O Garoto do Coração de Porcelana: um diário de sentimentos

PODERÍAMOS TER TUDO

EU PAREI DE ESCREVER PORQUE ESTAVA COM MEDO DAS perguntas que poderiam surgir. Muita coisas escondi durante os meses que passaram e vários sentimentos sufoquei pelo simples medo de que alguém percebesse que, depois de tanto tempo, eu ainda não superei perder você.

Hoje, acho que bebi demais ou apenas estou em um momento de coragem excessiva e tenho algumas coisas para deixar marcadas. 

Depois de seis meses que tudo mudou em mim, olho para trás e vejo o estrago. Você pode até me perguntar se eu mudaria algo e a resposta continuaria sendo "não". 

Tudo o que pedia, naquela época, era um pedaço do seu coração e um pouco do seu amor. Foram breves momentos em que você se doou; durante as conversas na madrugada você abriu as portas da sua alma e eu pude ver seu verdadeiro brilho, aquele que você insiste em manter em segredo profundo nas florestas que só você tem acesso. 

Papo meloso? Obsessão? Carência? Você ainda encontra desculpas para tudo o que vivemos? Acredito que não mais. 

Nesses seis meses nos encontramos poucas vezes, nos vimos cada vez menos até a distância preencher o pouco de amor que existiu em nós. 

Agora, após todas as trevas que nos cercavam, conseguimos ter uma conversa que fluiu sem maldade ou ego. Você mudou e eu também. 

Não há ódio, não há intrigas. Em mim, existe dor ainda, ou será que essa mera vontade de te ter é dor? Quem sabe ainda seja paixão... 

Interessante ou não, nesse instante seu olhar entrega sua caça por companhia; sua busca por amor é visível, só que você se lembra de quando eu procurava isso em você? Como é agora ter que procurar em cada esquina e tudo o que você encontra é o vazio corroendo seu peito?

Eu espero que a vida lhe ensine bem, meu pequeno garoto, porque nós poderíamos ter tudo e você preferiu fugir.