Capítulo 10

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SAFIRA

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SAFIRA

As flores florescem na primavera

Senti o calor do abraço de minha avó logo cedo pela manhã. Sua vinda pareceu providencial, porque eu estava mesmo precisando ouvir seus bons conselhos e tomar umas doses do seu delicioso chá.

— E como você está? — quis saber, enquanto passeávamos pelo nosso quintal. Era o ambiente mais tranquilo da casa e me lembrava da época em que a vovó e o vovô ainda moravam em nossa cidade e vinham todos os fins de semana para o nosso almoço ao ar livre, projetado ali mesmo onde estávamos.

Sentei em um banquinho de madeira que papai havia construído para mim quando criança. Dona Adelina encaixou-se ao meu lado.

— Para a senhora eu não posso mentir. — Soltei o ar que parecia estar preso há séculos em meus pulmões. Alívio imediato. Dali, podíamos observar Bryan brincando com alguns carrinhos debaixo da casa da árvore. Ele ainda estava doentinho, mas tinha energia suficiente para brincar, independente de qualquer coisa. — Eu fui suspensa da escola.

Vovó arqueou as sobrancelhas.

— Mas não fiz nada muito ruim... — Cocei a cabeça. — Pelo menos acho que não. Eu só...

— Não é sobre o que você fez ou o que aconteceu, querida. É sobre como você está.

— Mas a senhora sabe que eu já não tenho crédito nenhum com meus pais. E agora as coisas vão piorar... — Tapei meu rosto com as mãos, deixando minha decepção transparecer. — É, acho que não estou bem.

Minha vó segurou em minha mão e respirou fundo.

— E o que você faz para mudar isso?

Pensei na resposta, mas não consegui. Talvez eu não quisesse mudar nada.

— Não é tão simples. Não é possível ter liberdade e ser filha dos meus pais ao mesmo tempo. Eu não consigo, eu não posso deixar tudo o que quero para fazer a vontade deles.

— Já parou para pensar que não se trata simplesmente da vontade deles?

Esperei, de cara feia, o restante de sua fala, mas ela não veio.

— Vovó, o Deus que eu acredito é um Deus de amor. E que me deixa livre também para fazer minhas escolhas.

Ela sorriu, sem concordar ou discordar.

— As flores florescem na primavera, Safira, mas antes elas têm que resistir a um inverno danado. Todos nós passamos por essas estações e com você não seria diferente. — Vovó me puxou para um abraço apertado. — Só espero que suas raízes sejam fortes o bastante.

Tentei compreendê-la, mas tudo ficou mais confuso. Será que quando a pessoa fica velha começa a aprender uma nova língua cheia de enigmas?

— Não entendeu, não é? — Afirmei com a cabeça e ela riu. — É mais profundo do que eu pudesse descrever.

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⏰ Última atualização: Jan 16 ⏰

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