— Foi um dos melhores filmes que vi em MESES! — Exclamou Amanda, derramando um pouco mais de vinho no copo de vidro caro da mãe, feito para se tomar whiskie. — É fantástico. Poético e sombrio ao mesmo tempo, exatamente do que eu precisava!— Bem, eu disse que tinha um ótimo gosto para filmes. — Sorri satisfeita. — Resta você me acompanhar mais vezes ao cinema e largar o seu namorado. — Pisquei como uma boneca.
Amy tirou algumas mechas do rosto com um sopro e me encarou.
— Você declarou guerra ao meu namorado há seis meses, Murphy. Esse tipo de conflito me custa parte da minha sanidade e alguns dólares toda semana com shots de tequila. Quando meu fígado parar, acho bom que me doe parte do seu.
Gargalhei enquanto chupava o sal da pipoca dos dedos.
— Eu não tenho culpa se o seu namorado é um idiota machista que por acaso apoia Republicanos. Não sei como você o aguenta. Aliás, eu não sei nem mesmo como o próprio se aguenta.
— As pessoas fazem escolhas ruins, Murphy. Nem mesmo você está salva disso. — Deu de ombros enquanto tirava o DVD de Watchmen do aparelho.
— Oh minha querida, eu te garanto que estou salva sim, salva e de bem com a minha própria consciência porque eu não voto em tiranos idosos alaranjados. — Sorri docemente.
Nos encaramos por alguns segundos em uma pequena batalha para ver quem cederia primeiro. Minha melhor amiga podia ser linda e cruel quando queria, principalmente quando prendia os fios castanhos claros e usava lenços coloridos na cabeça, como fez naquele dia. Ela tinha uma certa tendência a usar seu poder como filha única e cheia de dinheiro para me intimidar e ganhar nossas bobas discussões, mas se tratando do novo namorado de Amanda, eu não cederia tão fácil.
— Qual é, Murphy! — Exclamou, tirando os óculos de aro fino do rosto em seguida. — É uma rixa infantil e você sabe disso.
Penteei os cabelos para trás das orelhas e me afundei mais no sofá fofinho dando aquele round por vencido.
— Não, Amy, é pessoal. Se tornou guerra no instante em que o maldito me chamou de puta mal amada. Isso é muito pessoal.
— Ele já pediu desculpas. — Encolheu os ombros. — Mais de uma vez.
— Não interessa. Um homem que taxa uma mulher de puta não vale as cuecas em que sua as bolas. — Peguei o copo inacabado de Amy e virei de uma vez só. Como era fraca para bebida, imaginava que se fosse beber, que fosse em casa na segurança de um sofá e de um chuveiro no corredor seguinte. — Meu lado feminista não suportaria perdoá-lo na sua frente sendo que eu o xingo todos os dias nos meus sonhos enquanto vocês transam na casa dele.
Amanda bufou. Era comum em nosso relacionamento atual que dissemos toda e qualquer pequena coisa, por mais idiota que fosse, uma para a outra. No início eu tive receio, porque Amy era filha de Oriane Bowman, estilista famosa e a melhor organizadora de eventos filantrópicos de Manhattan. Amy carregava certo ar de nobreza, como se o fato de ser podre de rica nunca conseguisse sair de sua postura, por mais que aquilo nunca tivesse sido um problema real. Amanda era uma mulher incrível e se não fosse pelo apartamento estar constantemente cheirando a perfume caro, eu nunca zombaria em sua cara sobre o quanto ela poderia ser fútil, se assim desejasse.
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A Lei de Murphy (HIATUS)
Storie d'amore[História em hiatus indeterminado] Danielle Murphy é uma otimista incurável. Estudante de música da Juilliard School em Manhattan, Murphy sempre fez de suas desgraças pessoais, lições de vida de uma jovem mulher com o sonho de se tornar uma grande...