Grim Grimoire Vol. 1 - Os Bruxos de Daalrosia

Capítulo 1

AUGUSTE

— Sigam por aqui, novatos. Por aqui! - O jovem Auguste chamava com voz e braços os primeiro-anistas que caminhavam de olhos arregalados enquanto tentavam encontrar os seus dormitórios. O líder os guiava à largos passos de uma ponta do pátio a outra, questionando a todos sobre as suas respectivas moradas e os direcionando a elas.

Todos os anos era a mesma loucura de sempre, contudo aquela era a primeira vez de Auguste liderando a entrada dos alunos. Uma pequena punição aplicada a ele por sua última festinha, onde um de seus colegas de coven acidentalmente conjurara um feitiço de crescimento em um dos arbustos da decoração, que acabou por tomar conta de quatro outros prédios inteiros como uma erva daninha sem controle. Dizem que o rapaz fazia o arbusto de vaso sanitário no momento, mas que algo no meio do caminho correu totalmente fora do planejado.

— Se na sua carta de aceitação tiver um selo em formato de espada, você pertence a Morada Gládio. Se o seu selo é uma pena de ave, Morada Solércia. Não tem segredo. - Auguste bradou mais uma vez, balançando os dois tipos de carta em suas mãos como bandeiras.

Auguste observava os novatos no meio do caos, deslumbrados e nervosos com todas aquelas novidades. Ele sentia falta daquilo. Aquele sentimento de excitação que as crianças sentem quando entram em um parque de diversões e se deparam com algo que nunca imaginaram existir, ou que se um dia imaginaram, simplesmente superaram todas as expectativas ali naquele momento.

A Universidade Daalrosia nunca parecia real o suficiente para acreditar, com sua atmosfera pulsante de magia e a sua estrutura castelar, que mais parecia ter saído direto de uma página de literatura gótica do que qualquer outra coisa. O pátio era um grande quadrado com uma fonte de água esverdeada prostrada no seu centro, com quatro caminhos desenhados em ardósia escura que ligava-os de norte a sul, de leste à oeste.

O caminho que ligava ao sul dava para o maior portal do campus, um portão de ferro gigantesco cercado de uma substância líquida e translúcida que lembrava Auguste dos filmes de Stargate. As pessoas que passavam por ele eram transportadas de volta de onde quer que tivessem vindo, assim como as pessoas que saíam de lá vinham de um dos vários outros portais espalhados pelo mundo afora. Ninguém conhecia a verdadeira localização da universidade devido à poderosa magia que protegia todo o lugar. Os portais eram uma maneira de manter alunos e professores a salvo de qualquer problema - e também para garantir que nenhuma pessoa sem magia acidentalmente tropeçasse lá dentro.

O caminho ao norte ligava para o prédio principal do campus, um esplendoroso castelo que abrangia um total de sete andares, diversas alas, dúzias de corredores e salas que pareciam infinitas. As paredes eram feitas de tijolos envelhecidos castanho-amarelados, com grossas videiras verdes que se estendiam dos canteiros de flores, circundando ao longo das estruturas de base. Haviam diversas torres com telhados terrosos, enfeitadas de grandes vitrais de cores quentes, que transformam salas de aula inteiras em tons de laranja e vermelho vivo sempre que o sol as atingia no meio da tarde.

O caminho leste rompia um pequeno portal em uma das paredes do castelo que cercava o pátio, levando quem o cruzasse à uma série de mansões em um vasto campo verde, que servia de moradia para os funcionários e alguém sortudo o suficiente para ser aceito em um coven - a versão daalrosiana e bruxa de uma fraternidade. O campo ainda residia dentro das muralhas externas dos castelos, seu alcance indo além do prédio principal, de modo que uma aldeia inteira poderia ser construída ali dentro, se necessário. Auguste sempre teve algumas idéias não ortodoxas para o que fazer com todo aquele espaço, mas nunca foi levado a sério pelos seus superiores.

Por último e não menos importante, o caminho do oeste levava para fora de outro portal e ao redor da parte de trás do prédio, onde ficavam os estábulos que residiam uma variedade de criaturas míticas e um tanto perigosas.