Prólogo

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A noite era fria e o vento uivava forte nas janelas. Uma tempestade ameaçava chegar a qualquer momento. A pequena Evie se encolheu na cama, agarrando sua girafa de pelúcia com uma força um tanto sobrenatural para sua idade.

— Mamãe, eu estou com medo. – Disse a pequena menina dos olhos brilhantes. A jovem mulher apenas sorriu e fechou as janelas.

— Não tenha medo, minha pequena Evie. É apenas uma tempestade se aproximando. – A mãe tentou acalmá-la.

— Não gosto de tempestades! — A pequena Evie respondeu ainda inquieta e inconformada.

— Você me lembra muito uma pessoa. – Sorriu ao aproximar-se mais de sua filha.

— Que pessoa? – Perguntou Evie curiosa. – É o papai? – Seus olhos se enchiam de esperança, mas a mãe apenas deu um sorriso fraco.

— Sim. – Respondeu por fim. – Você se parece muito com o seu pai. – Continuou.

— Como ele é, mamãe? – Perguntou saltitante, já se esquecendo da tempestade que ameaçava chegar.

— Vou te contar um segredo. – Ela cobriu mais a filha, que estava animada demais. – Mas, precisa prometer que não vai contar para ninguém, está certo? – A menina apenas assentiu com a cabeça. – Bom, seu pai é alguém muito poderoso...

— Tipo o Bill Gates? – Interrompeu Evie, curiosa.

— Mais poderoso que o Bill Gates. – Continuou e sorriu. – Seu pai é um imortal.

— O que é um imortal? – Perguntou confusa.

— É alguém que nunca vai morrer. Jamais. –Completou por fim.

***

10 anos depois...

Evie

Ser uma adolescente de 16 anos já não é nada fácil. Agora, ser uma adolescente e recém-orfã já parecia castigo dos céus. Minha vida havia virado de cabeça para baixo do dia para noite. No fundo eu sabia que isso poderia acontecer a qualquer momento, minha mãe não estava nada bem da saúde e estava ficando cada vez mais fraca. O oncologista disse que era o melhor, no final, pelo menos ela não sofreria mais.

Eu apenas precisava encontrar algum familiar que me desse abrigo pelos próximos dois anos, antes que o conselho tutelar me pegasse, o que parecia uma missão impossível, já que minha mãe não tinha ninguém. Ou pelo menos, não que eu soubesse.

— Talvez eu encontre alguma coisa no quarto dela. – Falei com Fish, meu gato preto de dois anos. Ele apenas ronronou. Seria assustador se ele me respondesse.

Ir ao quarto da minha mãe me trazia lembranças dolorosas, mas eu precisava enfrentá-las para o meu próprio bem. Comecei pelas gavetas do criado mudo, não havia nada além de receitas de remédios e tampas de canetas – sem as canetas. Esse era o hobbie preferido de minha mãe – colecionar tampas de canetas. Não fazia sentido algum para mim. Fui até o armário e comecei a procurar por fotos ou alguma evidência de algum familiar.

— Meow! – Escutei Fish resmungar.

— O que foi, gato resmungão? – Perguntei e o bichano colocou a pata sobre um envelope. – Hey, amigo, o que é isso? – Me aproximei e ele se afastou. Era envelope branco, escrito com a letra da minha mãe. "Para Evie"

Abri o envelope com cuidado.

"Minha querida Evie,

Se você está lendo esta carta é porque o pior aconteceu. Ou talvez, não tão pior assim. Não se esqueça que tudo tem um propósito nessa vida, e minha hora chegou. Infelizmente, antes do que nós duas imaginávamos. Mas, não fique triste, meu amor. Tudo irá se acertar e com o tempo, a dor que você está sentindo vai diminuir, e restarão apenas as boas lembranças."

Sentei na cama e enxuguei uma lágrima antes de continuar.

"Mas, essa carta não é apenas uma despedida. Eu me preocupo com você e sei que não temos parentes. Bom, mas, eu preciso te contar algo que nunca tive coragem de contar antes. Há dezesseis anos atrás, eu conheci um jovem muito bonito. Eu não sabia muito sobre ele, mas nos apaixonamos perdidamente. Esse homem, é o seu pai. Mas, logo que descobri que estava grávida, eu descobri que ele era um tanto... Incomum e diferente, para não dizer anormal. Na época, fiquei furiosa pela mentira que ele tinha me contado e fui embora sem contar a ele que estava grávida. Me escondi por bastante tempo, até que ele parece ter desistido de me procurar. Eu sinto muito, minha pequena Evie, por não ter lhe contado sobre ele antes. Mas eu tive medo. Medo de que você fosse atrás dele e se decepcionasse."

Respirei fundo. Minha mãe nunca tinha me falado sobre o meu pai. Não mais do que suas características físicas, ou alguma outra coisa. Ela nunca tinha dito nem o nome dele, por mais que eu insistisse ou implorasse. Ela sempre dizia que não era a hora certa para eu saber.

"Bom, seu pai não é nada comum, mas eu sei que ele pode ajudar você. Ele não é tão mau quanto pode parecer. Além disso, ele é seu pai. Sei que não lhe negaria ajuda num momento como esse. Preciso que você o procure, Evie. Não fique sozinha. Você só tem 16 anos. Sei que você é forte e inteligente, mas você ainda é muito nova. Peça ajuda a ele. E, finalmente, você é Evie Swart Laufeyson e seu pai é nada mais, nada menos que Loki Laufeyson, o deus da trapaça.

Desculpa nunca ter lhe contado antes, Evie. Eu sinto muito. Espero que você possa me perdoar um dia. Me perdoe também por te deixar em um momento tão difícil. Sei que você precisava de mim ainda. Mas, isso é algo que eu não posso controlar.

Eu te amo muito

Abraços e beijos,

De sua mãe."

Se eu não tivesse sentada na cama, eu com certeza já teria caído. Loki Laufeyson. Eu era filha de Loki Laufeyson. Minha mãe só podia ter enlouquecido. E como ela queria que eu o procurasse?

— Fish, não olhe pra mim desse jeito! – Disse para o gato, que me encarava, inexpressivo. – O que você quer que eu faça? Apareça na frente dele e diga, prazer eu sou a Evie, sua filha. Você é o responsável por mim agora! – O encarei e ele voltou a lamber seu pelo. – O que eu vou fazer agora? – Me joguei no chão. – Eu estou ferrada!

OMG! Meu Pai é um deusOnde histórias criam vida. Descubra agora