Viagem em família - Parte 2

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Eles seguiram a trilha por mais algumas horas, pulando a hora do almoço, pois o pós-café-da-manhã foi bem reforçado, e, como se Deus atendesse suas preces, ao finzinho da tarde, eles finalmente chegaram à cidade. As construções eram robustas, feitas de madeira e rochas, algumas fundamentadas sobre pedras gigantescas. Os telhados em sua maioria eram de palha, mas pareciam ser apenas detalhes de decoração, pois parecia haver uma camada de madeira embaixo da palha – talvez algo para manter as casas quentes durante o inverno.

Um simpático senhor que passava por lá os cumprimentou.

- Boa tarde – Disse o homem.

- Boa tarde – Disse Leonard, pondo-se à frente de todos.

- Estou vendo que são recém-chegados. São comerciantes? – Disse o velho, olhando para a carga que Antônio levava.

- Não exatamente. Nossa vila tem tido muitos problemas e viemos tentar a sorte aqui, na cidade. Temos algumas mercadorias para trocar, então se puder fazer a gentiliza de nos indicar um bom lugar, ficaríamos muito gratos.

O homem sorriu.

- Há uma hospedaria perto da praça da cidade. O Ganso Adormecido. Vocês podem se hospedar lá para passar a noite e expor suas mercadorias para venda na feira amanhã cedo. O comércio aqui é livre. Bom, desde que não seja de venda de armas.

- Só temos alguns tecidos e peças de artesanato, então não será problema. Muito obrigado, amigo.

Eles apertaram as mãos e partiram. Leonard e sua família chegaram ao Ganso Adormecido, admirando a imagem entalhada de um ganso na placa de entrada. Leonard conversou com o atendente da estalagem e alugou um quarto grande para a família. Antônio foi levado até um estábulo, e as mercadorias que ele levava ficaram no quarto com a família. Leonard estava limpando suas peças para que ficassem mais chamativas para a venda do dia seguinte, e Maria separava os melhores tecidos.

- Acha que vamos vender tudo amanhã, mamãe? – Perguntou Lucinda, enquanto corria de um lado para outro, fazendo o tecido que segurava esvoaçar pelo ar.

- Me dê isso, sua pestinha – Disse Maria, brincalhona. – Eu não acho que vamos vender tudo em um dia, querida, mas espero conseguirmos o bastante para nos mantermos aqui.

- E quando vamos voltar para casa? – A menina indagou.

A mãe se entristeceu e se manteve calada.

- Nunca vamos mais voltar para casa – Disse Lucas, seriamente, para a irmã.

- LUCAS! – Repreendeu o pai.

- Mas é verdade! Os cavaleiros tomaram tudo da gente por causa daquela porcaria de guerra – O garoto estava irritado. – É melhor você se acostumar, Lucinda, porque nunca mais vamos ver a nossa casa nem nenhum de nossos amigos de novo.

- Não diga isso! – Gritou a menina. – É claro que vamos voltar! E quando voltarmos, vamos trazer o Bernardo de volta.

- O Bernardo não vai voltar, Lucinda. Aceite isso, ele morreu!

A menina encheu os olhos de lágrimas e abraçou a mãe. Leonard ficou furioso com o filho e o repreendeu. Jennifer não queria mais ver a cena e saiu para caminhar um pouco. Do lado de fora da hospedaria era possível ver a praça da cidade, e ela foi até lá, sentando-se na mureta de uma fonte. A construção era delicadamente bem-feita, sem grandes rachaduras ou falhas: uma mureta circular cercando uma estátua de um busto feminino sentado sobre os joelhos, com seus cabelos rochosos cobrindo parte de seu rosto.

A Serva de CharlotteOnde histórias criam vida. Descubra agora