Só se apagares a televisão… ou mudares de canal. – Ele olha para mim sorrindo de canto e, cedendo ao seu pedido, mudo de canal. – Muito melhor.

Ele ri e afasta-se do meu corpo, deitando-se ao meu lado, porém virado na minha direção, ele leva a sua mão à cânula que o ajuda a respirar e coloca-a direita.

- Quando eu vou poder ir lá para fora? Ou quando eu vou poder tirar isto? – Ele ajeita a cânula.

- Eu não sei Louis… não sei mesmo.

Ele bufa e olha para a televisão. O quarto fica em silêncio, um silêncio um tanto desconfortável.

- Eu quero que vás viver comigo… para minha casa.

Eu olho para ele depois de falar, Louis abre a boca um pouco espantado, ele olha para mim e eu assinto com a cabeça, confirmando que tinha dito aquilo mesmo.

- Eu posso?

- Sim, eu acho que sim. – Eu viro-me para ele. – Eu quero que estejas comigo e eu quero viver contigo… fora deste hospital…

- Mesmo?

- Mesmo.

[30/168; 10.30 a.m.]

- Harry, querido, tens de ir! – A minha mãe fala do outro lado da porta, Louis grunhe baixo, no outro lado da cama e eu sorrio ao levantar-me.

Calço os meus chinelos e ando até à cozinha arrastando os pés pelo corredor. Tenho sono. E é tão bom estar em casa.

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