O COMPLEXO EM ESQUECER O QUE É COMPLEXO

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FAZ 5 MESES DESDE QUE TUDO MUDOU. MUDOU A PARTIR do momento em que você entrou na minha vida. Conceitos que jurei jamais mudar, despedaçaram-se no chão. Sentimentos que pensei nunca sentir surgiram rapidamente ao olhar em seus olhos selvagens. 

Me recordo de cada detalhe do seu corpo, das conversas, das discussões bobas sobre o que realmente éramos. Reclamações sem nexo da sua infantilidade e, agora, meses depois, questiono se eu também não era uma criança tola apaixonando-se perdidamente pelo primeiro brinquedo que ganhara. Coração fraco esse meu. 

Hoje, tudo o que restou daquela paixão de inverno foram os rápidos cumprimentos vazios e as farpas que ainda trocamos quando acontece um pouco de diálogo entre nós. 

Sei que essas palavras vão chegar até você e, quando chegarem, responda para mim: por que nos odiamos tanto quando no fundo sabemos que é amor?! 

Acredito que existe uma linha tênue entre o amor e o ódio, os dois não vivem um sem o outro, é o equilíbrio perfeito que o universo rege com maestria. Porém, eu vivo sem você. Sigo minha vida todos os dias, criando meu futuro, tijolo por tijolo, e sou homem o suficiente, forte o bastante para dizer que o queria aqui, mesmo com todas as suas imperfeições, parte por parte, com seus ideais malucos e opiniões fortes. 

Lembro-me daquelas noites de conversas longas... Lembrasse quando disse que o silêncio entre nós era bom? Que sentia-se confortável sabendo que eu estava do outro lado da linha te ouvindo? Tenho quase certeza de que você não pensa em mim do mesmo modo que penso em você, que quando coloca a cabeça no travesseiro, aquele Garoto do Coração de Porcelana é apenas passado, no máximo, uma mera lembrança ruim que você tenta apagar. Quem sabe, quem dera, alguém de quem você ainda sente falta e como sempre, não tem coragem de admitir. Deixou-me ir. Apenas me deixou partir sem um único adeus, sem um beijo de boa noite.

"Você se arrepende por ter ficado ao meu lado?" (Don't Forget, Demi Lovato)

Você disse: "esqueça-me com outro amor" e eu tentei. Tentei entregar meu coração novamente a qualquer um que estivesse disposto a suportar meus dramas. 

Eu juro que tentei. Esforcei-me para mostrar o meu melhor e também, que alguém me conhecesse ao natural; da minha luz até minha escuridão, que alguém visse cada pedaço de mim além do que você viu.

Não deu certo. 

Não escuto sua voz há muito tempo e, de repente, ouvi o som que ainda reconheço de longe. Aquele jeito sem graça de falar as coisas que pensa com tanta convicção, o sotaque que nunca perde e a imagem de um garoto nada comum.

Te ignorei por dias, exclui seu número, apaguei cada linha que comecei sobre você, mas dessa vez não posso. Preciso tirar de mim, não para que saiba – isso não muda absolutamente nada ou deleta tudo o que aconteceu, só que bem você sabe, que as palavras refletem aquilo que está apertado no meu coração, espelham um pedaço da minha alma que ainda clama por você. Penso, durante alguns lapsos de frustrações, que você até tenha esquecido meu nome ou aquelas aventuras; o modo como você sorria sentindo algo novo era esplêndido, aquelas aventuras, do café quente ao inverno infernal.

Quiçá naquela época eu ainda não compreendesse bem aqueles sentimentos confusos, agora, a certeza é que te amo porque cada parte de mim deseja que você seja feliz, e cada parte de mim ainda deseja você perto. É o grande complexo em esquecer o que é complexo. Não dá. Tem sido apenas impossível de explicar.


O Garoto do Coração de Porcelana: um diário de sentimentosOnde histórias criam vida. Descubra agora