[4 p.m.]
Eu nunca fui a um funeral, e lidar com a preparação de um tão perto de mim, é assustador e estranho, especialmente quando ela é uma rapariga muito nova e que deixa para traz uma família e um grupo de amigos despedaçados. E a minha cabeça confusa.
Eu estou na cama com Louis. Ele está a dormir, eu estou a ver um episódio de Game of Thrones. Ele esta a dormir desde as duas da tarde, mas faz-lhe bem descansar e eu assim posso ver esta série sem ter o Louis a pedir para mudar de canal, uma vez que ele odeia isto… e a pergunta é, como é possível?
Sinto falta da minha cama e da minha casa, sinto falta das minhas coisas, sinto falta de me sentir em casa. Eu gosto de estar aqui com o Louis, mas… falta a minha casa, percebem?
Eu pensei em levar o Louis comigo, e estou a pensar nisso na verdade. Ele está aqui porque o quiseram meter aqui, porque não queriam mais ninguém para estorvar lá em casa… E com as coisas que já aprendi aqui nestes 16 dias eu poderia ajudar Louis caso ele se sentisse mal e eu tenho dinheiro suficiente para cuidar dele…
Preciso falar com ele…
- Hazz? - Louis fala contra o meu abdómen e eu olho para ele. – Mais baixinho, por favor. – Ele tropeça nas palavras por causa do sono.
- Okay. – Baixo o volume da televisão, reparo nas horas, daqui a alguns minutos algum enfermeiro deverá trazer os medicamentos e o lanche da tarde. – Não vale a pena dormires mais… já passa das quatro.
- Mas eu estou cansado…
- Podes descansar de olhos abertos…
- Só se apagares a televisão… ou mudares de canal. – Ele olha para mim sorrindo de canto e, cedendo ao seu pedido, mudo de canal. – Muito melhor.
Ele ri e afasta-se do meu corpo, deitando-se ao meu lado, porém virado na minha direção, ele leva a sua mão à cânula que o ajuda a respirar e coloca-a direita.
- Quando eu vou poder ir lá para fora? Ou quando eu vou poder tirar isto? – Ele ajeita a cânula.
- Eu não sei Louis… não sei mesmo.
Ele bufa e olha para a televisão. O quarto fica em silêncio, um silêncio um tanto desconfortável.
- Eu quero que vás viver comigo… para minha casa.
Eu olho para ele depois de falar, Louis abre a boca um pouco espantado, ele olha para mim e eu assinto com a cabeça, confirmando que tinha dito aquilo mesmo.
- Eu posso?
- Sim, eu acho que sim. – Eu viro-me para ele. – Eu quero que estejas comigo e eu quero viver contigo… fora deste hospital…
- Mesmo?
- Mesmo.
[30/168; 10.30 a.m.]
- Harry, querido, tens de ir! – A minha mãe fala do outro lado da porta, Louis grunhe baixo, no outro lado da cama e eu sorrio ao levantar-me.
Calço os meus chinelos e ando até à cozinha arrastando os pés pelo corredor. Tenho sono. E é tão bom estar em casa.
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Remember, I'll make you happy.
Fiksi PenggemarHarry sabia que trabalhar num hospital não seria fácil, mas quando entrou na unidade de Cuidados Paliativos teve imediatamente a certeza. Ele sabia que não era obrigado a lá estar, mas algo o chamou para aquele lugar. Passar as suas férias de Verão...