ㅡ onze dias. loona + nct

02

11/01/2012

Certa vez, ouvi de minha tia avó que a sua alma pesa o tanto quanto o perceptivo e o respondente.

Minha alma pesa equivalente mil corações inanimados, fisgados do lago da morte. Pobre pescador, pobre homenzinho...

Os corações jazidos carregam histórias vívidas e movimentadas; tristes e petrificadas. Mas, acima de qualquer coisa, existentes. E então me pego na maldita mania de achar que a matéria ao meu redor se limita apenas as beiras de meus olhos.

Pensando nisso, termino de escrever a carta perfumada de lavanda e a dobro delicadamente ㅡ deixo uma mensagem de mãos dadas com palavras doloridas e melancólicas. O envelope é azul bebê, tão suave quanto o suspiro da flor que desmanchou debaixo da terra, no seu descanso, rouxinol pequeno. É tão pequenina que cabe na palma da mão. O propósito é este, de qualquer forma; uma pequena carta de poucas e sinceras palavras.

Levanto-me e a penduro na ponta do último tsuru¹ de papel antes que seja tarde. A droga da captura de sonhos e possíveis aspirações.

ㅡ Renjun, querido? ㅡ mamãe surge detrás da porta improvisada do quarto. A tristeza em seus olhos se pendurando no abismo. ㅡ O café da tarde está na mesa. O que está fazendo?

Brinco com os fios de náilon enrolados em vários tsurus feitos por Hyunjin e sorrio amigavelmente, mesclada ironicamente à penas leves, antes de corresponder à tristeza sofrida nos olhos de minha mãe.

ㅡ É dia onze, mamãe ㅡ a risada fraca escapuliu numa dor profunda.

E ela sabe que não preciso dizer mais nada.

[...]

¹ O Tsuru (em japonês 折鶴), também conhecido como orizuru é um tipo de origami considerado um dos mais tradicionais da cultura japonesa.