Fazia calor, estava desorientado. Minha boca seca era difícil respirar. Aquela sensação era nova para mim. Levantei do chão, olhei ao redor e não reconheci o lugar. Estava na frente de uma casa bem simples de madeira e palha. Avistei um tonel com água, não resistir. Enquanto matava minha sede, ouvir vozes vindo dos fundos da casa fui a sua direção. Duas crianças brincavam com espadas de madeira. A criança maior, um menino de cabelos brancos batia com força na menor, outro menino de cabelos pretos. Aquilo doía, mas ele não expressava sinal de dor. As crianças não notaram minha presença, continuaram a brincar. Sentei-me em um pedaço de tronco que havia ali. Observava a brincadeira saudável dos dois. A brincadeira acabou quando um corte foi feito no rosto da criança menor. Dessa vez uma expressão de dor veio em seu rosto. Notei lagrimas se formarem em seus olhos. A criança maior sorriu com maldade vendo o que tinha feito. — Fraco inútil! Homens não choram. Vai ir chorar na saia da mamãe? Oh, esqueci que você não pode fazer isso. — disse dando as costas e entrou na casa rindo.
O garotinho agora enxugava as lagrimas que desceram por seu rosto, se negando a deixar que outras seguissem o mesmo caminho. — N-não sou fraco. Inútil talvez, mas fraco não. — disse ele. Eu rir da ultima observação dele. Ele então se virou em minha direção, assustei-me. Ele devia ter uns oito anos, mas sua expressão não era algo que se via em um rosto de uma criança de sua idade. O corte ainda descia sangue. Ele passou a mão para limpar, mas isso só fez espalhar o sangue por seu rosto ainda mais. Aquilo deveria está doendo. Caminhou em minha direção e sentou-se ao meu lado. Não disse nada. Ele tinha os olhos puxados, deduzir que tivesse descendência asiática. Quando abrir a boca para dizer algo, ele se virou e me olhou com aqueles olhos escuros. — Você não deveria está aqui, sabia? — não entendi o que ele quis dizer. Segurando a espada ainda com a mão direita, ele a me entregou. — Talvez precise. — antes que eu a pegasse, ele passou o sangue do rosto nela. Assim que segurei a espada com a mão, sentir a mesma sensação de antes, tudo girou e cair para trás. Notei a criança se levantar e ir em direção a casa.
Estava escuro. Era uma caverna. Um feixe de luz vinha em minha direção. Uma tocha. Duas. Três. Pessoas. Assustei-me quando as vi chegando perto. Não tinha para onde correr. Aproximaram-se, quatro pessoas, três delas seguravam tochas, a quarta apenas seguia entre eles. Seu traje era diferente dos demais. Vestia uma espécie de roupa de couro nas cores cinza e marrom, seu peito estava despido. Uma capa vermelha. Em sua cabeça havia outra cabeça de um animal morto, um lobo, usava como uma touca, um capacete, sei lá. Estremeci. Seus cabelos brancos caíam sobre os ombros. Era barbudo, os pelos brancos também. Segurava uma lança na mão direita e um escudo na esquerda. As outras três pessoas usavam roupas preta e vermelha. Cada um tinha uma espada junto à cintura. Passaram direto por mim, sem notar minha presença. Os segui adentrando ainda mais na caverna. Paramos quando chegamos numa grande porta. Um buraco no teto permitia que a luz da superfície entrasse e fosse em direção a grande porta. As tochas foram apagadas. Notei que a porta apresentava vários desenhos, símbolos, runas e algum idioma que não fazia sentido para mim.
O quarto homem então tomou a liderança, parando na frente dos outros três. Entregou seu escudo para um deles, usando a mão livre desenhou um símbolo no ar e disse algo, não entendi, nunca ouvira aquelas palavras. O chão começou a tremer, pedras caiam do teto, a porta se abriu. Pegou novamente seu escudo e seguiu em frente. Pude notar um odor forte vim de lá de entro. Tudo que comi no almoço quis sair pela minha boca. Virou-se para trás e disse: — Esperem por mim aqui. Não deixe que ninguém entre. Não irei demorar, é apenas uma visitinha para meu ente querido. — os homens balançaram a cabeça em positivo. Antes que a porta fechasse-se, eu já estava ao lado do quarto homem, olhei para trás assustado, sem entender o que tinha acabado de acontecer. Assim que a porta fechou-se, um grande cristal iluminou parte da grande sala. Agora ao seu lado pude nota o tom de sua pele, era cinzento, várias cicatrizes em seu rosto, braços e peito. Minha presença ainda era nula ao seu lado. Ele caminhou até uma plataforma de pedra e deixou a lança e o escudo lá. Agora indo em direção à parte escura, ele sorria. — Como está se sentindo hoje? — perguntou. Procurei sinal de vida, alguém que pudera está ali, mas apenas via escuridão. — Sentiu minha falta, querido irmãozinho? — mais uma vez ninguém respondeu. Percebi que havia uma grande corrente no chão, presa na parede do outro lado. O homem então a segurou com força e puxou. Algo se mexeu, algo grande. — Estava dormindo, irmãozinho? Desculpa-me se te acordei. — riu alto. Uma grande sombra se movia de um lado para o outro balançando a corrente. De repente grandes olhos brilharam na escuridão. O homem agora desenhava vários símbolos no ar e grandes círculos mágicos. Os símbolos assim que passavam por dentro dos círculos, transformava-se em grandes bolas de fogo que ia em direção aos grandes olhos brilhantes. Em um movimento rápido um vulto as interceptou no ar. As bolas explodiram. Cair no chão gemendo de dor, meu braço direito latejava. Notei a espada no chão. A grande sombra agora se revelava saindo da escuridão. Primeiro um focinho, depois grandes patas, um grande lobo acorrentado. Ele mancava, pude notar o sangue jorrar de sua pata direita. Ele uivava de dor. Assim como eu que gemia. O homem mais uma vez lançou as bolas de fogo em sua direção, elas atingiram sua lateral, a criatura uivou ainda mais, e eu também, a dor era tanta, olhava para meu peito e não via nada. Apenas sentia dor, muita. O grande lobo então avançou em sua direção, mas as correntes não deixaram, elas brilharam em um tom vermelho. — Awnt, tadinho! Está com raiva hoje. Adoro esse humor. — disse o homem rindo ainda mais. Sua risada ecoava na grande sala. — E então, vai dizer onde estão ou não? Você sabe que odeio ter que machuca-lo. — silêncio. Levantei do chão. — Conseguimos a mana décadas atrás, o plano está indo como planejado, mas um obstáculo nos impede de seguir adiante, você e aqueles Deuses. Imundos. Egoístas. — disse novamente cuspindo no chão. A criatura então diminuiu de tamanho, transformando-se em um garoto. Estava despido dos pés a cabeça. A corrente também diminuiu de tamanho, algemas em seus braços e pernas prendia-o na parede. Ele caminhou indo até o grande cristal iluminando seu rosto, era familiar, o garotinho de antes. Agora não tão garotinho assim. Se é que me entende.
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O Herdeiro do Rei.
FantasiaHistoria aclama pela critica e amada pelos fãs antes mesmo de ser lançada. O Herdeiro do Rei te leva direto para um mundo de magia. Humanos lutam lado a lado de seus parceiros, seres fantasmagóricos, esses sendo seus receptáculos de mana. Noah Von...