SUBMISSO: CARNE, SONHO E ORGASMO

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ESTAMOS EM MEU QUARTO. É UM SÁBADO CHUVOSO, UM DIA cinzento.

Ele está de folga e, então, decidiu passar o dia comigo, a pessoa que passou a chamar de melhor amigo.

Bom, da minha parte, tenho mantido um outro tipo de sentimento por ele além da amizade: uma paixão sufocante... mas isso, ele também já sabe, entretanto, insiste em esconder ou não conversar sobre.

Papo a respeito de filmes antigos, músicas que nos marcaram e amores do passado. Ele está tomando um chocolate quente que minha mãe acaba de preparar para nós. Estou sentado na cadeira em frente ao computador, ele, na minha cama. Meu quarto é grande, cama de casal, estante com livros e uma mesa para meu computador... e mais livros. Janela grande com uma cortina floral estilo vintage. Cores que vão do marrom ao preto. Deixo minha xícara ainda com o chocolate intacto sobre o balcão do computador, levanto e me deito ao lado dele. Ele me olha com um olhar calmo e eu sorrio naturalmente.

Silêncio. Sinto algo entre nós. Centímetros de distância. Energia.

Ele, que estava sentado, coloca sua xícara no bidê da cama e se deita.

Milímetros de distância.

-Gosto de sábados assim. São perfeitos, se não fosse pelo fato que não tenho companhia.

-Você tem a mim. Estou aqui, isso não conta? - ele me responde quase que num tom de tristeza.

-Você entendeu o que eu quis dizer. Você é só meu amigo.

-É - resposta rápida.

Estamos olhando para o teto branco. Viro-me e olho para seu rosto. O moço da barba continua tão charmoso como aquela primeira vez que tive contato com ele. Os óculos fazem parte do pacote completo que o deixam com uma aura de inteligência e safadeza. Gosto disso.

Ele vira-se e me olha. Estremeço. Okay... eu bem sei que somos apenas melhores amigos, porém não posso controlar minha mente de imaginar coisas fantasiosas e impuras, digamos que, perversas também.

Mais uma vez, silêncio.

-Você quer assistir um filme? - pergunto para quebrar o gelo que agora se instalou entre nós .

-Acho que não. Está bom aqui, você não gosta de ouvir o barulho da chuva?

-Eu gosto – a chuva é suave lá fora, tranquila, trilha sonora para os apaixonados.

-Obrigado por tudo.

-Tudo o quê? - questiono sem entender.

-Por ser um bom amigo.

-Sempre. Pode contar comigo sempre, você sabe disso – digo a verdade, apesar que meu coração se aperta toda vez que lembro a realidade que paira sobre nossa ilusória história.

Estamos nos olhando. Há algo dentro dele que pensa em mim de um jeito diferente, vejo isso nas entranhas dos seus olhos. Meu rosto se aproxima do dele. Ele não se retrai, continua ali.

Num lapso de momento eu o beijo. Esqueço todas aquelas inseguranças que me perseguiram durante toda minha vida e faço o que, um dia, aquele Garoto do Coração de Porcelana jamais teria coragem de fazer. Eu o beijo com intensidade, alguns diriam... com paixão e ele retribui.

Seguindo um instinto animal incontrolável, subo nele.

Ele não hesita em nenhum momento. Tiro seus óculos fitando seus olhos. Coloco-os no bidê, ao lado da xícara. Quando volto o rosto, ele me beija. Estou bem encaixado no seu colo e não me sinto envergonhado pela posição.

Tiro sua camisa lentamente e vejo aquele corpo que tanto desejei em noites solitárias. Paraíso. Beijo seu pescoço parte por parte. Leves mordidas e o ouço gemer. Arrepios por todo seu corpo. Ele está excitado.

Num ato de loucura, ele me joga para trás. Estou deitado e ele tira minha camiseta e abre meu jeans sem pedir permissão. Eu dou um sorriso de leve.

Quando termina de tirar meu jeans, tiro o dele com os dentes como se já soubesse cada passo. Beijo sua barriga e, mais uma vez, ele geme. Baixo sua cueca box lentamente e beijo dos seus mamilos até o ápice do prazer carnal. Sintonia de movimentos; lentos, rápidos, na medida certa.

Chupo cada parte com vontade enquanto ele se retorce de tesão. Na cama, ele é meu brinquedo e subo novamente até seu pescoço beijando cada parte sensível daquele corpo nu, que agora... é meu.

Mordo lentamente seu pescoço e ele me vira com força na cama. Eu estou submisso.

Ele está em cima de mim e me chupa com rapidez. Estamos imersos num desejo profundo e sei bem como isso vai parar, e não me importo, gosto de ser dominado. Por um instante, me olha e continua os movimentos lentamente enquanto gemo. Sobe até minha orelha, morde-a calmamente e sussurra com delicadeza:

-Era isso que você queria, não é?

Seguro seu cabelo com força, puxo sua cabeça para trás e lhe dou um beijo.

-Você sempre soube! - respondo quase sem fôlego.

-Vira! – Ele diz em um tom autoritário.

Ele me ajeita de quatro, me masturba roçando seu corpo em mim. Sei o que ele quer, e vai ganhar. Não precisa pedir.

[...]

Me levanto, suado, apalpando minha cama. Meu quarto está vazio e um leve som de chuva invade meus ouvidos. Não há ninguém ao meu lado.

Meu olho se adapta à pouca luz. Está escuro. Tarde da noite, pelos meus cálculos.

A chuva continua lá fora, olho para a janela, coloco as mãos sob meus lábios e sorrio. Há um perfume no ar. Eu volto a dormir.

O Garoto do Coração de Porcelana: um diário de sentimentosOnde histórias criam vida. Descubra agora