Paraíso das Crianças

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- Vocês não vão com a gente! Disse Ira irritando-se com o conglomerado de crianças que seguiam o grupo.

- Nós iremos sim! Disse uma garotinha de cabelos longos e escuros como a noite segurando uma faca serrilhada.

- Vocês disseram que iam contratar um mago para resolver, eu sou uma maga e irei resolver. Já estão me devendo. Disse Ira.

- Eles roubaram nossas economias. Disse Hakon envergonhado.

Emma no mesmo instante virou-se e sacou as duas facas que todos já sabiam os nomes, Afiada e Furadora. Girou uma das facas no ar e a outra girou entre os dedos. 

- Se quiserem ir ao lago e morrerem, tudo bem. Vocês tem 3 segundos para devolverem o nosso dinheiro, ou irei arrancar o dedão de todos vocês com a Afiada. Disse Emma andando na direção das crianças.

- Está aqui, tia ! Um garoto careca carregando um porrete enorme.

- Tia ?! VOCÊ OUSA ME CHAMAR DE TIA! Berrou Emma descontrolando-se.

- Calma Emma! Calma! Disse Hakon andando em direção a irmã.

- Você ousa dirigir a palavra a mim, querido irmão? Emma agora falava com calma, mas cada palavra exalava perigo.

- Emma! Não esqueça porque estamos aqui. Disse Ira mais a frente, fazendo com que Emma recobrasse o juízo. 

Assim que Emma pegou a bolsa de moedas, girou as facas mais uma vez e as guardou na lateral da calça. Ira ia a frente, algo a estava incomodando, o caminho do lago dava algumas sensações de torpor. Certas vezes acabava olhando para frente e não conseguia focar em mais nada, era necessário as vezes bater no próprio rosto e ninguém mais apresentava tal problema. Conforme andavam em direção ao lago, o número de casas ia diminuindo drasticamente.

- Não é normal ter mais gente morando perto de lagos e cachoeiras? Perguntou Ira.

- Sim, também reparei isso. Respondeu Hakon com semblante abatido.

- Antes do espírito aparecer, o lago sempre foi rodeado de histórias de afogamento e criaturas que comem pessoas. Eles evitam. Disse o garoto de cabelo espetado.

- Afinal, qual o seu nome? Perguntou Hakon, percebendo que o garoto era o mais velho dos filhos do vento.

- Meu nome é Greg. 

- Greg? Legal, já tive amigos com esse nome. Respondeu Ira virando para trás.

- Como eram os nomes das pessoas de onde você  vem? Questionou Emma.

- Hmmm, minha melhor amiga se chama Nina, meu melhor amigo se chama André, tinha o Matheus, o Daniel, Alexandre. Respondeu Ira pensativa.

- Nossa, muito diferente, eram nomes comuns? Perguntou com interesse, Greg.

- Sim, são nomes comuns. O meu que era diferente.

- Diferente até aqui, Ira que eu saiba é sentimento. Respondeu Emma sorrindo.

- Então acho bom não aflorar esse sentimento em mim, você sabe que eu posso até desmaiar, mas todos viram churrasquinho em 2,8 segundos. Respondeu Ira causando risadas entre as crianças que apenas escutavam.

O caminho até o lago era declinado, quanto mais andavam, mais fundo parecia ser. Depois de um conjunto de árvores em uma parte curva, Ira pôde ver o lago, era quase impossível enxergar a margem contrária, o lago era gigantesco. Quando todos finalmente chegaram perto da margem, Ira esfregou os braços, com o tempo de caminhada o dia finalmente escureceu e a temperatura baixou significativamente.

Ira Stonewall  - A Herança de MadriacOnde histórias criam vida. Descubra agora