{O suicídio} dia 16 de Março de 2018

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Cansei. Simples assim, eu faço tantas coisas horríveis, magoei meu namorado, meu pai não quer me ver na frente e agora todos na escola me chamam de vadia. A dor está me consumindo, e parece que estou numa areia movediça, quanto mais tento sair, mais eu afundo. Quanto mais eu luto, mais eu perco. Não vale mais a pena, não tem solução. Aliás, quem vai se importa se eu morrer? Ninguém, ninguém vai se importar, que diferença eu faço? Nenhuma. Vai ser apenas mais um túmulo ocupando espaço no cemitério, um túmulo abandonado, sem história alguma.  Eu simplesmente quero acabar com essa dor...

Fim do diário.

Livrineosunicornia narrando:

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Livrineosunicornia narrando:

Naquela madrugada, enquanto todos {mundo Todo} dormia, aquela menina solitária chorava baixinho em sua escrivaninha, ela estava escrevendo cartas, cartas de suicídio, uma para cada pessoa de sua vida. Ela começou por Enzo:

Enzo,
Eu sinto muito por não ter sido o suficiente pra você, me desculpe por magoar você, mas em momento algum eu menti pra você, meus sentimentos sempre foram verdade, eu te amo, todos me abandonaram e mesmo que eu não demonstrasse, aquilo me machucava.

Ela teve que parar pra ter uma de suas várias crises de choro que teve nessa madrugada, tentou se recuperar, o papel já estava molhado, ela pegou a caneta e voltou escrever.

Quero que seja feliz meu amor, eu sei que não vai sentir minha falta, vai se casar e ter filhos, torço por você, você tem um futuro magnífico. Eu te amo, desculpe por não ter feito mais pela gente, desculpe por não ter ido atrás, sou uma pessima ex namorada. Sempre vou amar você, mesmo indo descansar. Eu te amo.

Lih

Mais uma crise de choro, ela se tocou na cama e se cobriu, na tentativa de abafar o choro. Aquilo doía demais, e a única coisa que conseguia pensar era: Vai acabar hoje.

A próxima pessoa pra quem escreveu foi sua mãe, ela nutria um sentimento de raiva, a mãe dela sabia que ela tinha depressão e praticamente nem ligava.

Oie, mãe, desculpe me despedir desse jeito, quando acordar, vai ter uma surpresa, uma surpresa que poderia ter sido evitada se você tivesse abrido os olhos pra enxergar o que estava na sua frente. Eu sei que você me ignorava, várias vezes me viu chorar, dei pistas de depressão, mas você fingiu não perceber, por que, mãe? Você acha mesmo que apenas me dando comida vai fazer eu me sentir bem? Por favor, não me alimente mais então, em vez disso, deixe-me passar fome e me dê amor, era apenas disso que eu precisava, de um pouco de atenção. Apesar de tudo, eu amo você. Adeus, mamãe.

Lisa

A ideia de suicídio era maluca, muito maluca, e ela estava pensando:" Será que faço isso? Não tem mesmo outra saída?". Ela mesmo se deu a resposta: Não.

A próxima carta, foi a alguém que ela nem sabia se iria ler, mas escreveu.

Hello, papai, como você está? Veio (foi) ao meu velório? Chorou? Se importou? Apenas queria saber se sentiu um pouco de saudade, talvez. Pai, eu sempre tive o desejo de passar pelo menos 1h com você, de longe eu te amava, via suas publicações lindas com sua filha, e tudo que fazia por ela. Não podia fazer um pouco por mim? Não podia me amar um pouco, papai? O que fiz pra você? Eu sou tão ruim assim? Papai, papai, papai, a única coisa que queria era um abraço seu. Mas agora é tarde de mais.

Lisa

A última carta, a última decisão, a última palavra, o último ar inalado, o último vestígio de vida que restava no corpo de Lisa, foi se acabando.

Ela levantou de sua escrivaninha e foi até a janela, levantou o vidro, olhou a noite, admirou as estrelas e sorriu, respirou o ar da noite, estava fresquinho, não fechou o vidro, deixou o ar entrar, a última lágrima foi derramada. Ela foi até o banheiro, se olhou no espelho, tentou encontrar um último vestígio de vida mental, só encontrou dor. Pegou uns frascos de remédios, dos mais fortes que tinha, tomou 10 comprimidos, se olhou no espelho mais uma vez, pegou a lâmina que estava na pia, fez um corte profundo em sua barriga, passou o dedo no sangue e escreveu no vidro:

Nunca despreze um grito de socorro.

Sorriu ao terminar de escrever, ela queria ser lembrada, e como seria.

Começou a cortar seus braços, inclusive seu rosto, suas pernas e barriga, os remédios começaram a fazer efeito, deixando ela zonza, então pensou que havia chegado a hora,tirou suas roupas, ficou pelada e foi ate a cama, subiu, arrumou a corda no ventilador de teto, com um nó de força bem feito, ela havia treinado muito pra sair perfeito, e saiu, o nó era forte, ela colocou a corda no pescoço, esperou uns segundos, ainda acreditando que do nada tudo iria melhorar, que alguém viria salvar sua vida e dizer que ia ficar tudo bem, mas aquilo não era um filme, não tinha um final feliz, não tinha herói, muito menos encenação, aquilo é a vida, que muitas vezes é confundida com uma brincadeira, um jogo, um filme, e ela estava cansada de brincadeira, ela pulou, pulou da corda, sentiu um mal estar, um sufoco no pescoço, e morreu.

No silêncio da noite, uma jovem se suicidou, uma jovem com sua vida inteira pela frente, decidiu acabar com tudo, mas ela não queria morrer, queria apenas matar sua dor.

Depois da minha morteOnde histórias criam vida. Descubra agora