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Só soube que era solitário quando achei um amigo. Não que Dean e eu fôssemos igualzinhos. Nunca conheci quem curtia correr tanto quanto eu gostava de me sentar sem fazer nada.

Minhas defesas baixaram e eu nunca proclamei isso, mas era muito bom. Weasel largou do meu pé e eu não sonhava mais em ser expulso. Apesar das minhas boas intenções, comecei a me encaixar.

-Tudo pronto? -disse me sentando ao lado de Dean na escada do lado de fora da escola.

-Tudo. O que aconteceu? -disse ele apontando para o bolso da minha camisa.

-Rasgaram meu bolso. -disse olhando para o lugar que antes costumava ter um bolso.

-De novo? Quantas vezes desde setembro?

-Tres...não, quatro. Pois é. E você?

-Nunca rasgaram o meu.

-Nunca? -disse indignado.

-Nunca rasgaram meu bolso.

-Não é justo. -ele riu. -Isto é para você. -disse entregando uma bolsa a ele.

-O que é?

-Presente de aniversário.

-Serio?

-Sim. Eu não ia comprar nada, mas minha madrasta do mal disse que, como dividimos um quarto e tal, eu devia... É uma gaita de boca.

-Valeu, Cass. -disse sorrindo.

-Tenho mais um presente. Sim. -disse pegando no bolso de sua camisa.

-Não teria coragem. -disse ele duvidando de mim.

-Será que não?

-Cass...

-Feliz aniversário. -disse e rasguei o bolso de sua camisa e voltei para a escola.

-Canalha. -disse Dean rindo.

                               ***

O Sr. Moriarty começou a trabalhar conosco em equipe. E todos nós o adorávamos por isso. Mesmo assim, quando um espetáculo foi anunciado na escola de garotas ninguém levantou a mão.

Mas Moriarty nos ouviu arranhando aqueles violões velhos e disse... Não, ele insistiu que Dean e eu deveríamos tocar uma música.

-Eai, garotos. Como vai? -disse Moriarty ao entrar no quarto em que eu havia levado Dean uma vez e que acabou virando o nosso cantinho para praticar.

-Extremamente ruim.

-Medonho, obrigado.

-E por quê? -indagou Moriarty.

-Não somos exatamente violonistas de flamenco, então não poder ser algo instrumental. Temos de tocar uma com letra, mas nenhum de nós quer ser o cantor. -disse.

-Eu não vou cantar.

-Nem eu.

-E por que não os dois? -indagou Moriarty.

-Tipo Simon & Garfunkel?

-Sim, tipo Simon & Garfunkel.

-Acho que não.

-Não é legal o bastante para você, Castiel?

-Sinceramente, não muito.

-Bem, meu jovem, você precisa aprender o que é muito mais importante do que o legal. -disse Moriarty colocando um vinil para tocar. -E isto é... o belo.

Ele colocou Think for a minute da The Housemartins e começou a dançar, apreciando a melodia.

Handsome DevilOnde histórias criam vida. Descubra agora