Grett realmente se esforçou para ler. Leu páginas e até capítulos, mas sentia os olhos cansados.
- O que diabos? – murmurou. – O queres, meu Criador? – sussurrou. – O que devo fazer? Não sinto mais aquilo em meu peito. Não enxergo mais nada além do nevoeiro. Não possuo mais conexão neste mundo? Com esta vida? Por que... – fora interrompido por um grito cômico. Ignorou e tentou retomar sua prece. – Por que... – ouvira uns barulhos estranhos, como pés batendo e escorregando, ou tropeçando. – Céus! – murmurou, apertando a têmpora.
Fechou o livro, ergueu seu corpo como um pombo e se dirigiu a porta. Percebeu que Lorenti não estava lá para acabar com a barulheira.
- Trabalhadores inúteis – Grett rangeu os dentes.
Aproximou-se da porta, e ergueu a mão para abri-la e descontar todo seu drama patético nas pessoas do lado de fora, mas fora impedido. Algo bateu muito forte contra a porta, e ele retrocedeu. Sentiu seu coração bater como um estrondo no peito.
Franziu as sobrancelhas e estreitou os olhos. Que sensação estranha.
A porta, então, abriu de supetão. Grett vira um grupo de pessoas caírem como tabuas no chão. Uma em cima da outra, até se esparramarem. Seu coração batia mais forte, acelerado. De repente sentiu uma curiosidade enorme, fazia tempo que não sentia isso.
Percebeu que eram mulheres caídas, e mulheres resmungonas. Sem se preocuparem com o que pensariam das palavras que saíam de suas bocas, percebera ele, já que os palavrões e blasfêmias não eram discretos.
Ele deu um passo à frente, não entendera por que. Seu corpo estava agindo sozinho, e Grett nunca segurava seu corpo instintivo.
Abaixou-se um pouco, observando cada detalhe das mulheres estranhas.
Elas se ergueram nos cotovelos, olhando ao redor – provavelmente tentando ver se estavam encrencadas –, depois ergueram o olhar. Grett viu tudo como se fosse em câmera lenta. Quanto mais seus olhares se aproximavam dos olhos de Grett, mais ele sentia seu coração bombear adrenalina. Seu corpo todo parecia tremer.
Quando os olhares dos seis se encontraram, Grett sentiu. Dentro de seu corpo, dentro da sua mente, dentro de seu coração, dentro de sua alma.
Rapidamente tudo em sua mente começou a pegar fogo, começou a funcionar. Sua mente viajava por todos os lados do mundo, por todas as eras e épocas, por todas as lembranças e acontecimentos.
Viu os raios solares queimando e iluminando o céu, depois o sol navegando por entre as nuvens. Viu a lua abraçando as estrelas e iluminando a escuridão. Assim como o brilho luar e solar iluminando o corpo dos pássaros.
Viu os campos cheios de gramas de um verde vivo, com águas por todo o mundo. E os animais correndo a toda velocidade e vivacidade, como se não houvesse limites.
Viu o nascimento da vida, o ser humano, o ser Universal, a morte, e a renascença. O brilho no olhar de cada ser, até o mais condenado. Os ventos bagunçando os cabelos do Criador, e luz brilhando na condenação da vida.
Também viu as cidades e reinos do mundo Universal. Várias pessoas dançando e sorrindo, assim como lutando e caçando.
Vira tudo aquilo através dos olhares das garotas. Percebera, então, que eram apenas garotas. Mesmo não vendo nada mais além de seus olhos. Todos aqueles olhos. Um par de olhos amarelos, outro de olhos rosa-claro, olhos laranja-claro, olhos azuis e olhos escuros.
Olhos tão protetores, delicados, vívidos e divertidos. Havia uma ferocidade na presença delas, que ateava fogo na alma de qualquer pessoa.
Então Grett soube. Soube que elas eram especiais. Soube que algo naquelas garotas tinha um propósito, que nada no mundo iria mudar a estrada e jornada daquilo.
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Totalmente sem revisão XD
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O Sangue do Impuro
FantasyEsse é o mundo Universal. Um mundo tão grande, cheio de magia e batalhas. Cinco meninas, mais conhecidas como as Damas da Floresta, vão lutar com todas as suas forças para descobrirem o que carregam dentro de si. Lado a lado de criaturas tão difere...