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11/04/2012

Assim que a coordenação anunciou que Hyunjin se suicidara, alunos se sensibilização juntamente ao corpo docente. Semanalmente, psicólogos e psicopedagogos nos visitavam, dispostos a evitar qualquer outro tipo de tragédia. Foi um período tempo, ainda que bem aproveitado, diversos alunos tendo a oportunidade de desabafar sobre as próprias mágoas, histórias finas como cortes de papel, frágeis feito galhos de amoreira. A maioria de nós nos envolveu em atividades objetivas e sucintas sobre suicídio, depressão, ansiedade...

O meu incomum silêncio diante da movimentação resultou na desaprovação, olhos encarcerando minha carcaça destroçada. A verdade era que eu não podia fazer aquilo, mesmo que me compadecesse da situação, os golpes me desestruturando, manchadas e envenenadas de culpa.

Eu não conseguia. Não podia.

Desferi um tapa no meu rosto, largando a xícara de chá na pia da cozinha. A tarde findava intensa no brilho, alaranjada, remendando degrades rosados e nuvens. O lar da lua fria, afiada nos pesadelos e horas mal dormidas. Suspirei.

Agarrado ao cobertor verde musgo, desci as escadas com os materiais de artes nos braços e adentrei o estúdio de mamãe. Ela era uma pintora por hobby, embora esbanjasse talento nato, pintando com pouca frequência. Perguntei se tinha problema se eu passasse a madrugada ali e ela respondeu que não, mas só porque era dia onze e porque ela entendia a brutalidade de se debater sob a crescente.

Suspirando, aliviado, afastei-me da tela e agachei, analisando o comprimento. Eu sabia exatamente o que queria pintar.

Enviei sinais mentais, minhas mãos ágeis e determinadas, colorindo a imensidão branca. Movimentos largos, eu pensando nos bilhetes, tsurus, aviões, balões, sólidos como os pincéis na ponta dos dedos, me apercebendo dos detalhes. Um sentimento corrosivo e pesado, iluminando com ambiguidade.

Afastando-me da tela, vejo a obra que fiz, as palavras que despejei.

ㅡ Eu espero que possa me perdoar, onde quer que esteja ㅡ sorrio enquanto analiso o farol, grandioso e iluminado. Na beira, um corpo, segurando tsurus. Há pétalas de cerejeiras voando em direção a certas ilhas anexas, com aviões de papel enterrados na areia. ㅡ Por agora, exista. Não fisicamente, muito menos em meus pesadelos ou culpa profunda. Apenas exista nessa tela. Exista nas limitações de sua beleza e significado, porque é com todo o meu coração.

É Kim Hyunjin no farol.

A garota que tirou a própria vida por minha causa.

ㅡ onze dias. loona + nctOnde histórias criam vida. Descubra agora