No livro Horizontes Invisíveis, coletânea de mistérios do mar, Vicente Gaddis, num capítulo especial dedicado ao Triângulo das Bermudas ("O Triângulo da Morte") conta que pouco tempo depois de publicar seu artigo original sobre o Triângulo em 1964, trabalho que aparentemente lhe deu maior notoriedade, recebeu uma carta de um ex-piloto chamado Dick Stern com uma informação surpreendente. Stern escreveu que pelo final de 1944 ele tomara parte em um vôo que se destinava à Itália. A esquadrilha consistia num grupo de sete bombardeiros e, a cerca de trezentas milhas das Bermudas, seu avião sofreu de repente uma turbulência tão inesperada e violenta que ele foi obrigado a voltar aos Estados Unidos. Quando este fato ocorreu, o tempo estava claro e as estrelas eram visíveis, mas a turbulência virou a aeronave de borco e a inclinou tão violentamente que a tripulação viu-se atirada de encontro ao teto. O avião foi perdendo altitude até um ponto em que foi quase forçado a mergulhar no mar. Quando voltou à base, Stern ficou sabendo que apenas um avião retornara — eram sete — e que não houvera nenhum contato pelo rádio com os outros. Nenhum sobrevivente foi achado ou algum destroço localizado. Este incidente, que aconteceu um ano antes da perda do Vôo 19, também em dezembro, não foi considerado uma perda incomum, já que ocorreu em tempo de guerra e não lhe foi dada nenhuma publicidade. Alguns anos depois da guerra, Stern e sua esposa estavam voando durante o dia, de Bermuda para Nassau, num Bristol Britannia quando um fato semelhante aconteceu. Numa coincidência curiosa, a Sra. Stern estava, naquele exato momento, falando a respeito do incidente anterior. Neste momento, repentinamente, o avião caiu num vácuo, jogando a comida dos passageiros no teto, sacolejando violentamente. Ele continuou a balançar e a subir e descer durante um bom quarto de hora. Este fenômeno talvez seja um exemplo de "turbulência de bom tempo", que, se muito forte ou prolongada, pode até causar a desintegração de aviões que se espalham em pedaços ao cair no mar. De qualquer forma, Dick Stern tem o mérito de ter encontrado a mesma força inesperada e ameaçadora por duas vezes, e quase na mesma localização dentro do Triângulo — e de ter vivido para contar o que viu. Joe Talley, mestre de um barco de pesca, o Wild Goose, experimentou algo diferente, mas que pelo menos no seu caso não chegou a ser fatal. Não foi com um avião, mas com seu próprio barco, que seguia a reboque de um outro, em mar aberto. O cenário desta experiência foi a Língua do Oceano, uma área extremamente profunda dentro do grupo das Bahamas, mas que não faz parte do arquipélago das Bahamas. Ali, numa região relativamente pequena, a profundidade é de milhares de metros; a queda é vertical diretamente a leste da ilha de Andros e no local já ocorreram muitos desaparecimentos. O barco do Capitão Talley era de pesca de tubarão de 65 pés de comprimento e estava sendo rebocado ao sul da Língua do Oceano pelo Caicos Trader, de 104 pés. O tempo estava bom, com os alíseos de sudoeste soprando forte. As duas embarcações se aproximavam da parte sul da Língua do Oceano, onde este desfiladeiro submarino emerge numa fossa em forma de cratera, cujo diâmetro tem 40 milhas. Recife e a cadeia de Exuma a leste, protegem a Língua do Oceano, neste trecho, de um mar excessivamente forte que pudesse se formar devido aos alíseos de sudeste. Era noite e o Capitão Talley estava dormindo em seu beliche
abaixo do convés. Mas acordou abruptamente por um jato d'agua caindo sobre seu corpo. Automaticamente, agarrou um colete salva-vidas e lutou desesperadamente para escapar pela gaiúta. Ao conseguir sair, percebeu que estava por baixo d'agua. Mas encontrou um cabo e seguiu-o até a superfície, numa distância que calculou ser de vinte e cinco metros. Aparentemente ele ficara submerso a uns doze ou quinze metros quando escapou da cabina. Quando chegou ao fim do cabo, e à superfície, Talley descobriu que o Caicos Trader continuara seu caminho sem ele. O que aconteceu foi que a força repentina que puxava o Wild Goose para o fundo ameaçava virar o Caicos Trader por causa do cabo do reboque. Seus tripulantes, então, cortaram as amarras, abandonaram a área imediatamente e depois deram uma volta para ver se por algum milagre Talley conseguira escapar da cabina de sua embarcação enquanto era arrastada para o fundo. A tripulação do barco que o rebocava vira o Wild Goose ir direto para o fundo "como se estivesse dentro de um redemoinho". Cerca de meia hora depois, Talley, já quase se afogando, foi surpreendido ao ouvir seu nome chamado através de um megafone do Caicos Trader que estava de volta. Conseguiu gritar em resposta e foi finalmente salvo. Como a maioria dos comandantes de barcos na região estão familiarizados com as muitas e inexplicáveis perdas de embarcações muitas vezes acompanhadas de mau funcionamento das bússolas e do rádio, foi realizado um inquérito para se certificarem do comportamento da bússola durante o incidente. Ficou provado, entretanto, que o timoneiro havia estabelecido o rumo e deixara a roda de leme durante o incidente, e desta forma não havia meios de saber se ocorrera um defeito mecânico naquele instante. Outros barcos já perderam seus rebocadores naquela área, muitas vezes perdendo igualmente a tripulação, ao contrário do Capitão Talley, que sobreviveu para contar sua experiência. Em alguns casos dizem que uma espécie de neblina cobriu a segunda embarcação e parece que houve um defeito de funcionamento das bússolas e do equipamento elétrico do primeiro barco. Fica-se imaginando porque existem relatórios de barcos que traziam reboques, a respeito destas forças e nunca de barcos sozinhos. Talvez seja porque os barcos que estão sozinhos simplesmente desaparecem — sem testemunhas — enquanto rebocadores estão sempre muito perto — no final de um cabo — para observarem o que está acontecendo. A experiência do Capitão Don Henry, em 1966, nos dá uma idéia literal de um "cabo de guerra" entre um rebocador e uma força desconhecida que tentava, consciente ou inconscientemente, capturar uma barcaça. O Capitão Henry é o proprietário de uma companhia de salvamentos em Miami chamada Sea Phatom Exploration Company, e ele tem muitos anos de experiência como capitão de navios, navegador e tanto de escafandrista, como de mergulhador livre. Ele tem cerca de cinqüenta e cinco anos de idade, é forte, com um tronco e braços mus-culosos, que denunciam o bom mergulhador. Dá a impressão de ser extremamente resistente e musculoso e — para um homem de seu tamanho — movimenta-se com uma rapidez e uma ligeireza surpreendentes. Para exemplificarmos, quando ele dá um murro com a mão fechada sobre a palma aberta de sua outra mão, ou faz algum outro gesto ilustrativo, fica-se com a impressão de que não deve ser nada agradável se achar na mira daquela mão. Seus olhos, acostumados a observarem o mar, são francos e penetrantes. A convicção de suas palavras e sua riqueza de detalhes fazem do Capitão Henry uma pessoa capaz de contar com suas próprias palavras o incidente da
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O triângulo das bermudas
AcciónAo mar e seus mistérios cujas revelações talvez nos façam saber mais a respeito de nós mesmos...