O passeio - parte I

34.7K 3.4K 3.8K
                                    

Mount Sinai Hospital, Nova York - 00:30 a.m.

O relógio marcava mais da meia-noite no hospital. Mary se virou na cama desconfortável pela milésima vez. Não conseguia pregar os olhos e tudo que desejava era ir embora para casa. Já se sentia recuperada e em seu rosto quase não haviam mais marcas da queimadura provocada pelo gelo de Evie. Quando Mary fez aquilo não poderia imaginar as consequências que teria e que ela iria parar no hospital. Porém, seu ódio a tinha cegado completamente, ao ponto de atacar alguém inocente. Ela pegou seu espelho para dar mais uma conferida. Só havia uma pequena vermelhidão na parte direita, mas nada que bons hidratantes não resolvessem.

–Ah! - Mary deu um longo suspiro. A noite parecia se arrastar para ela, que estava irritada por não conseguir dormir. Um barulho vindo da porta a fez se assustar. Uma sombra preta invadiu seu quarto vagarosamente. - Quem é você? - Perguntou ao ser que se aproximava cada vez mais de sua cama. A criatura de rosto cavernoso e vermelho não respondeu. - O que você quer? - Insistiu.

– Olá, querida! - Ele respondeu cordialmente enquanto se aproximava ainda mais da jovem. - Eu sou Jöhann! - Se apresentou. Mary conteve um grito apavorado quando viu seu rosto.

– Saia daqui! - Exigiu assustada. - Eu vou chamar a enfermeira! - Ameaçou. Jöhann riu da ameaça da menina, sabendo que uma mera enfermeira nunca seria capaz de parar alguém como ele. Mary pressionou a campainha ao lado de sua cama diversas vezes para chamar por alguém, mas nada aconteceu.

– Não tenha medo, criança. Não vou te machucar. Estou aqui para lhe ajudar. - Jöhann deu um sorriso assustador. Mary se encolheu mais ainda na cama. - Você vem comigo! - Disse por fim.

Evie

O barulho do despertador me fez dar um pulo de susto. Quando tentei desligá-lo, acabei derrubando o copo de água do criado mudo, que caiu no chão se quebrando em muitos pedaços e fazendo um grande barulho. Ótimo. Eu nem tinha levantado e já estava causando a maior confusão. Bem a minha cara mesmo. Me levantei um pouco desanimada para arrumar toda a bagunça e senti uma ponta afiada entrando na sola do meu pé. Soltei um grito estridente por causa da dor e sentei na cama no automático. Um caco de vidro tinha entrado no meu pé e ficado agarrado.

–O que houve? - Ouvi Loki gritar antes de aparecer na porta do quarto com uma cara assustada. Apenas apontei para o meu pé, que a essa altura já estava ensanguentado. - Por Odin, por Midgard, por Asgard, por todos os reinos do universo! - Exclamou.- Será que você não pode passar um dia sem aprontar alguma coisa? - Perguntou incrédulo enquanto se sentava do meu lado. Apenas neguei com a cabeça. Se isso acontecesse algum dia, não seria eu. - Deixe-me ver isso! - Disse por fim. Ele pegou meu pé e o analisou calmamente. Suas mãos eram mais geladas do que eu imaginava. - Hmm... Vou ter que arrancar seu pé!

–O QUÊ? - Gritei tentando puxar meu pé de suas mãos, o fazendo doer ainda mais.

–É brincadeira! - Ele riu da minha cara de espanto. Suspirei aliviada. - É só tirar esses negócios daqui... - Murmurou enquanto puxava o caco maior de uma vez só, sem aviso prévio. Soltei um grito agudo de dor. - Tá, tá! Humanos são tão dramáticos... - Revirou os olhos. Ele jogou o caco grande que tirou do meu pé no chão.

–Já acabou? - Perguntei por fim. Ele apenas negou com a cabeça, antes de cutucar mais ainda o meu pé para tirar outros caquinhos. - Ai! - Resmunguei. Ele bufou, impaciente.

–Não seja dramática, Evie! - Respondeu. Eu não era dramática. Ok. Às vezes eu exagerava um pouco em algumas coisas. Desde criança sempre me machucava e ia correndo para minha mãe, mesmo que fosse só um pequeno arranhão bobo.

OMG! Meu Pai é um deusOnde histórias criam vida. Descubra agora