Era uma manhã de inverno como outra qualquer, 8h30m, o sol encoberto por nuvens cinzas como de costume, os únicos feixes de luz que conseguem atravessá-las, refletiam direto nas poças de água de chuva que haviam se acumulado na noite anterior.
Eu acabara de acordar, ainda encontrava-me deitado em minha humilde cama sem expectativas nenhuma de sair dali. Ao lado há uma grande janela e é através dela que eu olhava o mundo lá fora. Você deve pensar que sou um preguiçoso nato, que deixaria de lado todas as obrigações, só para poder ficar o dia inteiro deitado em uma grande-confortável-macia-aconchegante cama, devo admitir que você acertou em cheio. Eu tinha que levantar, uma força maior me obrigava a cometer esse ato terrível, o nome dela nada mais que menos era fome.
Eu moro sozinho desde que completei meus 18 anos, hoje eu tenho 21. Você deve tá se perguntando o "por quê" ou deve está achando-me o maioral por ter decidido morar sozinho ao completar os tão sonhados 18 (quem me dera fosse assim). Bem, perdi meus pais ainda jovem, quando eu tinha apenas 6 para 7 anos (na versão que me contaram), desde então passei a morar com alguns familiares que me restavam, nenhum deles queriam-me de verdade, a julgar pelo ocorrido, nenhum deles queria adotar uma criança órfã, sobrevivente de um acidente misterioso até para a polícia e arcar com as despesas do mesmo, mas o que me deixava intrigado, era o fato de ao mesmo tempo que não me queriam por perto, faziam de tudo para me esconderem do mundo. Nessa troca constante de família, chegou o dia em que fui "acolhido" pela Casa quando já tinha meus 10 anos. A Casa é uma grande organização de apoio à famílias ou crianças em situações precárias, se assim podemos dizer. Lá recebemos todo o tipo de "privilégios", desde moradia, comida, roupas e aprendizagem. Nunca soube de onde vinha tanto dinheiro para sustentar as inúmeras pessoas que lá viviam, também nunca me preocupei com isso.
Não tenho memória nenhuma do acidente, única coisa que lembro é de acordar numa ala hospitalar sozinho, com frio, com bastante dor e cheio de aparelhos ligados em mim. Comecei a chorar como toda criança assustada, chamando por meus pais. — M-mama, P-papa... — mas ninguém estava lá para me responder. Lembro de ver duas pessoas - enfermeiras eu acho - entrando no quarto depois de alguns minutos e aplicando-me alguns sedativos para que assim eu parasse de chorar e chamar pelo nome de meus pais, esses que nunca mais me responderam de volta. Devido aos sedativos, eu estava confuso, nem acordado e nem dormindo, apagando e despertando, lembro de ouvir vozes. — O que você pretende fazer? Você não deve interferir... Vamos, temos que ir agora. — disse umas das vozes. Se a outra pessoa presente disse algo, já era tarde demais, eu já estava em um sono profundo. Acordei depois de alguns dias, sem dor e sem os aparelhos que estavam ligado em mim. E essa é a última lembrança que tenho de minha estadia no hospital.
Ainda não me apresentei, prazer Noah Von Rose, futuro Detetive de Magia. Sim, você não leu errado, M-A-G-I-A. Vivo em um mundo onde a magia é algo normal, algo que faz parte de nós seres humanos. Algo mais normal que ter um coração, se assim posso dizer. Hoje será meu primeiro dia na Academia de Brigada onde irei conhecer o meu "Fantasma", além de estudar pelos próximos 5 anos.
Os fantasma são frequentemente vistos como pessoas mortas procurando por vingança, ou que foram aprisionadas na Terra por atos ruins que praticaram durante a vida. A necromancia é a forma de trazê-los de volta a vida e assim firmar o contrato, algo que aprendi na teoria no meu último ano ainda na Casa, isso a três anos atrás, lembro de alguma coisa? Não. Nesse meio tempo arrumei um emprego numa empresa de fast food e estudei para as provas de admissão. Falhei nas duas primeiras, mas na última, conseguir passar. Ufa.
Levantei da minha humilde cama e fui direto para cozinha preparar algo para comer, a fome já estava me matando. Não escovo meus dentes assim que acordo, veja minha lógica: para que escovar os dentes se irei comer e suja-los novamente? As vezes acho que sou a reencarnação do Aristóteles por pensar assim. Sim, você ficou sem palavras.
YOU ARE READING
O Herdeiro do Rei.
FantasyHistoria aclama pela critica e amada pelos fãs antes mesmo de ser lançada. O Herdeiro do Rei te leva direto para um mundo de magia. Humanos lutam lado a lado de seus parceiros, seres fantasmagóricos, esses sendo seus receptáculos de mana. Noah Von...