Moonlight

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Moonlight



Coreia do Sul, 31 de março de 1886





O sol estava em seu declínio. Os raios levemente alaranjados já nem mais podiam ser vistos em contorno. Estrelas já tomavam conta de toda a amplitude. Uma leve bruma cobria o céu, deixando o luar com uma ar misterioso e incerto. Mas não era isso que deixaria essa noite de plenilúnio tão pouco especial.

Como de costume, os lupinos voltaram para suas residências assim que o entardecer chegou. Eram poucos os audaciosos que andavam pelas noites escuras do reino. Era perigoso! Aberrações – como costumavam chamar – andavam pelas veredas e praças da aldeia. Muitos lupinos sumiam e jamais eram vistos novamente.

Contudo, era um dia de extrema importância. Os lupinos não se encontravam em suas residências, prontos para dormir e assim se passar mais um dia de trabalho exaustivo. Era o oposto disso. As ruas e praças se encontravam enfeitadas com tudo o que tipo de artesanato feitos pelos melhores artesãos do reino; uma música melodiosa podia ser ouvida ao fundo de risadas e muita dança, todos estavam se divertindo, afinal era noite de lua cheia. Uma noite especial para os lupinos. Era o único dia no mês em que não tinham que empenhar-se para suprir necessidades da realeza, uma única noite de liberdade. 

Os lupinos estavam usando seus melhores vestes para o luar daquela noite, ternos e vestidos de muitas cores se misturavam, formando imensas gamas de cores. A lua cheia, era o momento em que ômegas ficavam férteis facilmente, tornando seu cheiro mais atraente para alfas, já esses ganham uma áurea aluar, saindo completamente de órbita.

A festa da corte aconteceria a poucas horas, quando a lua se posicionava no alto do castelo. O deixando mais estonteante, apesar de sua estrutura de pedra; o castelo não deixava de ter uma arquitetura suntuosa. Os nobres chamavam essa áurea de cortesã.

A festa ocorreria no jardim do castelo, ao fim da noite, início do alvorecer. O único barulho que se dava para ouvir era dos sapatos das criadas andando por toda a galeria. Elas corriam contra o tempo buscando tudo que fosse necessário para que decoração ficasse impecável. No jardim haviam tentas improvisadas com seda cobrindo a enorme mesa de jantar, aonde daqui a pouco ocorreria o banquete; castiçais com enormes buquês de narciso a sua volta enfeitavam a mesa onde sentaria apenas os mais chegados do rei. O vento estava muito forte naquela noite, tanto que as velas mal conseguiam se manter acesas deixando o local escuro.

Si-Won estava no quarto feito especialmente para si; era um quarto amplo e deslumbrante. O quarto era todo pintado de cores fortes e detalhes rústicos. A cama de casal no centro possuía ricos detalhes em ouro, juntamente com a seda vermelha que cobria a toda a cama, dando-a um ar mais pomposo. Estava em frente ao grande espelho, inerte, para que o alfaiate fizesse os últimos ajustes em seu terno cerimonial. Apesar de que o terno ter sido feito especialmente para seu casamento com o príncipe Park, não deixaria de usá-lo essa noite. A fuga do príncipe não passou despercebida pelos guardas; ao questiona-los responderam que houve uma invasão no castelo, e que a infantaria foi completamente atordoada e que dois prisioneiros foram levados. Isso acabou com o dia do alfa, que acabou ficando irritado com a incompetência dos soldados reais. Sabia exatamente quem havia invadido seu castelo, e não deixaria barato.

Infelizmente, quando saíram a procura do ômega e do outro prisioneiro, perceberam que ambos haviam fugido para a floresta e que já estavam próximo a barreira de proteção, o que tornaria a passagem da infantaria impossível. Os soldados reais não ousariam passar pela ponte que ligava as duas margens, pois para eles aquelas superstições bobas eram verdadeiras e que o príncipe estaria morto em breve. Não havia nada que pudesse ser feito.

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