V | Smile

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Táxis em Manhattan eram uma bonita e descarada mentira contada pelos filmes de Hollywood para os turistas

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Táxis em Manhattan eram uma bonita e descarada mentira contada pelos filmes de Hollywood para os turistas.

Além de caros, a disponibilidade era quase zero, e quando se tinha alguma sorte de conseguir um, os motoristas geralmente estavam estressados demais para serem simpáticos.

O taxista parado no meio fio, no entanto, me acolheu bem quando cheguei perto com minha melhor expressão de cachorro sem dono. Deveria ter por volta dos 60 anos e segurava firmemente um corpo de café fumegante nas mãos gorduchas. Minha mala foi posta gentilmente no porta malas e eu entrei no carro um segundo depois, com vontade de sumir.

— Dia difícil? — Perguntou olhando pelo espelho retrovisor.

— Difícil é eufemismo. — Comentei imaginando que deveria estar com uma cara péssima. — Parece que eu não consigo fazer nada certo. As coisas simplesmente foram por água abaixo em um piscar de olhos…

O taxista bufou baixinho.

— Sei bem como é. Mas sabe criança, as coisas se ajeitam. Uma hora tudo se ajeita. E lhe digo mais, nada acontece por acaso. Deus nunca dá um fardo maior do que o que podemos carregar. — Sorriu.

Não seria indelicada e diria que não estava tão certa da existência de Deus, por isso somente sorri de leve e agradeci baixinho.

O trajeto durou pouco, minutos depois eu estava entrando no gigantesco complexo de prédios comerciais do bairro Midtown Manhattan. Os prédios cercavam cada canto do terreno por perto, e eu mal podia ver o céu dali de fora. O lugar onde Tyler morava era de dar inveja, com um hall tão grande quanto uma piscina olímpica, com aquelas lindas portas giratórias de vidro, onde eu morria de medo de ficar presa. O motorista deixou minha mala na porta, se despedindo rapidamente em seguida.

Enquanto entrava carregando minha mala ridiculamente pobre e gasta, xinguei Tyler mentalmente por me fazer passar por aquele lugar sem alguém por perto, uma vez que sentia os olhares dos seguranças em mim a cada novo passo que dava. Quando cheguei à recepção, contra a minha vontade, apresentei minha melhor expressão esnobe e encarei o homem atrás do balcão de granito escuro, mascando um chiclete que tinha aberto no taxi de maneira ruidosa, conforme Tyler tinha me instruído. Embora tivesse achado besteira no início, o conhecia bem o bastante para saber que ele provavelmente estava falando bem sério quanto a se ter uma entrada facilitada por ser mulher, citar seu nome e encarnar uma deusa sexual.

— Espero que Tyler tenha avisado que eu viria. — Eu disse simplesmente enquanto exibia o chiclete por entre os dentes.

O homem com um rosto de lua e olhos azuis semicerrou-os de leve enquanto me analisava.

— Vai aguardar o senhor Hargrave no hall, senhorita? — Questionou cruzando os braços.

Pigarreiei teatralmente.

— Meu querido, eu por acaso tenho cara de quem espera em halls? — O encarei enquanto ele se preparava para responder positivamente. — Não diga nada! — O interrompi.

A Lei de Murphy (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora