PARZIVAL
Fazia sentido que o escritório de registros dos alunos fosse uma das primeiras portas do imponente castelo, depois de entrar no grande salão e virar à esquerda no corredor vermelho-escuro que ia até onde os olhos podiam ver. Havia pinturas clássicas vitorianas penduradas no mogno, paredes de madeira e manequins gigantes cobertos por armaduras de cavaleiros. Pequenos armários de madeira com tampo de vidro transparente exibiam artefatos antigos que talvez seriam mais apreciados em museus históricos, enquanto lustres em miniatura pendiam a cada poucos metros para garantir que o longo corredor estivesse sempre aceso.
Inaya, Auguste e Parzival estavam em uma fila que seguia longa pelo corredor, andando para frente a cada poucos minutos, enquanto os quarto-anistas explicavam exatamente como a academia funcionava e Parzival se viu sendo capaz de prestar atenção em tudo, empurrando as imagens dos constrangimentos anteriores para os limites mais distantes de sua mente.
— Espera, você é o quê? - Parzival empurrou os óculos para cima em seu nariz, confortável em seu cardigan azul e calça preta.
— Um manipulador. Manipulação temporal, pra ser mais específico.
O termo desconcertou Parzival, que não tinha ideia de que a magia se ramificava em tantas outras variedades de categorias e subcategorias. Nos livros que lera sobre classificações e tipos de magia, haviam apenas dois grandes grupos estabelecidos. A Magia Primária, que era referente às interações do homem com a natureza, e a Magia Contrafeita, que se referia a magia em relação às criações do humanas. Por exemplo, um botanista era um mago primário, pois sua magia estava diretamente ligada às plantas, mas um bardo, que utiliza a magia através da arte carismática de contar e cantar histórias, seria um mago contrafeito por lidar com questões puramente humanas e sociais.
Pelo visto, a manipulação temporal se encontrava no mesmo bloco das magias contrafeitas, já que o tempo era um conceito que os humanos inventaram. Ou poderia ser algo relacionado a forma como o planeta Terra e o universo ditam as noções que entendemos de tempo, portanto uma magia primária?
Parzival franziu as sobrancelhas, desistindo. Ele precisava urgentemente passar um tempo na biblioteca.
— Mas você ainda pode fazer todo o resto, não pode? - Parzival perguntou, questionando-se exatamente até onde ia a classificação mágica de Auguste.
— Claro. Eu posso começar uma fogueira, encontrar minhas chaves, fazer um lápis flutuar, mas sempre serei capaz de segurar feitiços de manipulação de tempo por muito mais tempo. Não é como se eu pudesse voltar no tempo ou algo assim, mas eu posso atrasar os objetos dentro de um campo limitado. - Auguste virou-se com um sorriso rapidamente se formando nos lábios. —Eu dei alguns orgasmos bastante duradouros para algumas garotas antes. Elas me agradecem até hoje.
— Auguste! - Inaya o alertou, tapando os ouvidos de Parzival com as mãos.
— O quê?
— Agora não é hora.
— Hora do quê?
— O pequeno Parzi não precisa saber dessas suas aventuras.
— Eu preciso sim!
— Parzival! - Inaya se surpreendeu arregalando os olhos, enquanto Auguste e Parzival riam alto do seu espanto. — Sinceramente, vocês garotos.
Parzival nunca tinha realmente pensado em sexo antes. Não de um jeito prático, pelo menos. Não havia uma garota ou um cara em sua escola que pudesse afastá-lo de seus livros por tempo suficiente para que alguma coisa se formasse - e ninguém realmente se interessou por ele também. Se ele acabasse sendo gay, então isso seria ótimo, assim como ser hétero ou qualquer coisa entre duas pessoas também seria bom para ele. Não importava naquele momento, porque ele nunca havia parado para saber como agiria em certas situações. Claro que, havia algumas noites em que Parzival se escondia entre os lençóis e aliviava o peso da pressão entre suas coxas, porém ele sempre o fazia sem nenhum pensamento ou corpo particular cruzando o seu cérebro. Era nada mais, nada menos do que um alívio de tensão.
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Grim Grimoire Vol. 1 - Os Bruxos de Daalrosia
FantasiaQuando o destino se desenha num passe de mágica. A tradicional família Hunter-Kelly já havia traçado todo o futuro de seu herdeiro mais novo, Parzival. Quando fizesse dezoito anos, estudaria política em uma universidade de renome no estrangeiro e se...