Fui diagnosticado com Síndrome do Pânico e agora?

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O diagnóstico de Síndrome do Pânico no Brasil não é algo fácil, muito pelo contrário, é uma jornada árdua e dolorosa. Nosso sistema de Saúde não está preparado para lidar ou respeitar o tempo necessário de uma consulta para que o paciente tenha total liberdade de dizer o que sente, e assim, o médico poder avaliar com maior nitidez o estado daquela pessoa.

O sistema público de Saúde e o sistema privado trabalham com o mesmo conceito, a agilidade no atendimento e a produtividade em consultas e exames. A humanização no atendimento médico ainda deixa a desejar.

Quando se tem um sistema que não prima pela humanização, diminuímos a probabilidade de se ter diagnósticos precisos em casos psiquiátricos. As doenças psiquiátricas são em sua maioria diagnosticada quando o profissional de saúde se dedica a "clinicar", ouvir com atenção a todos os sintomas que o paciente lhe apresenta.

Muitos dos que leem este livro podem testemunhar o sofrimento que se tem até conseguir um diagnóstico preciso e começar um tratamento eficaz. E a doença é democrática, não escolhe classe social, cor, idade, etnia e nem mesmo religião, por isso os evangélicos estão cada vez mais sofrendo com esta doença.

Os sintomas da Síndrome do Pânico quase nunca dão indício de que possa ser uma doença psiquiátrica, mas em sua maioria, os sintomas fazem com que a pessoa imagine que esteja sofrendo algum tipo de doença cardíaca ou AVC.

A crise de ansiedade é o fator mais comum no início da Síndrome do Pânico. Eu costumo dizer que é o estopim para um "reset" do cérebro. A causa nem sempre é a que imaginamos, na verdade, a causa pode ser uma soma de coisas que vivenciamos, geralmente uma carga rotineira de stress vai se acumulando por um período, até que um dia o cérebro não suporta e desencadeia numa crise de ansiedade. Por isso, os profissionais denominam a doença como psicossomática: a soma de coisas em nosso psicológico.

Ter uma crise de ansiedade jamais será encarado apenas como uma crise, quem passa sempre imaginará o pior, a chegada da morte é o mais comum. Tudo começa com uma sensação de "premonição" , parece que algo de muito ruim vai acontecer. As mãos se esfriam, começam a suar e formigar, e por conta do formigamento, a pessoa faz uma breve conclusão que se trata de um ataque cardíaco. O corpo reage com o coração acelerando ao ponto de senti-lo fora do peito, é nesse momento que a pessoa entra em desespero, a sensação é que há qualquer momento ela terá um mal súbito. É um desespero terrível.

Com as sensações a flor da pele, a pessoa corre para uma emergência hospitalar. A reclamação é quase sempre a mesma: "estou tendo um infarto ou um AVC". Os enfermeiros aferem a pressão arterial, há alguma alteração, mas na dúvida o médico solicita um cardiograma. Após o exame, o doutor identifica que não há nada que indique algo grave, e sugere que a crise tenha vindo de um pico de stress, e geralmente prescreve um Diazepam na veia.

Para quem já teve uma Crise de Ansiedade grave, sabe como é a sensação que se tem após o ocorrido. Geralmente as pessoas procuram o hospital durante a noite, passam por todo processo acima relatado e voltam medicados para casa. A noite é uma sensação terrível, como se houvesse tomado uma surra. Os olhos se fecham e quando o sono começa a aprofundar o corpo desperta como num súbito, é uma noite em que a pessoa não consegue relaxar, ela está em alerta e assustada.

No outro dia, a sensação é de extremo cansaço, misturado com o efeito da medicação no corpo e a sensação de medo que hora ou outra vem na mente. Geralmente o humor vai diminuindo com o passar das horas, e a segunda crise é inevitável. O medo de se ter outra crise acaba levando essa pessoa a entrar em crise, e dessa vez muito mais avassaladora. Então o ciclo se repete, emergência, aferir pressão, eletrocardiograma, Diazepam e cama. Crise novamente!

Este ciclo muitas vezes se repete por semanas, até que um médico tenha a sensibilidade de identificar um princípio de uma doença psiquiátrica e encaminhar o paciente para um psiquiatra ou psicólogo. 

Sou evangélico e tenho Síndrome do Pânico, o que faço?Onde histórias criam vida. Descubra agora