Cotidiano do Desânimo

4 0 0
                                    

Acompanhando ano após ano, vida após vida,
renascimento após nascimento.
Resultado constante de minhas atitudes precisas,
calculadas e retidas em pensamentos projetados.

Não há uma ordem fixa, algo que faz sentido
ou método de organização excessiva.
É a falta de técnica? Um desamparo nas palavras,
aparado n'uma queda contínua.

Os olhares que transpassam a parede sólida de meu corpo
unem-se ao tédio e desgosto.
Pinturas são feitas todos os dias nesta pele amarelada:
ninguém enxerga as cores,
os tons,
as combinações que faço.
Não são somente adereços que enfeitam meu caos,
são detalhes precisos de meu questionável ser não-existencial.

Cheio de intenções que dançam em meus ossos osteoporóticos,
definho rumo ao lago
em que meu melhor amigo afogou-se.
Nostalgia não basta como alucinógeno diário,
a sobriedade achega-se no cotidiano.
Revela, inquieta, todo o meu eterno desânimo.

PonderaOnde histórias criam vida. Descubra agora