Um café da manhã com Dra. Hastings

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Jenna Kahn havia falecido na noite de 15 para 16 de setembro, uma quinta-feira. Mandaram buscar o corpo às 8 horas da manhã da sexta-feira, 16. Não havia nada mais a ser feito. Ela estava morta fazia algumas horas.

Pouco depois das 9 horas eu já estava em casa novamente. Abri a porta da frente com a chave estava sempre no meu bolso e parei por alguns instantes no hall de entrada enquanto pendurava o leve sobretudo Chanel que eu havia levado como precaução contra o frio do início de uma manhã de outono. Para ser sincera, estava bastante preocupada. Não vou dizer que naquele momento eu previa os eventos das próximas semanas. Eu obviamente não previ. Porém algo me dizia que momentos agitados estavam por vir. Da cozinha veio o som das xícaras de chá e uma tosse curta da minha irmã Melissa.

— É você, Spencer? — ela perguntou.

Uma pergunta desnecessária, pois quem mais poderia ser? Para dizer a verdade, minha irmã Melissa era a razão da minha preocupação. O lema da vida é: "Vá e descubra". Pode-se descartar a segunda parte do lema. Melissa pode descobrir muita coisa apenas permanecendo tranquilamente sentada em casa. Não sei como ela faz isso, mas ela faz. Minha suspeita é que os empregados formem seu "Serviço Secreto". Quando ela sai, não é para coletar informação, mas para distribuí-la. Nisso, também, ela é extraordinariamente esperta.

Era justamente essa última característica que me causava essa medo e indecisão. O que eu dissesse a Melissa nesse momento com relação à causa da morte de Jenna se tornaria de conhecimento público por toda a cidade em questão de segundos. Como médica, eu naturalmente prezo a discrição. Assim, desenvolvi o hábito de sempre ocultar informação de minha irmã o máximo possível. De qualquer modo ela acaba descobrindo, porém tenho a consciência limpa por não ser responsável por isso.

O marido de Jenna havia morrido há cerca de um ano e Melissa afirmado, sem base alguma, que sua mulher o havia envenenado.

Ela ri da minha firme resposta de que Noel Kahn morrera de cirrose, por conta seu vicio em álcool. Os sintomas de cirrose e envenenamento não são totalmente diferentes, mas Melissa baseia sua acusação em coisas bem diferentes.

— É só olhar para ela — eu a ouvi comentar.

Enquanto hesitava de pé no corredor de entrada, com tudo isso passando em minha mente, a voz de Melissa se fez ouvir novamente em um tom mais agudo.

— Spencer, o que você está fazendo aí? Por que não entra e toma logo o seu café da manhã?

— Já estou indo, Melissa — me apressei em responder. — Estava pendurando meu sobretudo.

— Você já poderia ter pendurado a coleção inteira de outono da Chanel.

Ela estava certa. Eu poderia mesmo.

Entrei na sala de jantar e me sentei diante de ovos e bacon. O bacon estava no ponto certo.

— Você teve um chamado cedo — observou Melissa.

— Sim — eu disse. — Aqui mesmo de Rosewood. Jenna Kahn.

— Eu sei — disse minha irmã.

— Como você sabia?

— Marie me contou.

Marie é a empregada. Uma boa garota, mas uma fofoqueira perigosa.

Houve uma pausa. Continuei a comer os ovos com bacon. Minha irmã estava inquieta, o que sempre acontece quando ela está interessada ou animada com alguma coisa.

— Então? — ela perguntou.

— Um caso muito ruim. Nada a ser feito. Deve ter morrido durante o sono.

Pretty Little Liars: It Happened That NightOnde histórias criam vida. Descubra agora