O Herdeiro do Rei.

Capítulo 5: Enfermaria, Eunji & Wiccas.

Acordei na enfermaria do castelo com Khelani sentada numa cadeira ao lado de minha cama, ela segurava minha mão direita e dormia. Eu não sentia dor, apesar de meu corpo está cheio de ataduras e curativos, muito menos entendia o porquê de esta ali.

A garotinha ruiva entrou no quarto sorridente, atrás dela vinha outro garoto, pensei que fosse o Eliphas, mas olhei direito e não era. Quando percebi quem era, abrir a boca e disse o seu nome.

— Eunji. — ele apenas caminhou despreocupado em minha direção.

— Quem? — perguntou parando na frente da cama.

Como assim "quem"? Eu não sabia o que dizer, ele continuava me olhando com aqueles olhos estranhos. Sua feição parecia diferente do que vira antes, sem emoção, sem sentimentos. O silencio tomou conta do quarto por alguns segundos, pareceu uma eternidade. Eu queria dizer algo, mas uma força maior me impedia. Minha voz não saia de dentro de mim. Sentir minha mão direita se esquentar.

— NOAH! A-ainda bem! — Khelani tinha acordado. — Eu estava com medo. Não me assusta assim. Eu não ia suportar perder você. — ela chorava, muito por sinal. Sua cabeça afundou em meu peito, levei minha mão direita para suas costas dando-a alguns tapinhas e a esquerda para acariciar sua cabeça. Eu queria rir, achei a cena engraçada, mas logo meus olhos voltaram para Eunji, ele continuava a me olhar estranho.

— Você não vai me perder, Khelani. Estávamos juntos ontem e continuaremos juntos todos os dias. — disse tentando reconforta-la em meus braços. Ela levantou enxugando as lagrimas e me olhou de forma suspeita, sentir os cabelos de minha nuca se arrepiarem, e não foi de uma forma prazerosa.

— Noah, você esteve dormindo por quase uma semana. — disse ela. — No ritual, você foi o único que levou mais tempo para voltar. Da mesma forma que todos caíram dormindo ao mesmo tempo, voltamos a acordar. Juntos. Menos você. Quando eu acordei, você estava gritando de dor, se contorcia no chão, o diretor Lynn e a Deusa não nos permitiram ajuda-lo. Eu entrei em pânico. Você ficou assim por 2 dias seguidos, até que ele — apontou para o Eunji. — saiu do cristal. Logo em seguida houve uma grande explosão na ala sob investigação. Parte do teto teria caiu sobre vocês dois, mas ela os protegeu. — agora ela apontava para a garotinha. — Eu não tinha mais permissão para ficar lá com você, mas foi isso que nos contaram.

Aquilo me acertou como um grande soco no estomago. Minhas mãos começaram a tremer, algo estava errado comigo, uma forte ânsia de vomito percorreu meu corpo, minha cabeça doía muito. Khelani me olhou assustada e tentou me ajudar, mas foi à garotinha que tomou sua frente. Colocou uma das mãos em meu rosto e o acariciou suavemente. Seu toque também era quente assim como o de Khelani, mas o dela me deixava calmo. Sentir meu corpo mais uma vez leve, ela sorria. Seus lindos e longos cabelos vermelhos emitiam um brilho, pensei está alucinando, vendo coisas. Lagrimas desciam por meu rosto, sorrir de volta. Aos poucos fui adormecendo mais uma vez.

Já estava escuro quando acordei mais uma vez. O inverno em Pólen tende fazer com que os dias sejam curtos e as noites longas. Sentia um pouco de frio. Pensei está sozinho no quarto, mas ele estava lá sentado na cadeira me olhando. Eunji. Olhava-me, parecia estudar meu rosto, corei, mas estava escuro para que ele percebesse isso. Ele continuava calado, aquilo estava me sufocando aos poucos. Odeio quando as pessoas ficam me olhando. Não gosto de ser o centro das atenções, sinto minha pele formigar. A dor em minha cabeça ainda estava lá, levei a mão direita até ela em sinal de desconforto.

— Sua cabeça dói, não é? — disse ele finalmente. Sua voz saiu um pouco áspera e rouca. — Talvez eu seja a causa desse desconforto.