Ethan - Spin off da Série laços do amor vol 1

Capítulo 1

Ethan

Finalmente estou chegando em casa, depois de dois anos longe e dois dias viajando de carro. Quando cheguei em Nova York no começo da semana, não tinha ideia de que compraria um carro e sairia em uma viagem louca de dois dias até Seattle.

Mas agora não consigo me arrepender disso! O camaro 1967 verde escuro e com duas listras brancas deve concordar comigo, afinal não pude deixar de comprá-lo quando o vi em uma revendedora de carros antigos. Foi paixão à primeira vista e agora nós dois estamos chegando ao nosso destino final.

É noite de sexta-feira e acredito que a cidade deve estar em plena agitação, o que não seria novidade nenhuma, considerando as fotos que recebi do Enzo na minha última parada. O bar do qual ele é dono estava lotado de pessoas e meu melhor amigo estava no meio delas com duas morenas nos braços.

Pelo visto as coisas não mudaram muito depois que fui embora. Enzo continua fodendo qualquer coisa que use saias e tenha uma boceta, seu estilo padrão de operação. Mas isso não importa, tudo que importa foi a conversa que tivemos no começo da semana assim que desembarquei.

Quando Emma e eu começamos a namorar escondido dos nossos pais, Enzo esteve do nosso lado. Ele ajudou a gente, mas nem mesmo ele foi capaz de prever o que aconteceria depois e quando a merda bateu no ventilador, tudo virou um caos completo.

No final de tudo quem acabou pagando por tudo fui eu, acabei ficando sem a garota que amava e quase perdi uma amizade de anos. Mas como eu poderia saber que a garota que pensei ser minha amiga, umas das melhores que já tive iria enfiar uma faca nas minhas costas.

Ainda consigo lembrar de tudo, de acordar desorientado e numa cama desconhecida. Ou melhor ainda, uma cama muito familiar, mas uma na qual nunca dormi. Lembro dos gritos assustadores do meu Tio, das lágrimas da garota deitada do meu lado e toda a confusão que foi depois.

Mas o pior de tudo era ver os olhos azuis assustados olhando para mim da porta do quarto, um olhar perdido e magoado. Naquela hora eu queria ter feito alguma coisa, mas não conseguia me mover e nem sei se teria tido a oportunidade já que tinha uma parede de músculos na minha frente me xingando.

Quando tentei corrigir tudo depois, acabei somente piorando a situação e o final dessa história já é conhecida, eu sozinho tentando esquecer uma garota que alegou nunca ter me amado, apenas me usado.

Só que isso é passado e ao longe desses dois anos comecei a juntar os pedaços da história que estavam faltando. Fatos que pipocaram na minha mente e pareciam imagens borradas e que agora estão bem nítidas.

Não é possível que todas as vezes em que estivemos juntos, tudo tenha sido uma grande mentira. Que tudo tenha sido fingimento. Posso até ter caído nisso naquele dia, mas agora não. Ela vai precisar de muito mais do que isso para me manter afastado.

É com esse pensamento que passo pelas ruas movimentadas do centro de Seattle até o lado norte da cidade, onde meus pais vivem desde que eu era um garotinho.

"Free Birde - Lynyrd Skynyrd" está tocando baixinho dentro do carro, batuco os dedos no volante no mesmo ritmo da música e paro quando cruzo pelos portões da casa dos Nash. As luzes acessas dizem que tem gente em casa, mas isso não importa, porque ela já não morra mais aqui.

Sigo adiante e ignoro a batida ritmada do meu peito ao pensar na possibilidade de ela estar lá fazendo uma visita, mas essa questão logo foge da minha mente, afinal ela cortou laços definitivos com a família depois que tudo aconteceu.

Pelo que soube da breve conversa que tive com o Enzo a alguns dias, é que a única pessoa que ela permite chegar perto o suficiente é ele, até mesmo seu pai mantém distância. No fundo acredito que grande parte disso tudo é por minha culpa, mas se ela deixar pretendo corrigir todos os seus problemas ou pelo menos tentar diminuir os estragos que fiz.

Saio dos meus pensamentos quando dou de cara com o portão de entrada da casa dos meus pais. As coisas aqui continuam iguais, paro em frente ao portão e sem desligar o motor abaixo o vidro.

Depois de digitar o código de acesso os portões começam a se abrir para mim, entro devagar e logo em frente já consigo ver o Kent, segurança particular da minha mãe e um grande amigo da família.

Ele acena para mim com uma cara desconfiada e manda que estacione ao lado. Quando ele se aproxima do vidro e reconhece o meu rosto, um sorriso enorme se abre no seu rosto e ele balança a cabeça divertido.

Desço do carro depois de estacionar onde ele mandou e lhe dou um cumprimento de caras. Como costumávamos fazer antes que eu saísse de viagem.

- Fala garoto – murmura batendo nas minhas costas – belo carro – elogia percorrendo os olhos pela minha garota.

- Concordo foi por isso que comprei – respondo alisando o capo – o pessoal está em casa? – Pergunto apontando com a cabeça para casa na nossa frente.

- Estão todos aí, sua mãe está recebendo uma convidada para o jantar. Vá em frente que eu tomo conto da sua beleza – fala com um assobio.

- Maravilha – respondo dando um tapa no seu ombro de leve.

Meus olhos caem em um Bettle azul escuro parado atrás do carro do meu pai, franzo o cenho ao não reconhecer o veículo e no fim resolvo descobrir quem é quando entrar. Subo os degraus dois de cada vez e abro a porta sem bater, ouço sons de risadas ecoando pela casa e o cheiro de algo familiar no ar.

Assim que entro na cozinha meus pés congelam no chão e meus olhos pousam naquela figura feminina tão familiar. Ela continua tão linda quanto no dia em que a deixei e ela está sorrindo, um sorriso tão lindo que chega a despertar o meu coração a muito tempo adormecido.

Emma

Estou rindo sem parar, nunca pensei que pudesse me divertir tanto quanto está noite. Jake e Nael são o casal mais divertido que já conheci em toda a minha vida. Os dois transbordam amor com os olhos, exatamente da mesma maneira que via quando olhava para o meu pai e para minha madrasta.

- Não o escute Emma ele é um comediante – diz ela apontando para o marido com carinho.

Estou prestes a concordar sobre isso quando ergo o olhar e meus olhos se chocam com os olhos azuis mais lindos que já vi. Meu corpo todo trava no lugar e o sorriso morre no meu rosto. Quando foi que ele chegou? Penso comigo mesma.

- Quem chegou querida? – Pergunta a Nael, acho que acabei falando em voz alta meus pensamentos outra vez.

Não respondo a sua pergunta, afinal não consigo tirar os olhos daquelas piscinas azuis olhando para mim. Ele parece tão assustado quanto eu, mas ainda assim olha para mim exatamente da mesma maneira que fazia quando éramos mais jovens.

As outras duas pessoas na cozinha franzem o cenho e viram o rosto ao perceber o meu olhar fixo para a porta de entrada da cozinha, saio do meu transe quando a Nael pula da cadeira toda agitada e corre para abraçar o filho, que ela não vê a mais de dois anos.

Quando o Ethan envolve os braços ao redor da mãe, percebo que tudo que estava tentando evitar está prestes a acontecer e eu não estou pronta para isso.